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Varejo

Consumo de carne de frango foi menor em 2018

Os dados observados até o primeiro semestre de 2018 apontam para uma redução da disponibilidade per capita por habitante/ano, de 45,2kg em 2017 para 44,4kg em 2018.

Consumo de carne de frango foi menor em 2018

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Por Anderson Oliveira

A persistência da crise econômica que afeta o mercado interno brasileiro é um dos maiores percalços para a carne de frango no varejo. Apesar de ser a mais barata das proteínas, o consumo pela população deve registrar queda em 2018, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os dados observados até o primeiro semestre de 2018 apontam para uma redução da disponibilidade per capita por habitante/ano, de 45,2kg em 2017 para 44,4kg em 2018. No período de 12 meses, houve aumento de preços para o frango vivo, o resfriado e o congelado. No caso do frango vivo, a alta foi de 18,8%, aponta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de junho de 2018.

O primeiro semestre do ano mostra a sazonalidade de preços em queda, recuperando-se no segundo semestre, de acordo com a Conab, no relatório Perspectivas para a agropecuária 2018/2019. Todavia, em junho de 2018, os preços apresentam reversão da queda de preços observada até abril, sinalizando uma boa recuperação desses preços em julho de 2018.

Conforme o relatório, a atual conjuntura político-econômica do Brasil, aliada aos elevados níveis de desemprego, têm reduzido a renda dos consumidores, contribuindo para essa redução de preços não somente para a carne de frango, como também para as outras carnes, afetando a demanda interna e inibindo o aumento do consumo.

CENÁRIO SEGUE COM INCERTEZAS

O cenário econômico ruim traz incertezas para a avicultura e a indústria avalia um 2019 tão morno quanto 2018. Essa é a análise de Roberto Kaefer, presidente da Globoaves. “Eu diria que a gente deve iniciar o ano com as mesmas instabilidades”, diz. Segundo ele, isso vai refletir na queda dos alojamentos para o próximo ano, uma vez que janeiro e fevereiro são meses de maior retração econômica.

“O mercado está morno e agora em novembro e dezembro estamos vivendo o Natal, os preços subiram, a exportação melhorou um pouco, mas 2019 não será um ano maravilhoso”, acredita. Segundo ele, para a situação melhorar vai demorar ainda que o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, faça as reformas necessárias. “Precisamos do crescimento do PIB real, mais salários e maior capacidade de consumo”, ressalta.

Kaefer também questiona os problemas vividos pela avicultura oriundos da Operação Carne Fraca. Tudo isso tem prejudicado o dia a dia dos frigoríficos, cujas fiscalizações conturbam o mercado. “As regras ainda não estão muito definidas”, observa.

O DESAFIO É AGREGAR VALOR

Diante das incertezas vividas nos últimos anos e da permanência dessa situação em 2019, o maior desafio da indústria continua sendo agregar valor à carne de frango. Para Aurelia Vicente, diretora da contas da Kantar WorldPanel, empresa especialista em comportamento do consumidor, as empresas do setor ainda não começaram a colocar sua marca no frango para agregar valor e explorar ainda mais o mercado. “É preciso associar sua marca e explorar outros mercados, como o de frangos orgânicos”, diz.

Segundo pesquisa da Kantar, o frango está presente em 97% dos lares brasileiros. O consumo per capita da proteína supera os 40 quilos por ano. “É um consumo bastante elevado, e a penetração ocorre em praticamente todos os domicílios”, ressalta. Dois fatores explicam esse sucesso: o primeiro é de que a carne de frango é a mais barata das proteínas; em seguida, existe o fator cultural. “O frango, por ser uma carne branca é mais associada à saudabilidade e mais acessível que o peixe”, avalia Aurelia.

Com o cenário de crise econômica, segundo a diretora de contas da Kantar, os cortes mais baratos tendem a ser os mais vendidos. É o caso da coxa com sobrecoxa. O corte está presente em 70% dos domicílios. O filé de peito, apesar de mais caro, aparece em 80% dos lares, conforme o levantamento da empresa. O frango inteiro, por sua vez, está presente em 55% das casas.

De acordo com Aurelia, nas regiões com menor poder aquisitivo, como o nordeste, a preferência dos consumidores é pelo frango inteiro. Os produtos processados de frango, no entanto, tem baixa penetração em todo o país, por serem produtos mais caros.