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Agropecuarista ao pé da letra - por Arnaldo de Souza

Colaborador do site fala de sua participação em reuniões, debates e apresentações de sistemas de produção integrados.

Agropecuarista ao pé da letra - por Arnaldo de Souza

Há mais de 10 anos tenho participado de reuniões, debates e apresentações de sistemas de produção integrados. Tal sistema gera renda em diferentes fases para o produtor rural e de quebra ajuda a preservar o meio ambiente, além de melhorar as condições do solo. Atualmente, o Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) vem sendo apresentado como a grande novidade do mercado no agronegócio brasileiro.
O Brasil possui cerca de 2,5 milhões de hectares com ILPF e espera-se que em cinco anos tenhamos o equivalente a 10 milhões de hectares. Essa corrida se deve ao financiamento aberto pelo Governo através do Plano ABC, Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) realizou, entre julho de 2014 e fevereiro deste ano, 5,3 mil contratos com a liberação de R$ 2,5 bilhões em crédito. De julho de 2010 até junho do ano passado, o programa financiou 27 mil contratos no valor de R$ 7,5 bilhões. Somando esses dados, o total geral financiado pelo Plano ABC foi de aproximadamente 32 mil contratos no valor de R$10 bilhões.
O ILPF está tão importante que foi o tema principal, e posto em debate, no XIV Congresso Brasileiro de Agronegócios, realizado no início de agosto em São Paulo foi “Sustentar é Integrar”.
O sistema de produção integrada promove a recuperação de áreas de pastagens degradadas agregando, na mesma propriedade, diferentes sistemas produtivos, como os de grãos, fibras, carne, leite e agroenergia. Busca melhorar a fertilidade do solo com a aplicação de técnicas e sistemas de plantio adequados para a otimização e a intensificação de seu uso.
Toda essa produção acaba levando o produtor a ser agropecuarista ao pé da letra.
Essa integração possui a capacidade de mitigar até 1,5 toneladas de CO2 (gás carbônico) por hectare/ano. Hoje, o Brasil possui 151,2 milhões de hectares de pastagens, 83,8 milhões de hectares de agricultura, sendo que, desse total, 58,5 milhões de hectares são grãos e 7,7 milhões de hectares plantados com floresta.
Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o Paraná possui em torno de 1,5 milhão de hectares plantados com floresta, 3,2 milhões de hectares de pastagem na região Noroeste, maior polo de produção de gado de corte, e 5,84 milhões de hectares com grãos contabilizados na safra verão 2014/15. Se tudo isso foi integrado, seria fantástico.
A integração visa unir a produção com produtividade potencializada. Nas bordas da área plantada com soja, colocam-se árvores, depois o gado come a palhada ou é criado próximo da produção.
A ideia é que a produção integrada se sustente por 10 anos. A questão que fica é a seguinte: se o Governo cortar o financiamento para o iLPF o que o ocorrerá com esse modo integrado de culturas? Vai se manter da renda advinda dele?
Pelo menos a tendência é de que agricultores se tornem silvicultores e pecuaristas e vice-versa.