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Postura

Para evitar prejuízos, produtor deve estar atento à presença do ácaro vermelho

Resistente a acaricidas químicos, ectoparasita é um mal presente em granjas e exige cuidados específicos para eficiência na produção

Para evitar prejuízos, produtor deve estar atento à presença do ácaro vermelho

O confinamento na produção de aves resultou no estreitamento do espaço físico com o uso de gaiolas e aumento de animais criados por metro quadrado. Porém, eleva-se também a atenção que o produtor deve ter em relação à sanidade da instalação no que se refere ao acúmulo de resíduos como esterco, resto de ração, que pode se tornar um meio ideal para proliferação de ectoparasitas, como o chamado “piolho de galinha”.

 O ácaro vermelho, popularmente chamado de “piolho de galinha”, é conhecido cientificamente como Dermansyssus Gallinae. Esse tipo de ectoparasita necessita do sangue do hospedeiro para o desenvolvimento do seu ciclo biológico. Ao se alimentarem sobre a ave adquirem uma coloração avermelhada e por esta razão são chamados de ácaro vermelho. Essa coloração vai mudando ao longo do processo de digestão do sangue, passando para vermelho escuro e chegando a cinza depois que todo sangue ingerido for metabolizado. O D. Gallinae pode ser encontrado em uma grande quantidade de espécies de aves e pássaros domésticos e silvestres, como perus, pombos, canários e pardais, dentre outros. Esses parasitas se alimentam sobre as aves durante a noite e podem passar despercebidos para o avicultor, escondendo-se durante o dia em colônias dentro de rachaduras, lacunas, fendas de madeira, acumulo de sujeiras (penas, teias de aranhas) arames de gaiolas, comedouro, bebedouros e durante a noite se abrigam nas aves. 

"O produtor deve estar atento e identificar a presença do ácaro o mais precocemente possível", Edna TucciDe acordo com a pesquisadora Edna Clara Tucci, a infestação desse tipo de praga avícola (Clique e tenha acesso ao estudo sobre o tema) nas granjas de postura comercial se dá, principalmente, pela presença de aves que voam para esses locais em busca de alimento.  “Esta ácaro é mantido na natureza em outras espécies de aves sem causar os mesmos danos que ocorrem nas granjas de postura. Acontece que na natureza as aves possuem suas próprias defesas contra os ectoparasitas. Em seu ambiente natural, ficam expostas ao sol e, quando parasitadas, passam grande parte do seu tempo se limpando, removendo os ectoparasitas de suas penas com o bico, se revolvendo na terra”, explica. “Nas criações industriais, onde as aves são criadas confinadas em gaiolas, o ambiente artificial sem contato com o solo, luz artificial, debicagem, espaço reduzido dentro da gaiola, impede que as galinhas se defendam dos parasitas, favorecendo a ocorrência de surtos populacionais do ácaro, causando sérios problemas às aves e prejuízos aos produtores”, completa a especialista em parasitologia.

Atuando no controle de pragas avícolas, Edna relata que o primeiro sinal da presença desse ectoparasita na granja é a queda na produção de ovos.  “No entanto, o produtor deve estar atento e identificar a presença do ácaro o mais precocemente possível. O monitoramento de focos é uma das chaves para o sucesso no controle do parasita. Os funcionários devem inspecionar as instalações, geralmente a infestação inicia com a formação de colônias próxima às gaiolas das aves, sob coxos, piso da gaiola”, orienta a pesquisadora. Com o aumento da população de ácaros, as colônias podem se espalhar e serem encontradas nas traves e colunas  de sustentação das gaiolas. “Não há necessidade de examinar as aves, uma vez que os ácaros permanecem por pouco tempo, à noite e somente para se alimentarem e logo voltam para as colônias nas instalações”, esclarece.

Malefícios

O principal problema que a produção enfrenta diante do ácaro vermelho é o estresse. “Aves criadas em gaiolas são constantemente submetidas à condições de estresse. Nas infestações pelo ácaro vermelho, as aves não descansam adequadamente pelo fato do ácaro se alimentar no período da noite. Então, ficam agitadas, tentando remover os ácaros com o bico, durante o período que deveriam estar descansando”, relata a pesquisadora. A perda de sangue das aves parasitadas torna o animal debilitado, com sinais clínicos de anemia, podendo chegar à morte se o parasita não for controlado.

Prevenção

Os ácaros estão presentes na natureza e sempre haverá a possibilidade de infestarem as criações industriais. No entanto, algumas medidas podem ser adotadas pelo produtor para prevenir a entrada dos ácaros nas granjas industriais, tais como:

  • Evitar a presença de aves silvestres dentro das instalações;
  • Monitorar os galpões periodicamente para detecção de focos;
  • Tratar focos assim que forem detectados;
  • Evitar reciclagem de materiais entre galpões e entre granjas;
  • Evitar o transporte dos ácaros nas roupas de funcionários (tratar primeiro galpões infestados e depois os livres de ácaros);
  • Preservar a fauna de artrópodes no esterco das aves.

"Mas em definitivo o mais efetivo até o momento é controlar o crescimento da população ácaro vermelho para não ter efeitos catastróficos sobre as galinhas de postura", Francesc GuinovartFrancesc Guinovart, diretor de operações internacionais da BTA Aditivos, explica que realmente não pode evitar seu surgimento, do ponto de vista prático, devido a vários vetores de entrada granja deste ácaro. “Fatores como granjas abertas ou bioseguridade pouco aberta amplificam o efeito. O que se pode fazer é um trabalho preventivo que minimiza os efeitos, uma vez que existe a infestação. Mas em definitivo e mais efetivo até o momento é controlar o crescimento da população ácaro vermelho para não ter efeitos catastróficos sobre as galinhas de postura”, sugere. Dessa maneira, o controle sugerido por pesquisadores está no manejo de resistência com uso alternado de inseticidas, de forma racional, para cada tipo de grupo para que se tenha uma desempenho mais eficaz. 

Atualmente D.Gallinae é resistente a todos acaricidas químicos existentes no mercado, o que dificulta as ações de controle. Em granjas convencionais, onde as gaiolas ficam suspensas, e ocorre acúmulo de esterco, recomenda-se o controle biológico (Clique a acompanhe o estudo completo sobre Controle de Ectoparasitas) que tem como base o manejo do esterco para preservação de inimigos naturais.