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Alerta à avicultura, vem dos produtores integrados do noroeste do PR. As contas não fecham

A partir do segundo semestre de 2015, devido à alta nos custos de produção dos últimos 2 anos, os avicultores integrados produtores de frangos de corte vem amargando falta de lucratividade na atividade.

Alerta à avicultura, vem dos produtores integrados do noroeste do PR. As contas não fecham

A partir do segundo semestre de 2015, devido à alta nos custos de produção dos últimos 2 anos, os avicultores integrados produtores de frangos de corte vem amargando falta de lucratividade na atividade.

Isso está ocorrendo em grande parte dos proprietários de aviários da região, com algumas ressalvas por empresas e produtores.

Como os custos de produção aumentaram em média 30% na sua totalidade nos últimos 2 anos e as integradoras repassaram parte disso ou em alguns casos as integradoras não repassaram nada nesse período até 14 de março, os integrados estão sofrendo para equilibrar seus custos operacionais e financiamentos.

Sabemos que a energia é a grande vilã desse aumento, pois a mesma aumentou 130% em dois anos.

Os principais custos são:

• Operacionais que gira em torno de R$ 0,54 por ave abatida
• Financiamento (pressão negativa) em torno de R$ 0,42 por ave abatida
• Depreciação R$ 0,11 por ave abatida (Embrapa)

Dentro dos custos operacionais temos: Mão de obra, energia, aquecimento, material para cama, tratamento da cama nos intervalos (gás, gesso ou cal), manutenção elétrica e mecânica, geradores, seguros, funrural, pequenas reformas, ferramentas, EPIs, equipamentos auxiliares, eletricista, lubrificantes, encanamentos, combustíveis, manutenção de estradas, composteiras, poço artesiano, arco de desinfecção, herbicidas, raticidas, cercas, diárias extras, implementos, papel, despesas com banco, impostos e cartório.

Sabemos que a média de receita anual dos produtores, gira em torno de R$ 0,72  por isso que a conta não fecha, principalmente para quem tem financiamento a pagar. Existem produtores em algumas empresas com uma média anual em torno de R$ 0,85 por ave, mas são poucos e representam menos que 15% da totalidade, esses focado nas cooperativas e em menor proporção nas agroindústrias particulares.

O mercado do frango está em alta a 3 anos, principalmente nas exportações devido a qualidade do frango brasileiro. Mas no último ano não está remunerando a base da produção que é, as propriedades da porteira para dentro. Isto é, a avicultura está a mil maravilhas da porteira da granja para fora, pois só vemos recordes e mais recordes de produção enquanto o avicultor está se defasando financeiramente e perdendo a capacidade de investimento, manutenção e crescimento em suas propriedades. Vemos empresas aumentando seu faturamento em um ano em mais de 20% e os integrados se equilibrando em cima de altos custos de produção para não sucatear suas granjas.

A alerta é preocupante, pois podemos mergulhar em uma descapitalização dos produtores e consequentemente em sucateamento de granjas como aconteceu em parte da década de 90 e em 2002 e 2006, onde muitos estados brasileiros regrediram ou pararam de fazer investimentos no setor.

Muitos avicultores estão já renegociando dívidas com os bancos e isso já é um termômetro de preocupação. E por consequência poderá vir a piora dos resultados zootécnicos que agrava mais ainda a situação da propriedade que tem problemas financeiros, devido à falta de investimentos em novas tecnologias e até em manutenção preventiva dos equipamentos e construções.

Vejo que os avicultores começam a se mobilizarem pacificamente perante suas empresas integradoras para encontrar solução para tal fato, mas com pouco sucesso. Isso precisa ser bem aceito por parte das agroindústrias, pois os verdadeiros pilares da produtividade, quantidade e continuidade desse processo de parceria depende da lucratividade dessa base produtiva.

Está praticamente estancado o entusiasmo em fazer novas granjas, muitos produtores pararam com seus projetos neste ano.

Nos preocupa muito quando vemos produtores deixando de investir em itens que refletem diretamente na produtividade, devido à falta de recursos. Isso tudo, faz com que a propriedade decline para menores índices de produtividade e consequentemente menor remuneração ainda.
Nas planilhas de remuneração para os avicultores, precisamos mensurar o lucro, pois toda a atividade para se manter precisa de lucro líquido, que isso é o combustível para a continuidade e crescimento. Ninguém investe na avicultura somente pela paixão na atividade, embora isso ajude muito, mas precisa-se de lucro líquido.

Todos os dados descritos são com base em medias anuais, pois é uma falsa realidade vermos que em alguns casos tem produtores que ganham mais do que R$ 1,00 real por ave em um lote. Isso acontece muitas vezes, mas acontece também que na mesma propriedade ganha R$ 0,50 ou menos, em outro lote. Esta variabilidade acontece devido a produtividade diferente entre lotes dentro na mesma propriedade. Os fatores que diferencia isso são vários e a responsabilidade pode ser de ambos os lados.

Temos que parabenizar algumas empresas que aumentam a remuneração anualmente a seus avicultores de acordo com os custos e inflação, enquanto outras só melhoram o pagamento em pequeníssima escala a partir de manifestações de insatisfação.

Fica um pouco preocupante quando vemos o valor de um frango (ou partes dele) no mercado e sabemos que o produtor integrado ganha bem menos do que R$ 1,00 por frango em média ano para cria-lo.

A conta não fecha, temos que repensar isso, antes que seja tarde demais, pois produzimos a proteína mais barato do mundo e o avicultor está sem lucratividade e muitos casos no prejuízo, pagando para trabalhar.

*Valmor Ceratto é Produtor e Consultor Avícola. Saiba mais www.ceratto.com.br