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Meio Ambiente

Energias renováveis: tendência que veio para ficar

Existem comprovadas e preocupantes deficiências no fornecimento de energia elétrica e o uso de energias limpas pode ser uma solução para o problema

Energias renováveis: tendência que veio para ficar

Para Nelson Eiji Akimoto o grande desafio é ampliar o uso de energia renovávelA geração de energias por meio de fontes com menor impacto ambiental e economicamente mais viável é uma tendência cada vez mais pertinente, tendo em vista o crescente aumento de emissão de dióxido de carbono (CO2), o principal gás causador do efeito estufa, e o risco de lapso do setor elétrico atual. Existem comprovadas e preocupantes deficiências no fornecimento de energia elétrica em Chapecó e grande Oeste e o uso de energias limpas pode ser uma solução para o problema.

No Brasil, a matriz energética, em sua grande parte, possui a energia renovável presente principalmente de fontes hídricas. De acordo com o diretor de Relações Institucionais e coordenador do Núcleo de Sustentabilidade da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), Nelson Eiji Akimoto, o grande desafio é ampliar o uso de energia renovável, de preferência com a energia eólica e solar, para substituir os combustíveis fósseis e nucleares. Além disso, usar os reservatórios de água como baterias. “A energia eólica e solar são hoje encaradas como complementares e muito importantes, pois com a evolução tecnológica e a escala que o uso tem atingindo, vem se tornando economicamente viável”, pontuou.

A energia das hidrelétricas é considerada fonte renovável, mas traz impactos ambientais. Por isso, novas fontes de menor impacto sempre são temas de pesquisa e desenvolvimento. Em Chapecó e região há exemplos de grandes hidrelétricas (UHEs), além de vários aproveitamentos menores através de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs). Segundo Akimoto, os demais potenciais energéticos ainda são pouco aproveitados, como a energia solar. “No Oeste temos os melhores índices de incidência solar de Santa Catarina, além de alguns pontos já mapeados de aproveitamento eólico. Nossa maior perspectiva está nas pessoas, pois temos várias instituições de ensino técnico e superior na área das engenharias que, por meio de pesquisas e desenvolvimento, pode-se chegar a novas alternativas de fontes renováveis de geração de energia ou melhorias nas já existentes”, analisou.

Uma forte tendência, com diversos exemplos em Chapecó, é a Geração de Energia Distribuída que consiste em que cada consumidor seja também um produtor de energia com troca do excedente com a concessionária. Nesse sistema, a residência ou empresa possui uma central de energia fotovoltaica, por exemplo, que gera a sua própria energia e, quando necessário, recebe complementação da concessionária. Quando há excedente, injeta na rede da concessionária e adquire crédito para usar mais tarde. Akimoto frisa que existem estudos para que no futuro a energia excedente possa ser comercializada, o que viabilizaria investimentos no setor, principalmente do uso do biogás nas propriedades rurais.

O empresário Lenoir Carminatti usa esse sistema desde 2013. A empresa Fluxo Eletrônica Industrial possui 12 painéis fotovoltaicos com instalação de 3 kilowatts (kW). A experiência deu tão certo que Carminatti instalou um sistema com 12kW na Tesla Comercial há três meses, com 48 painéis fotovoltaicos. “Economizamos R$ 7.300,00 na Fluxo e na Tesla R$ 2.800,00. Além de ser uma energia limpa, o investimento se paga”, relatou. De acordo com ele, os investimentos em energia solar poderiam crescer com a aprovação da lei de isenção do ICMS que tramita na Assembleia Legislativa. “Atualmente, quando usamos a energia excedente que foi para a rede da concessionária, é pago imposto. Ou seja, pagamos imposto de uma energia que produzimos. A maioria dos Estados já aderiu à isenção, Santa Catarina ainda não”, frisou. “Isso poderia colaborar para diminuir o pay-back dos investimentos e levar mais usuários a aderirem ao uso da energia renovável e alternativa”, acrescentou Akimoto.

O conselheiro da Fundação Científica e Tecnológica em Energias Renováveis (FCTER), Nadir José Cervelin, reforçou o uso de energia produzida com biodigestores. “Energia limpa é a energia do futuro. Na região Oeste temos um grande potencial para explorar com biogás com o envolvimento das propriedades rurais. Essa energia pode ser a solução para o campo, alimentando toda a propriedade. Existem sistemas implantados que comprovam sua eficiência”, enfatizou.

Pesquisa e desenvolvimento

Com a missão de promover a produção e geração de energias renováveis por meio de pesquisa, desenvolvimento e inovação, foi criada em 2014 a FCTER, tendo como instituidores cinco instituições de ensino superior da região (Unochapecó, Unoesc, Uceff, UnC, Uniarp) e sete empresas da área de tecnologia (Nord Electric, Fibratec, Fluxo, Cetric, Zagonel, Rafael Celuppi, Thiago Davi). A Fundação conta também com a colaboração ativa de todas as universidades públicas e privadas, apoio de entidades e empresas.

O presidente da FCTER, Gilson Vivian, realçou que entre os objetivos da Fundação estão o desenvolvimento e o aprimoramento tecnológico na produção de energias renováveis de diferentes matrizes, além de impulsionar o desenvolvimento científico e tecnológico do País em relação às energias renováveis.

Para debater o tema, com base em cenários internacionais, resultados de pesquisas desenvolvidas nas universidades da região e cases de sucesso, foi promovido no início de junho o 1º Seminário Internacional em Energias Renováveis, promovido pela FCTER. Segundo Vivian, ainda falta conscientização da população sobre a importância das energias renováveis. “O seminário também teve esse objetivo, de difundir o tema e conscientizar”, finalizou.