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Interferência do manejo vacional na eficicência das vacinas vivas - Por Eva Hunka

A vacinação é, sem dúvida, a principal medida de profilaxia sanitária nas granjas, paralela às medidas de biosseguridade. Este dois fatores são indispensáveis para o controle das principais enfermidades aviárias e melhora dos resultados.

Interferência do manejo vacional na eficicência das vacinas vivas - Por Eva Hunka

A vacinação é, sem dúvida, a principal medida de profilaxia sanitária nas granjas, paralela às medidas de biosseguridade. Este dois fatores são indispensáveis para o controle das principais enfermidades aviárias e melhora dos resultados.

No Brasil, encontramos vacinas para várias enfermidades, e as vivas são amplamente utilizadas em frangos de corte e em primo-vacinação de poedeiras e matrizes. As vacinas comercializadas no país possuem eficiência comprovada e são aprovadas pelo MAPA, garantindo assim a qualidade do produto. Porém, atualmente, tem sido questionada a eficiência das mesmas frente a novos desafios, quer seja por presença de cepas variantes ou pelo aumento da pressão de desafio dos agentes no campo.

Um programa de vacinação tem por objetivo evitar que as aves adoeçam e morram minimizando as perdas na produtividade dos planteis. Este deve estar baseado no diagnóstico, pois a pressão de seleção pode resultar no aparecimento de novos sorotipos em uma determinada região, em especial no caso de doenças respiratórias. Também devemos considerar outras variáveis como: prevalência da enfermidade, doenças imunossupressoras, cepas, linhagem, forma de aplicação e ambiente onde essas aves estão alojadas.

O transporte e acondicionamento das vacinas devem ser feitos em caixas térmicas limpas, lacradas e com temperatura controlada. A correta organização do gelo reciclável, papelão vazado e caixas de vacina colabora para a circulação do ar e manutenção da temperatura no interior da caixa térmica.  No ato do recebimento, o responsável deve conferir a temperatura e o acondicionamento.

Figura 1. Correto a condicionamento de vacinas em isopor para transporte.

Uma vez entregue, precisamos nos preocupar com o armazenamento destas vacinas. A geladeira é um ponto crítico, pois precisa estar sempre limpa, conter apenas vacinas e ter a temperatura controlada entre 2o e 8o C. Devemos evitar o armazenamento n as portas e partes inferiores. As caixas devem ser enfileiradas de maneira a permitir a circulação do ar frio e a temperatura deve ser a igual em todas as partes da geladeira. É comum encontrar variações entre a parte superior e inferior, por isso a ela deve ser monitorada diariamente, em toda a geladeira.

Para fazer a limpeza da geladeira, as vacinas devem ser acondicionadas em caixas térmicas e só devem retornar para a mesma após a temperatura atingir 2o a 8o C. No caso de pane elétrica, esta deverá permanecer fechada até que a situação se normalize, porém se o problema perdurar por mais de 8 horas, recomenda-se o descarte da vacina armazenada. Este prazo de 8 horas só deve ser tolerado se todas as recomendações acima forem seguidas. Mudanças de temperatura são prejudiciais pois aceleram o processo de inativação de produtos biológicos.

Figura 2. A geladeira deve estar limpa e conter apenas vacinas

Uma vez que as vacinas foram transportadas e armazenadas de forma adequada, o próximo passo é realizar o preparo da vacina para aplicação, que pode ser feita de forma massal ou individual. A diluição das vacinas vivas pode variar de acordo com as diferentes vias de administração utilizadas e deve respeitar a recomendação proposta pelo fabricante.
No caso da gota ocular, recomenda-se a utilização de diluente do mesmo fabricante da vacina, obedecendo-se o número de doses recomendado. O frasco de diluente possui gotejamento padrão de 0,3ml, por isso não devemos cortar o bico ou alterar o tamanho do orifício. A reutilização do frasco também deve ser evitada, pois além de aumentarmos o risco de contaminação, o uso excessivo pode interferir no tamanho da gota e, desta forma, na dose vacinal.

 Para vacinação via água de bebida ou spray, a diluição deve ser feita em recipiente limpo, com capacidade adequada e utilizado apenas para esta finalidade. Se a via escolhida for a spray, devemos utilizar água destilada na quantidade recomendada pelo fornecedor do equipamento de vacinação. Vale salientar que possíveis ajustes na dosagem devem ser criteriosamente avaliados. Outros fatores como velocidade de vacinação, utilização de corantes, altura do bico, etc., devem ser rigorosamente observados, conforme orientação do fornecedor do equipamento e são de suma importância para a correta aplicação de biológicos.

Os bebedouros também devem ser avaliados na vacinação via água de bebida. Eles precisam ser em quantidade suficiente para que todas as aves tenham acesso e recebam a quantidade indicada além de estarem limpos no momento da distribuição da solução vacinal. O volume da solução vacinal por ave e o jejum hídrico variam conforme a região e o clima. É importante que o tempo de consumo seja inferior a uma hora. O uso de corante é prática recomendável, pois torna possível comprovar que a solução vacinal foi distribuída em todos os bebedouros bem como, verificar visualmente se as aves tiveram acesso à mesma.

 
Figura 3. Utilização de corante na vacinação via água de bebida. Aves vacinadas com presença de corante na língua e papo.

Sempre nos questionamos sobre a eficiência das vacinas comercializadas no Brasil frente a novos desafios, porém boas práticas de vacinação, produtos de qualidade e um programa vacinal adequado são indispensáveis para uma proteção completa das aves.

*Dra. Eva Hunka é Médica veterinária, Mestre em Medicina Veterinária Preventiva.