Nos próximos anos, temos de encontrar uma forma de reduzir a incidência de miopatias em frangos de corte através de manejo, nutrição e mudanças nas estratégias de crescimento das aves, anunciou o médico veterinário especialista em nutrição de aves da Cobb, Vitor Hugo Brandalize, nesta terça-feira, dia 5 de abril, durante o painel de abertura do XVII Simpósio Brasil Sul de Avicultura, em Chapecó, Santa Catarina.
Ele afirma que, o aumento do peso e a velocidade de crescimento das aves, trouxeram novos desafios, como um aumento na ocorrência de miopatias e outras lesões na qualidade das carcaças, o que tem gerado preocupações na cadeia, especialmente se considerarmos o impacto econômico para a atividade.
Apesar de não haver riscos para a saúde humana, pesquisas apontam que a compra pelo consumidor é fortemente influenciada pela aparência da carne do peito do frango, assim a aceitação do produto nas gôndolas dos supermercado é reduzida de acordo com o aumento do grau de estrias brancas, avalia Brandalize. “Elas são associadas, pelo consumidor, a uma maior quantidade de gordura”.
Notícias Relacionadas
Desta maneira, o especialista avalia que o setor produtivo precisa equilibrar a velocidade de crescimento das aves com seus impactos na produção. “Precisamos trabalhar esta questão. Uma redução na velocidade de crescimento das aves pode ser uma estratégia para responder este desafio, mas precisamos saber como fazer isso, pois também temos a responsabilidade de alimentar um mundo com 824 milhões de pessoas subnutridas com uma fonte de proteína de qualidade e economicamente viável”, diz o executivo.
Ele destaca que a ocorrência de miopatias não está associada nem a linhagem, nem a fatores sanitários. “Existe o aspecto de manejo. Observamos que granjas com cama boa tiveram uma incidência menor. Da mesma maneira, propriedades com cama ruim, temperatura elevada apresentaram maior ocorrência de miopatias. A nutrição também teve impacto nos resultados”.
Aves mais pesadas
Se a tendência cada vez mais forte de produzir aves mais pesadas, em vários países do mundo, foi uma resposta da agroindústria para a demanda do consumidor final por um alimento saudável, de qualidade, economicamente viável e com menor impacto ambiental, ela também é uma estratégia dos produtores para minimizar o impacto das altas nos custos de produção nos últimos anos.
“Os grãos subiram muito nestes anos todos e uma boa maneira de reduzir o custo de produção do frango é aumentar o tamanho dele. É por isso que a maioria das empresas do mundo está aumentando o peso e o tamanho de abate. Aves grandes reduzem o custo de processamento dos frigorírficos”, declara o executivo explicando que a ave mais pesada tem ainda maior rendimento de carne no peito, outra exigência do consumidor. Por isso, nós, da Cobb, temos trabalhado de maneira muito forte com uma série de universidades em vários países para encontrar uma solução para reduzir a ocorrência de miopatias na avicultura.”
