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Produção

Epicentro das investigações, Paraná teme por pequenos produtores

Diretor-presidente da Adapar, Inácio Afonso Kroetz, falou ao Portal Avicultura Industrial sobre impactos das investigações no Estado que é o principal produtor e exportador de frangos do Brasil

Epicentro das investigações, Paraná teme por pequenos produtores

Desde que se deflagrou a Operação Carne Fraca o setor de proteína animal está vivendo uma crise inimaginável para a proporção econômica que essa cadeia representa. Dos 21 frigoríficos envolvidos, 18 estão localizados no Paraná, dois em Goiás e um em Santa Catarina. No Estado paranaense o impacto está mais evidente, visto que 35% da produção de aves para exportação estão nessa região.

Nesta quarta-feira (23/03), dois frigoríficos, Souza Ramos e Master Carnes, localizados na região de Curitiba, que fazem parte do grupo Central de Carnes Paranaense Ltda, investigado por corrupção, demitiram 280 trabalhadores. Segundo a Polícia Federal, o frigorífico Souza Ramos teria entregado 14 toneladas de salsichas de peru fora do padrão para escolas estaduais do Paraná. 

“A gente sente que a repercussão em cima do Paraná e da imagem dos produtos paranaenses são mais uma vez afetados por coisas pontuais”, Inácio Afonso Kroetz Sobre a situação do Paraná, mediante aos impactos causados pela divulgação das investigações, o Portal Avicultura Industrial conversou com o diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Inácio Afonso Kroetz, que enfatizou que o Estado não tem participação alguma nas investigações. “A gente sente que a repercussão em cima do Paraná e da imagem dos produtos paranaenses são mais uma vez afetados por coisas pontuais”, desabafou. 

Responsável pela fiscalização estadual de 363 empresas que trabalham com produtos de origem animal, Kroetz esclarece que 73 tratam-se de frigoríficos. “Quando se fala de perigo na carne é tão pequena a participação entre 4.850 frigoríficos sob SIF. Se tem problema em 18, mesmo que esteja no Paraná ou em qualquer parte, é uma mínima parte. Então não vamos condenar sistemicamente o serviço de inspeção, seja municipal, estadual ou Federal , e também não vamos criar um pânico na população como se toda carne agora estivesse sob suspensão”, atenta.

“Se houve conivência entre fiscal e fiscalizado ela é totalmente abominável pois coloca em descredito todo o sistema”, diz.  “A pior imagem que estamos passando para o mundo é de que o nosso sistema é não sério”, ressalta.

Kroetz explica que o trabalho da agência é fazer sistematicamente supervisões e  auditorias através de 41 médicos veterinários à campo. “Não podemos facilitar quando se trata de saúde pública e qualquer desvio de conduta é tratada conforme o rigor da lei”, afirma.

Trabalhadores

A maior preocupação para Inácio diz respeito aos trabalhadores do setor. “Eu não estou preocupado com as 21 empresas sob investigação. Eu jamais faria a defesa de quem está sendo investigado. O que não pode é essa investigação prejudicar quem não tem nada a ver. E hoje, os mais prejudicados são os consumidores e trabalhadores. Pessoas que estão pagando um custo alto pela relação inadmissível entre fiscal e fiscalizado. A dimensão que tomou isso é um saneamento de um sistema, mas esta custando caro para o Brasil”, afirma.

Entendendo o Paraná como epicentro das investigações, Kroetz concorda que o impacto no Estado é grande. “O Paraná produz  e exporta 35% da produção brasileira de aves. Somos o terceiro, indo para segundo na produção de suínos, além de leite e assim vai. Então, aquele que esta maior dentro da cadeia sente mais. Mais cruel vai ser a ação sobre os produtores. A dimensão é enorme. Não é a indústria que esta sendo prejudicada, a indústria tem várias outras formas de se manter, mas para quem só tem um aviário e vive disso está sendo prejudicado mesmo sem pertencer a integração que está sendo investigada”, afirma.

Mercado externo

O representante da defesa agropecuária paranaense enfatiza que quando se perde credibilidade no mercado externo, que demorou décadas para construir, leva mais um bom tempo para se recuperar. “Quando é um problema sanitário passamos, a defesa agropecuária está aí para isso porque temos ferramentas para isso. Essa situação não é de defesa sanitária, quando trata-se do serviço que tem que certificar essa confiabilidade do produto brasileiro, a confiança aí é nas pessoas”, diz questionando: “Quantos anos demorou para mostrar que nosso mercado é seguro? Na hora que se entra num mercado difícil ,que é os Estados Unidos, estava em curso uma investigação sigilosa que deixa a desejar quanto a confiabilidade dos documentos que foram apresentados para abrir o meu mercado”, relata.

“Estou extremamente preocupado com os produtores. Gostaria que os veículos de comunicação sempre olhassem para o lado econômico-social, o foco não foi a sanidade, o Brasil não perdeu sistemicamente a sanidade, pode ter perdido a confiança na certificação, mas não tem confiança sanitária que pode impedir o consumo de seus produtos. Exportação não é só sanidade, é confiança também. O Brasil nesse momento, pelo comportamento de alguns servidores, está jogando contra o próprio Brasil. Falta sensibilidade para um problema pontual ser veiculado como um problema sistêmico”, entende.