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Entrevista

A influência do Brics será cada vez maior no mundo

O diplomata Rubens Antonio Barbosa ressalta a intensa cooperação entre os países-membros do Brics nas mais diversas áreas, ressaltando que o Brasil terá uma grande oportunidade de montar uma agenda voltada a seus interesses na próxima reunião de presidentes, que acontecerá em São Paulo em 2019

A influência do Brics será cada vez maior no mundo

Personalidades

Por Humberto Luis Marques, de São Paulo (SP)

Os Brics passarão a desempenhar um papel-chave nos próximos anos no cenário internacional. Juntos, os cinco países do grupo representam 44% da população mundial, quase um quarto do território terrestre e 23% do PIB global. Formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics, acrônimo com as letras iniciais em inglês dos países-membros, não chegam a formar um bloco econômico ou associação de comércio formal, como a União Europeia, por exemplo. Eles atuam de maneira cooperada em assuntos de interesse mútuo, o que envolve as mais diversas áreas econômicas e multissetoriais.

O termo foi cunhado em 2001 pelo economista inglês Jim O’Neill, que ressaltou em estudo a mudança do eixo econômico mundial, saindo dos países desenvolvidos para os chamados emergentes, sendo quatro deles os mais representativos dessa transformação, no caso o Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2006, os países começaram uma coordenação em reuniões informais de chanceleres até a primeira cúpula de presidentes organizada em 2009, sendo que a África do Sul só passou a integrar o grupo a partir de 2011.

A reunião de presidentes realizada nesse ano na capital sul-africana Joanesburgo foi extremamente importante do ponto de vista da colaboração entre os países-membros, com diversos acordos assinados. Além disso, 2018 tem sido marcado por diversas reuniões nas mais diversas esferas políticas, totalizando mais de 100 encontros, com alguns deles a serem realizados até o final do ano. Em 2019, a capital paulista irá abrigar a próxima Cúpula dos Presidentes do Brics, cuja agenda é definida principalmente pelo país sede. “Do ponto de vista do Brasil, o fato da reunião acontecer em São Paulo será muito importante. Independente do governo que assuma o País a partir de primeiro de janeiro, a reunião do Brics deveria estar no alto da agenda presidencial visando exatamente a preparação de tópicos de interesse do Brasil. Nós temos que começar a definir o que queremos do Brics. O novo presidente e o futuro ministro do Exterior poderão definir essa agenda, que será direcionada aos nossos interesses e discutida aqui, em nosso país”, afirma o diplomata Rubens Antonio Barbosa, atualmente presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e da Associação Brasileira das Indústrias de Trigo (Abitrigo).

Nesta entrevista exclusiva à Avicultura Industrial, Barbosa fala do Brics e da crescente onda protecionista no mundo, comentando sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China e de a importância do Brasil buscar integrar o chamado TPP, acordo comercial que envolve países do sudeste asiático e América do Sul banhados pelo Oceano Pacífico.

Suinocultura Industrial – Os Brics realizaram uma reunião de presidentes na África do Sul em julho, na qual foram discutidos inúmeros temas importantes, dentre os quais a escalada de protecionismo no mundo. Há uma maior disposição dos integrantes dos Brics em estabelecer formas de cooperação em temas de interesse comum?

Rubens Antonio Barbosa – Essa cooperação já existe em fóruns internacionais, como nas reuniões do G-20 [Grupo das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia], da ONU [Organização das Nações Unidas], do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. O que temos observado agora é uma articulação entre os países do grupo no âmbito da OMC [Organização Mundial do Comércio], impulsionada principalmente por essa onda protecionista que têm aflorado no mundo, ameaçando o livre-comércio e questionando o próprio papel da OMC. O que acredito é que a partir dessa reunião de presidentes, nós entramos em uma nova fase, na qual estão sendo identificadas novas áreas de atuação. No médio e longo prazo, o peso dos Brics no mundo será muito maior. É um processo conjunto de ganho de força. Claro, o Brasil ainda tem de se recuperar de sua crise econômica, da qual já está saindo. A Rússia e a África do Sul terão de melhorar suas economias, assim como China e Índia terão de manter os seus crescimentos econômicos. Com isso, os Brics tendem a ampliar sua presença no cenário global, não só em termos econômicos, mas também políticos, com maior peso no encaminhamento de soluções para crises pontuais.

SI – No cenário atual, qual é o peso dos Brics?

Barbosa – O grupo representa 44% da população mundial, quase um quarto do território terrestre e detém 23% do PIB do planeta. São cinco países de renda média que buscam ampliar soluções para os desafios de um mundo em profunda e rápida transformação, sem, no entanto, questionar os atuais fundamentos da ordem política e econômica global. Do ponto de vista geopolítico, é importante ser levado em consideração que esse grupo possui território, população e riqueza. Nos casos de China e Índia, nem é preciso dizer. Em relação ao Brasil, é muito claro que será uma das grandes potências agrícolas do mundo, responsável por suprir a demanda de acréscimo de alimentos prevista para os próximos 20-30 anos, devido ao aumento da população mundial e do movimento da população rural para as cidades. Há uma perspectiva muito boa para um aumento de cooperação em todas as áreas entre os países dos Brics.

 

SI – Quais seriam as principais áreas de cooperação entre os países-membros do grupo?

Barbosa – Nesse último encontro, os países-membros do Brics aprofundaram a cooperação em diversas áreas, como meio ambiente, esportes e economia digital. Foi instituído um Centro de Pesquisa em Vacinas para ampliar a capacidade conjunta da produção farmacêutica, além de ser lançada uma parceria para explorar oportunidades no setor de aviação regional. Os presidentes assinaram ainda um acordo para a instalação no Brasil de um escritório do novo Banco de Desenvolvimento. Com a sede regional em São Paulo, o banco do Brics irá financiar mais investimentos no Brasil e em toda a América Latina, em especial na área de infraestrutura.

SI – O Banco de Desenvolvimento do Brics foi criado nessa reunião?

Barbosa – O Banco de Desenvolvimento do Brics já existe há dois anos. A instituição tem um arranjo financeiro entre os países-membros, os auxiliando em qualquer dificuldade, além de financiar investimentos. Eu acho que ele ainda é mal aproveitado no Brasil. Com a criação do escritório regional em São Paulo, com certeza um número maior de projetos será submetido à análise para financiamento e implementação.

SI – Os Brics existem desde 2006, portanto, há mais de uma década. Por que demorou tanto para que os laços de colaboração entre os países-membros se estreitassem realmente?

Barbosa – Os países-membros não se conheciam suficientemente. Mesmo aqui na América do Sul, com nossos vizinhos, pouco se conhece. Quem verdadeiramente conhecia a Rússia, China ou Índia? Todos os países-membros vivem um gradual processo de conhecimento recíproco. Se você pegar o comunicado final da reunião de presidentes do Brics, há um anexo com uma lista de reuniões realizadas somente neste ano. Ao todo, são mais de 100 reuniões ocorridas ou ainda previstas em todos os níveis: ministeriais, setoriais ou de altos funcionários. É impressionante o que está acontecendo. Não se dá a devida divulgação a esses fatos, mas está em curso um crescente processo de conhecimento recíproco. A cada reunião presidencial realizada, foram acordados novos encontros. Algo que não existe aqui, com muitos países da nossa região.

SI – A reunião do Brics em 2019 será aqui no Brasil, quando já teremos um novo presidente. Qual a importância dessa reunião e como o novo governo deve encará-la?

Barbosa – Isso vai depender muito do resultado dessa eleição. Claramente alguns candidatos terão mais interesse do que outros nesse assunto. Do ponto de vista do Brasil, o fato da reunião acontecer em São Paulo será muito importante. Independente do governo que assuma o País a partir de primeiro de janeiro, a reunião do Brics deveria estar no alto da agenda presidencial visando exatamente a preparação de tópicos de interesse do Brasil. Nós temos que começar a definir o que queremos do Brics. O novo presidente e o futuro ministro do Exterior poderão definir essa agenda, que será direcionada aos nossos interesses e discutida aqui, em nosso país.

SI – Em termos de acordos comerciais, nos últimos 15 anos o Brasil fechou apenas três e, poderíamos dizer assim, pouco ousados: com Israel, Palestina e Egito. Por que o país não tem adotado uma postura mais incisiva na busca por parceiros comerciais em acordos bilaterais?

Barbosa – O Brasil não assinou nenhum acordo comercial importante nesses últimos 15 anos por uma questão ideológica. Durante o governo do PT se decidiu não fechar acordos comerciais com países desenvolvidos porque se acreditava que isso era contrário aos interesses do país. Foi um equívoco. Nós assinamos três acordos menores do ponto de vista comercial: Autoridade Palestina, Egito e Israel. São parceiros importantes para o Brasil, mas do ponto de vista comercial, com interesse reduzido. A prioridade dada a negociações multilaterais na rodada de Doha também explica esse desinteresse ideológico pela negociação e assinatura de acordos bilaterais. Isso foi muito negativo para o Brasil, que ficou isolado das negociações comerciais. O mundo negociou mais de 400 acordos. É só entrar no site da OMC e verificar.

SI – O sudeste asiático é um dos grandes focos de interesse do agronegócio brasileiro, tendo a China como principal destino de commodities agrícolas. O Brasil não deveria atuar para se tornar um membro do Acordo de Associação Transpacífico [Acordo de livre-comércio que envolve onze países: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Malásia, México, Japão, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã, conhecido como TPP], ampliando assim sua presença em países da região banhada pelo Pacífico?

Barbosa – O TPP já possui três países-membros da América Latina: México, Peru e Chile. Dentre os candidatos à presidência, o Geraldo Alckmin já se posicionou favorável à adesão do Brasil ao acordo. Claro, isso não é automático, há a necessidade de os onze países-membros aceitarem novos sócios. Mas, do ponto de vista do agro e do setor de mineração, a participação brasileira no TPP é algo muito importante. Hoje, soja, milho, aves e suínos são exportados em grande volume para a China e outros países asiáticos. Com a entrada em vigor do TPP, o Brasil perderá muito de sua competitividade, se não for membro. Isso porque países como Austrália, Nova Zelândia e Vietnã, por exemplo, terão preferências tarifárias em relação aos produtos brasileiros para comercialização no bloco. No agro, haverá perda de competitividade, caso o Brasil não se una ao TPP.

SI – Os Estados Unidos seguem em uma guerra comercial com a China, a qual parece estar em jogo não só questões econômicas, mas a própria hegemonia mundial. Como o senhor avalia essa disputa ao longo dos próximos anos?

Barbosa – Bom, temos várias coisas nessa disputa. Em termos geopolíticos, o governo Trump resolveu eleger a China como sua grande adversária para os próximos anos. China e Estados Unidos são os dois países mais fortes economicamente do mundo. Os chineses são os maiores compradores e os americanos os maiores exportadores. Ambos estão competindo em termos econômicos. Não há ainda uma competição estratégica-militar, porque nessa área a diferença entre os Estados Unidos e a China ainda é muito grande. Mas, os americanos já começam a ficar preocupados com o poderio bélico chinês. Nesse momento, os Estados Unidos tem atuado de forma a enfraquecer a China por meio de medidas e restrições comerciais. Os chineses são os maiores parceiros econômicos dos americanos, com um saldo de mais de US$ 320 bilhões. O Trump quer reduzir esse superávit comercial impondo restrições protecionistas aos produtos chineses. No dia 23 de agosto entrou em vigor uma série de restrições que afetam diretamente os produtos chineses. Inicialmente era o aço, mas houve uma escalada para uma série de outros itens exportados para os Estados Unidos.

SI – O senhor não acredita numa solução de consenso entre os dois países para esse assunto?

Barbosa – Há tentativas de resolução, só que elas não têm avançado rapidamente. Os ministros de Comércio Exterior da China e dos Estados Unidos vêm conversando, mas o cronograma imposto pelo Trump está sendo executado, pelo menos por enquanto. O governo chinês já anunciou que irá retaliar, colocando restrições tarifárias de milhões de dólares sobre produtos americanos. Há uma escalada que não é apenas verbal, mas real com a imposição de novas sanções e retaliações da China sobre os Estados Unidos.

SI – Essa “briga” não seria apenas uma medida de força entre os dois países, com eles vindo a se entender em pouco tempo?

Barbosa – Primeiro, temos de ver se essa guerra comercial realmente irá se instaurar. É bom lembrar que os americanos iniciaram uma ameaça de guerra comercial com os europeus, estancada com um acordo relativo à exportação de soja, possivelmente em detrimento do produto brasileiro. O grande problema é que quando essas potências comerciais se acertam, são os menores que sofrem. Caso Estados Unidos e China se entendam lá na frente, os interesses brasileiros serão afetados. Se essa guerra comercial se ampliar para além de americanos e chineses, os interesses brasileiros também serão afetados. Sobretudo no agro, que hoje é a grande bandeira que temos no comércio internacional.

SI – O Brasil não seria peça-chave nessa disputa, já que tem um potencial grande no agronegócio?

Barbosa – Como se diz na gíria, “isso é briga de cachorro grande”. O Brasil representa apenas 1% de todo o comércio internacional. Não tem como interferir nessa disputa.

SI – Na América Latina não há processos de integração ou acordos comerciais em andamento? O Brasil não tem atuado de forma a fortalecer o comércio na região?

Barbosa – Dentro da nova geopolítica há três novos elementos com força, que são a regionalização, o crescimento da digitalização e a globalização por meio de acordos comerciais. Regionalização hoje é um fato. Ele acontece na América do Norte, na Europa, na Ásia e, agora, na África. Só na América Latina é que ocorre uma desintegração regional. A questão é que nesses últimos 15 anos o Brasil ficou a reboque disso tudo. O país perdeu a capacidade de influir na região. O futuro governo terá de reverter esse processo, aumentando a influência brasileira por meio de políticas proativas e de sua liderança. O Brasil tem de adotar medidas concretas, começando por um amplo projeto de infraestrutura regional, que facilite o escoamento de produtos brasileiros. Os políticos precisam começar a pensar no Brasil.

SI – Nesses últimos anos não se pensava no Brasil?

Barbosa – Durante 15 anos, o governo só pensou em solidariedade, ideologia, Cháves [Hugo Chávez, presidente da Venezuela entre 1999-2013] e bolivarianismo [doutrina política que vigora em alguns países da América do Sul, principalmente Venezuela]. Os interesses nacionais ficaram em segundo plano. É preciso resgatar a presença do Brasil na região; ele representa 70% de tudo isso. Não podemos ficar a reboque dos acontecimentos. Nesses dois últimos anos o rumo começou a ser corrigido, mas ainda há muito a ser feito. Se abrirmos o jornal, podemos ler que o Equador convocou uma reunião para discutir a questão humanitária dos venezuelanos. O Brasil está sendo diretamente afetado pelos acontecimentos na Venezuela, então ele tem de tomar a liderança nessa e em outras questões de impacto sobre os seus interesses.

SI – Nos últimos anos, o Brasil não assumiu o papel de liderança que deveria desempenhar?

Barbosa – Durante o seu governo, o Lula disse que o país iria assumir a liderança na região. Isso está escrito no discurso dele. Só que ao longo de oito anos e, depois, no governo Dilma, aconteceu o contrário. Perdemos totalmente nossa capacidade de liderar, ficando a reboque do bolivarianismo. É algo perceptível nos calotes dados aqui na região ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], no apoio a regimes autoritários como o venezuelano, na nacionalização de refinarias da Petrobras na Bolívia. Não reagimos a nenhuma dessas coisas. Gradativamente, o Brasil foi perdendo a posição de relevância na América do Sul. Isso tem de ser recuperado, sobretudo, por meio de ações concretas em resposta a situação política vivida na Venezuela. Em infraestrutura, é necessário a abertura de portos no Pacífico. Estou falando de Ásia, é lá hoje o nosso principal mercado. Não é mais a Europa ou os Estados Unidos. O que o Brasil fez nesses últimos 15 anos para melhorar a infraestrutura visando superar o desafio dessa nova direção do nosso comércio exterior? O comércio exterior brasileiro saiu do Norte e do Leste seguindo para o Oeste, onde está a Ásia. Exportar pelo Pacífico ficaria muito mais barato e rápido do que toda a volta necessária atualmente para se chegar até a China. Esse é um dos pontos que o próximo governo tem de entender e adotar medidas concretas.

SI – O Brasil vive um período de dificuldades econômicas, mas ainda figura entre as dez maiores economias do mundo, tem instituições democráticas consolidadas e fortes. Mas, parece haver certo pessimismo no brasileiro. Isso é tudo culpa da política? Como o senhor projeta o Brasil para os próximos anos?

Barbosa – A atual eleição será crucial para o futuro do Brasil. É um divisor de águas. A sociedade brasileira terá de optar entre um modelo modernizante de país, com abertura da economia, reformas profundas, estabilização econômica e com o Brasil ocupando uma nova posição no mundo. Ou, olhar para trás. Retornar a um tipo de política que já conhecemos e sabemos dos resultados. O país precisa de uma profunda mudança do ponto de vista econômico, comercial, de política externa e de investimentos em Ciência e tecnologia. Hoje, o Brasil está isolado das negociações comerciais, atravessando um crescente gap tecnológico. A Embrapa, por exemplo, necessita passar por um processo de modernização. Os outros países estão se desenvolvendo. A Rússia é um bom exemplo. Em pouco menos de uma década os russos se transformaram em uma potência global exportadora de trigo, ocupando a liderança do mercado mundial. Inclusive, a Abitrigo está propondo aos candidatos a criação de uma política nacional do trigo, único grão o qual o Brasil ainda é dependente. Precisamos importar para atender nossa demanda. No entanto, isso é um pequeno detalhe. Nós temos que pensar nas grandes transformações em curso no mundo. O Brasil não pode ficar isolado como ficou nesses anos todos.

 

SI – O que o futuro presidente terá de fazer para mudar essa situação vivida há vários anos pelo Brasil?

Barbosa – É preciso aumentar a voz do Brasil. Não é possível uma das dez maiores economias do mundo se portar como se fosse uma potência menor. Nós temos interesses a defender, dispomos de um setor privado importante. O Brasil precisa reduzir o papel do Estado na sua economia; simplificar, desburocratizar. Espero que o resultado desta eleição aponte para esse caminho. Nós temos candidatos alinhados à modernização do Brasil, seguindo em direção à estabilidade econômica e política, com segurança jurídica para o investidor. Há dois modelos em disputa nessa eleição. Um é o modelo reformista e, outro, o estadista. Se for eleito o modelo reformista, rapidamente o Brasil volta a crescer. A reação será imediata. O que temos vivido é uma falta de confiança do empresariado, assim como do consumidor interno e externo. Com a recuperação dessa confiança, o crescimento retorna. Agora, se formos para a outra direção, será a maneira mais rápida de seguirmos um caminho sem volta para a Grécia [se refere à crise econômica vivida pelos gregos a partir de 2008], no que tange a perda para as futuras gerações. Os próximos 20 anos serão definidos nessa eleição.

SI – As reformas terão de estar no cerne do futuro governo, então?

Barbosa – As reformas tributárias, da previdência, política. Elas têm de ser feitas. Ocorre que alguns candidatos querem revogar a reforma trabalhista. Dizem que não há problemas na previdência. Não querem reformar o Estado. Então, são candidatos que podem aumentar a instabilidade política. A sociedade brasileira está colocada diante de uma situação limite. Se ela não acertar a mão, teremos uma crise política ou outra crise econômica. Não me refiro especificamente a um candidato ou outro. Existem alguns que trazem em seus programas essas ideias reformistas. Eu falo do ponto de vista do Brasil. As pessoas pensam em tudo, menos no Brasil. Eu espero que a sociedade brasileira pense no país nessas eleições.

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