Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Mato Grosso

BRF suspende atividades e pode demitir 1,2 mil trabalhadores

A previsão é que a empresa paralise parte das atividades desenvolvidas na região metropolitana de Cuiabá no dia 5 de agosto.

BRF suspende atividades e pode demitir 1,2 mil trabalhadores

Cerca de 1,2 mil trabalhadores que atuam no abate de aves na unidade da BRF em Várzea Grande serão demitidos caso não aceitem o remanejamento para outras unidades ou linhas de produção da companhia. A previsão é que a empresa brasileira, maior exportadora global de carne de frango, paralise parte das atividades desenvolvidas na região metropolitana de Cuiabá no dia 5 de agosto. O volume que deixará de ser produzido na unidade várzea-grandense será remanejado para outras unidades da BRF.

Por meio de nota oficial, a companhia ressaltou que a planta industrial de Várzea Grande não será fechada e nem vendida. Após revisão do parque fabril, a empresa decidiu que no município serão mantidas ativas algumas linhas de produção e as atividades administrativas. “No campo estão previstas adequações no município de Campo Verde, para atender a nova demanda por matéria-prima”, diz um trecho do comunicado.

Conforme a multinacional, todos os funcionários que atuam nas linhas que serão paralisadas foram convidados a integrar outras unidades produtivas da empresa, “conforme a disponibilidade de vagas e posições equivalentes”, registra. Aqueles que concordarem com esse processo de transferência terão apoio da empresa que, no entanto, não detalhou quais seriam essas medidas de amparo.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação (Sintia-MT), Sidnei Aparecido Rodrigues de Amorim, a linha de produção que será desativada em Várzea Grande demanda 1,2 mil trabalhadores. Amorim disse que o assunto foi discutido durante reunião na manha de quinta-feira (30). “Somente esse setor de Várzea Grande tem operado com pouco resultado. Eles também alegaram que tem muito produto estocado e estão esperando um tempo até o mercado absorver a produção”.

Amorim afirma que o sindicato tentou negociar férias coletivas para evitar demissões e aguardar até o mercado reagir. “Acredito que apenas uns 30% dos trabalhadores que atuam nessa linha serão redistribuídos para outras unidades. Nem todos estão dispostos a ir para outros municípios, até porque o que estimularia o trabalhador a tomar essa decisão é um salário melhor e moradia”.

Para facilitar a reinserção no mercado de trabalho dos colaboradores que venham a ser desligados, a BRF entrou em contato com a Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), numa medida inédita, segundo o secretário Valdiney Arruda. Conforme ele, a intermediação dessa mão de obra será realizada via Sistema Nacional de Emprego (Sine), que irá cadastrar os trabalhadores e direcionar para as vagas divulgadas pelas as empresas parceiras. Também está sendo articulada uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para que os trabalhadores possam ser qualificados e retornar ao mercado de trabalho com mais experiência.

Nos últimos 5 anos, a multinacional aportou R$ 750 milhões nas unidades no Estado. Nesse período realizou um estudo para adequar o seu volume de produção a atual demanda de mercado, bem como para ampliar sinergias, esclarece a nota enviada. Nesse processo de adequação foram contratadas 960 pessoas no Estado, entre os meses de janeiro a maio deste ano. Em Mato Grosso, a BRF emprega cerca de 10 mil pessoas.

No fim do ano passado, a companhia confirmou a ampliação das operações nas unidades de abate e processamento de frangos e suínos, com investimento total de R$ 1,1 bilhão no decorrer dos próximos 3 anos. As 4 fábricas e 1 centro de distribuição estão distribuídos pelos municípios de Várzea Grande, Campo Verde, Nova Mutum, Nova Marilândia e Lucas do Rio Verde.

Sobre a paralisação da linha de produção de abates de frangos em Várzea Grande e a demanda do mercado consumidor, o presidente da Associação dos Avicultores de Mato Grosso (Amav), Tarcísio Schroeder, comenta que o consumo continua aquecido, tanto no mercado interno quanto internacional. “Na realidade, essa desativação é porque essa linha de produção é antiga e o custo de produção fica mais alto. A unidade de Lucas, por exemplo, é mais moderna e, além disso, está mais próxima da matéria-prima (milho em grão e farelo, para engorda das aves). Então, vão diminuir custo operacional”.