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Agrogen: Para além da reprodução de genes

Fundada em Montenegro (RS), em 1990, com o objetivo de fornecer matrizes de aves para a Frangosul, a companhia acabou expandindo sua atuação para muito além da proposta inicial.

Agrogen: Para além da reprodução de genes

Terceiro maior produtor de aves do mundo, superado apenas pelos Estados Unidos e pela China, o Brasil tem na Agrogen um exemplo de empresa que soube tirar proveito das múltiplas potencialidades do agronegócio. Fundada em Montenegro (RS), em 1990, com o objetivo de fornecer matrizes de aves para a Frangosul, a companhia acabou expandindo sua atuação para muito além da proposta inicial. Atualmente, detém cerca de 20% do mercado nacional de multiplicação genética de avós. Além disso, vem se destacando cada vez mais na produção de frangos de corte – uma extensão de sua atividade principal. O movimento ficou mais evidente em maio passado, com a aquisição da Frango Seva, de Pato Branco (PR), que elevou a capacidade de abate da Agrogen de 6 milhões para 8 milhões de aves por mês.

Antes de dividir sua estratégia de negócio entre a genética e a indústria, no entanto, a Agrogen se viu diante de um grande desafio. Em 1998, quando a Frangosul foi vendida à Doux, não restaram alternativas senão se dedicar a ganhar mercado. “Tivemos que nos reinventar, pois produzíamos basicamente para a Frangosul”, explica Gerson Muller, diretor administrativo e financeiro da companhia. Até então, apenas o excedente era comercializado para outros clientes. Por sorte, um ano antes da venda da Frangosul, a Agrogen havia firmado uma parceria com a multinacional americana Cobb, cuja intenção era aproveitar a expansão do segmento avícola brasileiro e crescer como grande casa genética do país. Com a Agrogen, a Cobb conseguiu levar adiante sua estratégia. Hoje, detém mais de 70% do mercado nacional de matrizes – como são chamados os híbridos resultantes do cruzamento das avós de aves.

Na prática, o processo da multiplicação genética funciona da seguinte maneira: a Cobb entrega à Agrogen as avós com apenas um dia de vida. A Agrogen se encarrega de mutiplicá-las, gerando as matrizes – que são, então, vendidas aos clientes, que reproduzem as matrizes, gerando os frangos de corte que chegam à mesa do consumidor final. De um total de 46 milhões de matrizes existentes no Brasil, a Agrogen responde sozinha por mais de 10 milhões – cerca de 20% do mercado. “Na multiplicação genética, o nosso desafio é seguir nesse patamar alcançado, nos mantendo no topo”, salienta Muller.

Agora, a Agrogen quer mais. Nos últimos anos, a companhia começou a investir em um novo front: a produção própria de frangos. “Vendo que estava difícil crescer ainda mais nesse negócio da genética, nos voltamos ao abate”, explica Muller.

Em 2009, a Agrogen estreou suas operações industriais com a terceirização do abate no município de Nova Araçá (RS). A experiência deu tão certo que, apenas um ano depois, a companhia decidiu comprar um frigorífico em Sete Lagoas (MG). Em 2012, outra aquisição – dessa vez, em Itapejara D’Oeste, no Paraná. A essas duas plantas, soma-se, agora, a operação da Seva, recém-adquirida em Pato Branco. “Hoje, nossa grande fonte de crescimento está no abate de frangos. É nessa atividade que vamos crescer a passos firmes, com solidez e qualidade”, destaca Muller. Ainda que a Agrogen não tenha divulgado o valor da negociação em Pato Branco, estima-se que o faturamento da empresa, em 2014, antes previsto para chegar a R$ 625 milhões, ultrapasse agora os R$ 800 milhões.

Atualmente, cerca de 70% do faturamento da Agrogen é proveniente das exportações – especialmente para o Oriente Médio, Ásia e África. No futuro, no entanto, o objetivo é equilibrar as fontes de receita, procurando chegar a uma equação em que metade das vendas sejam feitas para o mercado interno. Para isso, a empresa conta, desde 2009, com a marca Nat Alimentos, desenvolvida para comercializar frango de corte, com produtos congelados e resfriados que chegam diretamente ao consumidor final no Brasil e no exterior. Em seu sistema produtivo, que envolve 15 unidades espalhadas entre o Rio Grande do Sul, o Paraná e Minas Gerais, estão granjas, incubatórios, laboratório, fábricas de ração e frigoríficos.