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A eficiência produtiva como uma aliada da cadeia de valor avícola - Por Juliana Batista

Só nos resta uma saída: sermos ainda mais eficientes no que fazemos, otimizando ao máximo os recursos disponíveis com soluções que aliem de forma inteligente o binômio custo X benefício

Juliana Batista, Médica Veterinária, Mestre em Produção Animal e Especialista em Nutrição Animal, VaccinarDizer que o Brasil ocupa uma posição de destaque no cenário da avicultura mundial não é novidade. Somos o segundo maior produtor e o maior exportador de carne de frango do planeta. No Brasil, a representatividade da carne de frango alcançou surpreendentes 54% do volume total de carnes, apresentando um crescimento anual de 3%, índice superior aos das carnes suína e bovina. Sim, estar no topo não é nenhuma novidade e esses números enchem de orgulho aqueles que fazem parte dessa cadeia tão estruturada e profissional.

O ano de 2016 não tem sido fácil: presenciamos uma crise no abastecimento de milho sem precedentes, além de forte retração no consumo interno. O produtor se vê esmagado, pressionado pelo baixo preço de venda versus altíssimos custos de produção. Diante deste cenário, só nos resta uma saída: sermos ainda mais eficientes no que fazemos, otimizando ao máximo os recursos disponíveis com soluções que aliem de forma inteligente o binômio custo X benefício.

Diante deste cenário desafiador, é preciso trabalhar para se conseguir o melhor desempenho. E para isso, um bom começo é fundamental. O uso de tecnologias que permitam um melhor aproveitamento dos nutrientes da dieta, visto que a nutrição corresponde a mais de 70% dos custos de produção, deve ser considerado na tomada de decisão do avicultor que deseja se manter competitivo dentro da cadeia de produção. Aqui podemos citar o processo de peletização de rações como uma solução para maximizar os resultados zootécnicos. Inúmeros benefícios com esse processo podem ser citados, como aumento na digestibilidade e no aproveitamento de nutrientes, menor tempo de ingestão e gasto calórico, redução da seleção de partículas, melhoria na qualidade microbiológica, redução de pó, aumento na densidade energética entre outros. Dessa maneira, a peletização influencia positivamente o desempenho através do aumento de ganho de peso, redução da conversão alimentar e consequente aumento do fator de produção.

Um experimento foi conduzido na Universidade de São Paulo com o objetivo de avaliar a influência de diferentes formas físicas da ração pré-incial no desempenho de frangos de corte de uma linhagem comercial. Foram avaliadas dietas farelada (DF), peletizada e triturada (DPT) e micropeletizada (DMP). Aos sete dias foi possível verificar diferença significativa (P<0,001) no ganho de peso e conversão alimentar. O tratamento que recebeu a ração farelada obteve um ganho de peso de 103 gramas, contra 137 gramas obtidas no tratamento alimentado com a ração peletizada e triturada. Essa diferença se manteve aos 42 dias, quando as aves do tratamento DF pesaram 162 gramas a menos em comparação com o grupo que recebeu a ração peletizada (P<0,001). A conversão alimentar (CA) também foi avaliada no período total e as aves do tratamento DPT apresentaram uma CA de 1,78 contra 1,86 do grupo DF. Dessa maneira, é possível concluir que o processamento da dieta pré-inicial propicia ganhos que se mantêm até o abate, visto que há uma correlação positiva entre o peso aos sete dias e o peso de abate em frangos de corte.

São muitas as barreiras a serem superadas, mas, felizmente, dispomos de soluções capazes de manter a competividade do setor e crescer mesmo diante da crise. Nesse sentido, é preciso avaliar as opções disponíveis e decidir por aquela que propiciará o melhor benefício, que poderá ser percebido pela segurança, qualidade e obtenção de melhores resultados econômicos.

*Juliana Batista, Médica Veterinária, Mestre em Produção Animal e Especialista em Nutrição Animal, Vaccinar