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Muda forçada para poedeiras comerciais

Esta prática objetiva mais um ciclo de produção, aumenta a vida produtiva e otimiza o desempenho da ave.

Redação AI 08/07/2002 – A muda das penas é um processo que acontece em todas as espécies de aves e em ambos os sexos. Ocorre como consequência de um período de descanso em que a ave cessa a produção de ovos  e  passa por modificações fisiológicas (internas e externas). Pode ocorrer de forma  natural ou forçada. Na muda natural as aves perdem e renovam suas penas antes do início do inverno, porém a época da muda varia individualmente e é prejudicial ao desempenho produtivo em escala comercial. A muda forçada é uma  prática que tem sido utilizada principalmente em poedeiras comerciais, objetivando mais um ciclo de produção, aumentando a vida produtiva e otimizando o desempenho da ave. Pode ser realizada em aves selecionadas para a produção de ovos comerciais ou de ovos férteis, onde o plantel é forçado, ou induzido, ao descanso reprodutivo num período de tempo determinado através do método escolhido pelo avicultor. Tem como características a redução do consumo de alimento, a perda de penas, a regressão acentuada no peso corporal e no trato reprodutivo.

Essa prática busca a renovação do aparelho reprodutor por desencadeamento  de mecanismos hormonais envolvidos no processo, semelhantes àqueles associados aos que levam à incapacidade reprodutiva, de outra causa qualquer. A produção do hormônio liberador de hormônio luteinizante(LHRH) é inibida pelo hipotálamo, levando a redução da secreção do hormônio luteinizante  (LH) pela hipófise. Isso faz com que haja um colapso na hierarquia folicular do ovário, ocorrendo perda de estímulo do hormônio estrogênio que mantém em atividade o oviduto, induzindo por consequência sua regressão.

Na literatura existem vários métodos de muda forçada. Na Tabela 1 encontra-se apresentado um método simples e eficiente (adaptado do método Califórnia), que já foi utilizado com sucesso várias vezes na Embrapa Suínos e Aves. Pode ser executada em qualquer idade da produção. Normalmente é realizada no final do primeiro ciclo de postura, em torno de 70 semanas de idade, fazendo com que a ave produza por mais um ciclo de 25 a 30 semanas, podendo atingir novo  pico de produção em torno de 85%.

Para a realização da muda forçada são necessárias algumas providências iniciais como:

a) o veterinário responsável deve observar o histórico do lote, se sadio, vacinas atualizadas e adequadas;

b) realizar uma seleção e retirar as aves refugo;

c) informação do peso através de uma amostra em torno de 10% do plantel em lotes inferiores a 1.000 aves e 5% se o lote variar de 1.000 a 5.000 aves e 1% em lotes acima de 5.000 aves;

d) fazer homogeneização da lotação por gaiola ou por boxes.

O período de jejum (sem alimento) não é fixo, depende da gordura acumulada pelas aves e da capacidade da linhagem em perder peso. Portanto, deve-se retornar o alimento quando:

– o peso se aproximar daquele do início da produção (20 semanas de idade); ou o lote perder em torno de 25 a 30% do peso em que se iniciou a muda; ou

c) as aves atingirem no máximo 12 dias sem alimento; ou

d) a mortalidade atingir 1,5% do lote.

Se houver necessidade de prolongar o período de descanso do lote, é possível fazê-lo mantendo o fornecimento do milho quebrado por mais tempo. Nesse caso, é necessário atrasar o estímulo luminoso pelo mesmo período. Em lotes demasiadamente gordos, é viável a retirada da água junto com o alimento e a luz, somente para o primeiro dia.

Quando aplicar – A decisão em efetuar um programa de muda forçada deve levar em conta a disponibilidade e custo da cria e recria de frangas para reposição comparado ao custo de manutenção das poedeiras por um período não produtivo em torno de 10 semanas.  Esse tempo é necessário para cair a plumagem, o ovário e o trato reprodutivo regredirem, as penas renascerem e a ave se tornar apta à fotoestimulação. Havendo vantagens econômicas, o programa de muda forçada pode ser utilizado por produtores de ovos comerciais nas seguintes situações:

a) em época de sobra de ovos no mercado, quando o preço tende a cair;

b) em época de entressafra, quando o preço está alto e quando se disponha de galpão ocioso;

c) quando o avicultor não tiver suporte financeiro para a aquisição de um novo plantel e que a muda seja mais econômica em comparação a aquisição de um novo lote.

Tabela 1 Proposta de manejo para muda forçada em poedeiras comerciais

Dias

Alimento

Água

Programa de Luz 

01- 09

sem alimento

à vontade

luz natural

 

retornar o alimento (milho)

 

 

10

11-19

20

20 g/ave/dia

aumentar 4 g/ave/dia

60 g/ave/dia

 

à vontade

 

 

luz natural

 

 

retornar a ração de postura

 

 

21-31

32-40

41-49

50-54

55-56

57-60

61…

aumentar 1 g/ave/dia

70 g/ave/dia

75 g/ave/dia

80 g/ave/dia

85 g/ave/dia

90 g/ave/dia

ração conforme a produção 

 

 

à vontade

 

 

A partir do 21o dia fornecer 14h de luz  (natural + artificial) e manter constante até iniciar a produção. A partir do início da postura aumentar gradualmente 1h por semana, até atingir 16h30/dia e manter  constante até o final da produção

A idade da poedeira é fator limitante em relação à qualidade da casca, tanto no final do primeiro como do segundo ciclo de produção.  Nesse sentido, deve ser dado atenção aos fatores sanitários, nutricionais  e de manejo em geral que possam interferir na qualidade da casca, tais como níveis de cálcio nas rações, granulometria e solubilidade das fontes de cálcio bem como o horário de fornecimento do alimento. Razão pela qual recomenda-se atenção especial ao fornecimento de rações devidamente balanceadas e que atendam às exigências das aves. Isto porque a correta utilização do conjunto desses fatores faz com que a muda forçada, se bem conduzida, permita uma resposta em quantidade de ovos produzidos e qualidade de casca, tornando a atividade eficiente e economicamente favorável ao produtor.

  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVILA, V. S. DE . Programa de muda forçada para poedeiras comerciais. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 1994. 2P. (EMBRAPA-CNPSA. Comunicado Técnico, 212).

FUNDAÇÃO APINCO DE CIÊNCIA E  TECNOLOGIA AVÍCOLA. Fisiologia da reprodução  de aves. Campinas: FACTA, 1994. 142p.