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Aditivos para coloração da gema dos ovos - por Cristiane Sanfelice

Cristiane Sanfelice é Zootecnista e Doutora em Produção Animal, Especialista em Nutrição de Aves Vaccinar

Cristiane Sanfelice é Zootecnista e Doutora em Produção Animal, Especialista em Nutrição de Aves VaccinarA produção de ovos cresce a cada ano no Brasil, atingindo em 2016 recorde histórico de produção. O ovo é um alimento completo, rico em vitaminas, minerais, aminoácidos e ácidos graxos, saudável e com baixo preço no mercado. Apesar dos mitos criados, seu consumo interno se eleva a cada ano.

A coloração da gema é muito importante para os consumidores, os quais, cada vez mais exigentes e preocupados com o consumo de alimentos naturais, preferem ovos com a cor da gema amarelo-alaranjado, o que remete a um produto natural e saudável como os ovos caipiras. Por essa razão, a coloração da gema é um requisito importante na escolha e preferência do consumidor.

Alimentos como milho, pimentão e beterraba são ricos em xantofilas (conjunto de carotenoides). Esses pigmentos carotenoides, quando presentes nos alimentos que a ave irá consumir, propiciam cor à gema. Portanto, o que determina a coloração da gema dos ovos é o tipo de alimento que a ave consome.

O milho como a base da ração das poedeiras contém esses pigmentos, entretanto, muitas vezes, é substituído, parcialmente ou na totalidade, por outros alimentos, tais como sorgo, farelo de arroz, milheto, procedimento que compromete a cor da gema. Isso ocorre também quando o milho apresenta baixa qualidade ou elevado tempo de armazenamento. Em outras palavras, esses alimentos pobres em carotenoides resultam em gema de coloração pálida. Nesse caso, em que ocorre a substituição, o uso de aditivos pigmentantes é fundamental para proporcionar cor a gema. 

Os corantes utilizados nos alimentos podem ser naturais como a bixina e norbixina (presentes na semente de urucum), capsantina (extraída do pimentão) ou corantes artificiais/sintéticos como a cantaxantina, citraxantina e beta apo-8-carotenal. Comprovadamente, o uso de ambas fontes de corantes proporciona alteração ou manutenção da cor da gema, sem afetar o desempenho. Pesquisas demonstram que de 60 ppm de cantaxantina, 10% determinam melhor coloração às gemas.

O uso de corantes naturais como bixina apresenta elevado potencial devido ao aumento da proibição dos aditivos artificiais. Entretanto, as xantofilas naturais não são estáveis, por isso cuidados na sua extração e estocagem são fundamentais para determinar se o produto será efetivo sobre a coloração das gemas ou não.

A efetividade do urucum, por exemplo, varia em função dos níveis e da forma utilizada, ou seja, o produto pode ser usado na forma de extrato oleoso, semente integral moída ou resíduo da semente de urucum. No caso do uso da semente integral moída, estudos confirmam que de 1,5 a 3% de inclusão na ração é o bastante para mudança significativa na coloração da gema.

Pesquisas relatam de 0,15 a 0,20% de extrato oleoso de urucum na ração foi suficiente para manter ou aumentar a cor da gema quando as aves receberam ração com sorgo.  Para o resíduo da semente de urucum, subproduto da indústria alimentícia, os resultados são controversos e uma maior inclusão é recomendada acima de 10% pois, por ser um subproduto, apresenta baixa porcentagem dos pigmentos.

 O uso de aditivos pigmentantes permite melhora na coloração das gemas em dietas deficientes em pigmentos carotenoides. A determinação pelo uso do corante natural ou artificial deve levar em consideração a qualidade, disponibilidade, nível de inclusão e custo, visto que ambas as fontes apresentam resultados positivos na coloração das gemas.