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Agricultura

FAO sugere agricultura conservacionista para produzir mais

Diretor da entidade participou de evento em Londrina e reforçou a importância da adoção de plantio direto e rotação de culturas para a sustentabilidade do setor.

Produzir em grande quantidade e com qualidade, mas ao mesmo tempo respeitar normas ambientais e agronômicas é a essência da agricultura conservacionista e uma necessidade do processo produtivo atual. Um dos princípios básicos é o cuidado com solo, segundo Theodor Friedrich, diretor sênior da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Friedrich afirma que reduzir a erosão por meio do uso do sistema de plantio direto é uma saída que tem sido muito adotada no mundo. ”A erosão, por exemplo, além de elevar os custos de produção devido ao aumento na utilização de insumos, pode levar à desertificação da área”, explica.

O diretor da FAO esteve em Londrina nessa segunda-feira (16) e participou do 41º Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola (Conbea), realizado simultaneamente com o 10º Congresso Latinoamericano y Del Caribe de Ingenería Agrícola (CLIA), que ocorre até o dia 19 de julho na cidade. Além da adoção do plantio direto e do uso adequado do solo, Friedrich abordou temas relacionados à rotação de culturas e o uso de novas tecnologias, como a agricultura de precisão, para a obtenção de uma produção conservacionista. Ele alertou que manter a cobertura de solo é importante para formar uma agricultura sustentável. Em termos ambientais, o diretor da FAO afirma que a primeira análise que deve ser realizada pelo produtor nesse método de produção é verificar se o impacto ambiental é inferior à capacidade de recuperação da área.

Segundo o diretor da FAO, o uso da rotação com culturas diversas é outra técnica que contribui para que um agricultor produza mais e melhor. Friedrich afirma que países como Brasil têm aderido cada vez mais às multiculturas. Graziela Barbosa, pesquisadora do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), afirma que o Paraná é um modelo de agricultura conservacionista, principalmente na adoção do sistema de plantio direto, que é adotado em quase 100% das áreas agricultáveis do Paraná. Porém, ela observa que os produtores paranaenses não têm aderido ao sistema pleno de diversificação de culturas. ”Soja no verão e milho na segunda safra não são suficientes para chegarmos ao perfil ideal de rotação”, sublinha.

Graziela destaca que é necessário a utilização de mais culturas como canola, trigo, aveia, dentre outras. Friedrich reforça que com a adoção da agricultura conservacionista, por meio das técnicas descritas acima, quem ganha é o produtor. O especialista aponta que o uso das práticas em uma propriedade reduz em até 50% o uso de fertilizantes e diminui 70% os custos com mão de obra e maquinários. ”A técnica permite rendimentos estáveis para o produtor e menor impacto sobre o meio ambiente.”

Mecanização – A participação da engenharia agrícola para a obtenção de uma agricultura conservacionista é de suma importância, na visão de Theodor Friedrich. O desenvolvimento de máquinas que se adaptam ao sistema de plantio direto e que não compactam o solo é constante. Graziela Barbosa, do Iapar, afirma que diferente da agricultura tradicional, as plantadeiras das máquinas de plantio direto já vêm equipadas com discos que cortam a palhada antes da inserção das sementes.

Friedrich acrescenta que o uso da tecnologia visa trazer máquinas configuradas para cada tipo de cultura. O representante da FAO acrescenta que com o apoio da agricultura de precisão, essa tarefa tem sido cada vez mais fácil de ser implantada. ”O uso do sistema de tráfego controlado é um item fundamental”, acrescenta. Entretanto, Friedrich frisa que ainda há necessidade de equipamentos específicos para atender à nova agricultura, ”mas falta apoio político”, critica o palestrante.

Em termos de novidades tecnológicas para a agricultura conservacionista, o Iapar tem saído na frente. De acordo com a pesquisadora Graziela, a entidade já está desenvolvendo uma colhedeira de mandioca que proporciona um impacto menor no solo na hora da colheita. ”As máquinas ligadas às culturas de raízes, por exemplo, ainda necessitam de um apoio técnico maior”, observa a pesquisadora.