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Avestruz

Avestruz: do modismo ao ostracismo

Depois do declínio da produção no Paraná, varejo praticamente não oferece o produto e consumidor ficou sem opção.

Avestruz: do modismo ao ostracismo

O que era modismo virou artigo raro. Achar carne de avestruz para comprar no Paraná é muito difícil. O varejo praticamente não oferece o produto, já que a criação no Estado declinou. As cooperativas que se formaram no início desta década no Estado foram desativadas alguns anos depois, pois a atividade mostrou-se inviável financeiramente para os criadores (ver matéria nesta página). Com isso, o consumidor que aprendeu a apreciar a carne ficou sem opção.

Donos de estabelecimentos que incluíram o avestruz no cardápio se esforçam para conseguir a carne e manter o prato. É o caso de Ubirajara Tasqueti, do Lanche Bom, e seu sanduíche de avestruz com shiitake. Criada há três anos, a opção faz sucesso entre boa parte dos clientes e é o lanche mais caro do cardápio: R$ 15. “Não chega a ser o (lanche) mais pedido, mas não pode faltar que o pessoal reclama”, diz Tasqueti.

No mês passado teve reclamação. O único fornecedor da carne que ainda resiste na região de Londrina enfrentou problemas com o frigorífico responsável pelo abate e Tasqueti deixou de receber o produto, suspendendo o preparo do lanche por uns 15 dias. A situação se normalizou, mas o comerciante já se prepara para achar avestruz em outro local caso não seja mais possível encontrar a carne por aqui. “”Comecei a pesquisar e descobri fornecedor no Mato Grosso””, conta.

A expectativa de Tasqueti, porém, é que o seu fornecedor atual não só continue o atendendo como repasse alguns quilos de carne a mais para que o comerciante atenda alguns conhecidos. “”Muita gente chega aqui e fala “puxa, que bom que você tem lanche de avestruz”, já que está tão difícil achar essa carne. Então, gostaria de ter sempre alguns quilos para atender as pessoas que gostam do produto para fazer algum prato em casa””, planeja.

Ele mesmo é um apreciador de avestruz e costuma prepará-lo para a família e amigos. “Faço o filé fatiado bem fino, com brócolis e shimeji (cogumelo) e molho engrossado com amido de milho e shoyu”, ensina. “É uma carne muito saborosa, tenra e saudável. Tem ômega 3 e zero de gordura”.

Carnes especiais

Para o comerciante Pedro Rocha, proprietário do Rancho Silvestre, que vende especiarias e carnes diferenciadas em Londrina, o avestruz foi um modismo que não se sustentou, principalmente por causa do alto preço para o consumidor. Ele não trabalha mais com o produto há cerca de dois anos. “Nessa época eu estava pagando R$ 26 o quilo e vendendo a R$ 36. Na verdade, acho que deveria ser, no máximo, o valor de um contrafilé”, questiona. Ele lembra que no começo, porém, chegou a vender o quilo a R$ 90.

“Foi uma febre que passou. Hoje, apenas alguns clientes ainda procuram. Mas não dá para continuar tendo o produto para atender meia dúzia”, diz Rocha. Pelo mesmo motivo, ele também deixou de vender faisão, perdiz, búfalo, vitela e foie gras (fígado de ganso). O foie gras, por exemplo, custava R$ 190 o quilo. Além do preço alto, ele acha que “falta cultura” para esse tipo de carne na região.

Entre as carnes diferenciadas que o comerciante oferece estão: marreco, pato, javali, cateto, queixada, jacaré, rã, carneiro, codorna e coelho. A maior parte, segundo Rocha, custa entre R$ 20 e R$ 30 o quilo e tem boa procura. Todos os produtos são congelados. Conforme o comerciante, o público que consome esse tipo de carne “não é elitizado, mas viajado”. “São pessoas que experimentam pratos diferentes quando viajam e depois vêm procurar aqui”, diz.