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Agricultura de precisão de 4ª geração revoluciona o campo

Innovatis e ClimaTempo assinam acordo para lançar tecnologia baseada na previsão do tempo e detalhar a ocorrência futura do orvalho e da temperatura para "prever" a infecção de doenças nas lavouras agrícolas

Agricultura de precisão de 4ª geração revoluciona o campo

Mudanças climáticas, crise econômica, queda na rentabilidade e uso excessivo de agroquímicos. A junção desses fatores representa na atualidade uma forte ameaça para o setor do agronegócio. Entretanto, para alguns empresários que atuam no setor,  o mesmo cenário significa a oportunidade de revolucionar o meio rural na direção de uma agricultura mais sustentável e rentável para o produtor tanto para os grandes latifundiários quanto para a agricultura familiar. Por meio de tecnologia financiada pela Finep (financiadora de estudos para a elaboração de projetos e programas de desenvolvimento econômico e aperfeiçoamento tecnológico) através de subvenção econômica, duas empresas brasileiras acabam de fechar parceria para viabilizar o lançamento de uma ferramenta que irá auxiliar o produtor a racionalizar o uso de agroquímicos e reduzir o custo de produção.

O projeto piloto foi implementado na safra de 2013/2014 em lavouras de soja no Triângulo Mineiro e em Mato Grosso. Pôde se comprovar que a inovação tecnológica permitirá ao produtor entender melhor se as condições climáticas futuras serão favoráveis à infecção de doenças. Isso significa uma nova era para o agricultor. As empresas prevêem que produto fruto dessa parceria estará pronta para atuar no segundo semestre em qualquer região do país.

Entre 2010 e 2013, Innovatis e Climatempo trabalharam no desenvolvimento de uma plataforma de inovação tecnológica que associa algoritmos matemáticos de previsão do tempo e determinação da favorabilidade climática para a ocorrência da ferrugem asiática da soja. Apesar do conceito parecer simples, a tecnologia envolve complexos cálculos matemáticos, georeferenciamento e muito conhecimento científico para prever a ocorrência futura do molhamento foliar e a temperatura para determinar os riscos futuros para a infecção dos fungos nas lavouras.

Com o financiamento da Finep, o consórcio entre Innovatis e Climatempo viabilizou ainda o desenvolvimento de uma estação meteorológica de alta precisão que terá a função de coletar dados climáticos reais ocorridos em uma região macro. Assim, de forma pioneira será possível corrigir desvios no banco de dados de tempo futuro, aumentando o grau de certezas.

Também permitirá que as empresas aproveitem a base desenvolvida  para a doença da soja e ampliem para outros cultivos como: tomate, batata, feijão, essências florestais, trigo, uva, cenoura, entre outros.

A parceria que envolve conceitos de previsão do tempo e epidemiologia dos fungos contará com equipe multidisciplinar que engloba meteorologistas, engenheiros agrônomos e desenvolvedores de sistemas.

No Brasil os principais institutos de previsão do tempo são o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Há ainda instituições estaduais de previsão, especializadas no estado de atuação como o SIMEPAR do Paraná.

De acordo com Marcos Balbi, sócio-proprietário  da Innovatis, o acordo firmado entre as empresas permitirá ao agricultor obter uma visão mais precisa sobre a ocorrência futura das doenças. Atualmente, os sistemas existentes se baseiam na coleta de dados meteorológicos ocorridos para estimar o que poderá ocorrer nos próximos 15 dias.  “Através da base de dados meteorológicos para ocorrência futura da Climatempo, a nossa tecnologia conseguirá mapear e indicar com alto grau de certeza se haverá riscos futuros para a lavoura, podendo antecipar e prevenir possíveis danos que possam prejudicar a produtividade das lavouras ”, afirma o agrônomo.

Segundo ele, o apoio da Finep foi fundamental para alcançar os objetivos e metas traçadas. Por meio do sistema desenvolvido será possível simular com precisão a ocorrência futura de molhamento foliar, parâmetro ambiental essencial para se prever a favorabilidade futura para a infecção das doenças.

Ainda que toda a tecnologia tenha sido desenvolvida para seu lançamento no mercado, era preciso criar o vínculo comercial com a Climatempo, o que estava previsto no projeto, mas não foi possível por diversos motivos. “Preparamos o projeto, envolvendo a Climatempo desde a fase de desenvolvimento até  a fase de lançamento, porém no meio do caminho alguns fatores, como a baixa da incidência na ferrugem na soja e a crise econômica, fizeram com que não fôssemos à frente”, esclarece Balbi.

De acordo com Gilca Palma, diretora da Climatempo, em outubro de 2015 as conversas foram retomadas devido à queda nos principais mercados da empresa, motivados pela atual recessão da economia brasileira, como na construção civil.  Avaliando as oportunidades e a vasta carteira agrícola da Climatempo foi percebido que o projeto representaria aumento das receitas se fosse ampliado para outros cultivos, tendo vista o baixo interesse do sojicultor, devido à baixa pressão da ferrugem nas lavouras. “As ameças de pragas são constantes e causam danos e perdas severas para os agricultores. Percebemos que, através da tecnologia será um importante diferencial podendo expandir para outros segmentos fora do agronegócio, conclui Gilca.

Sobre o Projeto Financiando pela Finep

O projeto foi denominado AURA SIM, software para simulação da favorabilidade climática visando a determinar a previsão da infecção da ferrugem asiática na cultura da soja com aplicação na agricultura de precisão. Como objetivo geral do projeto ficou estabelecido que seria implementado um sistema de previsãodo surgimento da ferrugem asiática na cultura da soja através de condições climáticas futuras disponibilizadas pela empresa Climatempo e do desenvolvimento de um software de simulação do molhamento foliar. Todo o sistema foi desenvolvido para gerar um mapeamento georreferenciado de acordo com os dados disponibilizados pelas estações meteorológicas para melhor visualização da infecção nas áreas monitoradas.

A Finep aprovou recursos na ordem de R$838.797,20 com previsão de contra partida pela Innovatis na ordem de R$168.400,00. Efetivamente, foram liberados R$590.672,60 com recursos da Finep e 140.000,00 como recursos de contra partida.