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AveSui 2012

AveSui: Postura do governo brasileiro prejudica desempenho dos setores de aves e suínos no mercado internacional

Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, falta maior eficiência e agressividade aos ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores nas negociações do mercado internacional de aves e suínos.

Os setores de aves e suínos se ressentem de uma maior atenção do governo federal nas questões de comércio internacional. Altamente competitivos, os setores avícola e suinícola não recebem das autoridades brasileiras a atenção que merecem. Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, diretor da MB Agro, os ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores são inábeis na abertura de novos mercados para a carne brasileira e vagarosos na remoção de barreiras comerciais. As negociações se dão de forma muito lenta. A falta de prioridade para as questões de comércio internacional denota até um certo acomodamento do governo brasileiro para com o assunto. “Falta para as cadeias de aves e suínos, especialmente a de suínos, maior eficiência e agressividade dos ministérios da Agricultura e de Relações Exteriores para a abertura de novos mercados. Avançamos muito devagar nessas questões. Somos muito compreensivos com os países importadores”, afirma o economista.

Mendonça de Barros cita o exemplo da Rússia, que desde junho de 2011 mantém um embargo às carnes brasileiras de frigoríficos dos Estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. A decisão do governo russo trouxe sérias complicações para os setores de aves e suínos. De acordo com a União Brasileira de Avicultura, as exportações brasileiras com destino aquele mercado caíram 57,5% nos 11 primeiros meses de 2011, em relação ao mesmo período do ano anterior. A Rússia foi o destino que registrou a maior queda nos embarques avícolas no ano passado.

Para o setor suinícola os impactos foram ainda maiores, já que o país é o principal cliente da carne suína nacional. As exportações brasileiras para a Rússia caíram 45,96% em 2011 na comparação com os 12 meses de 2010, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Em receita a queda foi de aproximadamente 40%, passando de US$ 640 milhões em 2010, para US$ 388 milhões no ano passado.

O caso da Rússia é um símbolo do imobilismo das autoridades brasileiras. O embargo está em vigor até hoje. O governo brasileiro ainda não conseguiu entrar em acordo com as autoridades russas para derrubar a restrição. “O fato é que, nos três tipos de carne, estamos sofrendo muitos reveses. Estamos levando muitas ´bolas nas costas´ e o pior, com pouca capacidade de reação”, comenta Mendonça de Barros. “A Rússia nos atrapalhou, alguns países europeus em outros casos também, mas o mais importante é que o governo comece a tratar as questões de comércio internacional para o setor de carnes de forma prioritária”, afirma o economista. As perdas do complexo brasileiro de carnes com os embargos mundo afora superam US$ 2 bilhões por ano.

Mendonça de Barros foi um dos palestrantes do Painel Conjuntura, realizado na manhã de hoje (02/04), na Avesui América Latina.  Maior evento das cadeias produtivas de aves e suínos da América Latina, a AveSui segue com intensa programação até quarta-feira (04/04).