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Saúde Animal

Bacillus subtilis controla salmonela

Estudo aponta redução de 84,80% na presença da S. minnesota em frangos de corte tratados com este probiótico.

Bacillus subtilis controla salmonela

Estudo* conduzido por especialistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) demonstrou que a adição do probiótico GalliPro C (Bacillus subtilis DSM 17299 em alta concentração) à ração de frangos de corte diminui significativamente a presença da bactéria Salmonella minnesota no trato intestinal das aves infectadas, equiparando-se aos níveis encontrados em animais não inoculados (controle). Produzido pela dinamarquesa Chr. Hansen e distribuído pela Pfizer Saúde Animal no Brasil, GalliPro C aumenta o ganho de peso das aves e melhora a conversão alimentar, uma alternativa para o uso de antibióticos promotores de crescimento. Esta é a primeira pesquisa a comprovar também a eficácia do produto para controle da Salmonella minnesota em frangos de corte.

Segundo a veterinária e professora Elizabeth Santin, coordenadora do Centro de Estudos da Resposta Imunológica em Aves/Laboratório de Microbiologia e Ornitopatologia da UFPR e responsável pela pesquisa, aos 35 dias de tratamento houve redução de 62,09% na contagem de S. minnesota no ceco (porção inicial do intestino grosso) dos frangos em relação ao grupo controle positivo (infectado) que não recebeu qualquer tratamento. Na análise de amostras das cloacas 48 horas após a inoculação com S. minnesota, houve diminuição de 84,80% na contagem desta bactéria quando comparado ao grupo controle positivo. 

Já a redução da presença desta bactéria na cama aviária (material que recobre o piso das granjas e serve como leito para os animais) dos frangos que receberam GalliPro C foi de 76,74% aos 21 dias e de 20,90% aos 35 dias de tratamento. O controle da S. minnesota no ambiente é importante, pois há uma relação direta entre a presença da bactéria na cama e a infestação das carcaças de frango destinadas ao consumo. 

“Pudemos observar que os animais que receberam tratamento com GalliPro C na ração apresentaram redução significativa de isolamento da S. minnesota, sendo a contagem desta bactéria semelhante aos níveis encontrados no grupo controle negativo (não infectado). A partir deste estudo, podemos afirmar que GalliPro C pode melhorar a microbiota intestinal dos frangos de corte e, desta forma, funcionar como uma ferramenta eficaz para controle da S. minnesota”, explica Elizabeth Santin.

O uso de probióticos tem se consolidado como um dos métodos naturais mais promissores para o controle das salmoneloses aviárias, pois as bactérias que os compõem já estão presentes no trato intestinal das aves desde o nascimento. Elizabeth pondera que ainda se conhece muito pouco sobre o funcionamento dos probióticos e a forma pela qual auxiliam no equilíbrio de determinadas bactérias nocivas no organismo. Porém, acredita-se que pode ser por competição pelos nutrientes ou por sítio de locação.

“No caso deste estudo com GalliPro C, pudemos verificar que o produto diminui a presença da S. minnesota no trato digestório das aves infectadas por dois mecanismos: a competição entre as bactérias e uma melhoria na resposta imunológica dos animais. O probiótico aumentou a presença de células Caliciformes no trato intestinal, que são produtoras de muco. Este muco promove uma proteção da mucosa contra a Salmonella, pois diminui as condições favoráveis para aderência desta bactéria à mucosa do trato gastrintestinal”, salienta a pesquisadora.

Os prejuízos da Salmonella minnesota aos plantéis brasileiros são difíceis de ser mensurados devido à ausência de publicações recentes a respeito das infestações por esta bactéria. “Apesar dos animais infectados não apresentarem sinais clínicos ou perda de desempenho, como as demais Salmonellas, a S. minnesota tem uma interação forte com a saúde pública levando muitas vezes à intoxicação alimentar em humanos. Deste modo, sua presença nos plantéis provoca restrições para comercialização das aves e seus derivados”, finaliza Elizabeth.

Sobre a salmonelose aviária

A salmonelose aviária, infecção por bactérias do gênero Salmonella enterica – que tem entre suas variedades a Salmonella minnesota –, é considerada a doença bacteriana de maior impacto na avicultura mundial por provocar altas taxas de morbidade, nascimento de pintinhos de baixa qualidade, diminuição da eclodibilidade dos ovos e, por vezes, a morte dos animais. A doença pode provocar enterite e septicemia (infecção generalizada grave, desenvolvida por via sanguínea) nos plantéis avícolas. Muitos países, inclusive o Brasil, possuem vigilância sanitária para controle da Salmonella, com regras específicas ditadas pelas agências governamentais.

Estas bactérias também são as principais responsáveis pela manifestação de doenças infecciosas alimentares no homem e podem levar, inclusive, a septicemias severas. A salmonelose constitui ainda um grave problema de saúde pública por provocar surtos rapidamente. A diarreia decorrente da doença pode ser forte em alguns casos, levando à hospitalização devido à desidratação. Os grupos mais suscetíveis às manifestações severas da salmonelose são os idosos, crianças e pacientes com baixa imunidade. O controle da doença envolve higiene rigorosa e a eliminação dos focos, ou seja, das aves portadoras da bactéria. 

O crescimento acelerado da avicultura brasileira na década de 90 criou condições favoráveis para a manutenção e proliferação das bactérias do gênero Salmonella enterica nos plantéis avícolas. Combinado a este cenário, o uso indiscriminado de antibióticos em aves facilitou a manutenção de lotes positivos para Salmonella enterica. “O Brasil busca controlar as Salmonellas em carcaças e ovos tanto por meio do investimento em pesquisas quanto pelas políticas de prevenção aplicadas pelas empresas avícolas. Desta maneira, reduzimos as infestações por Salmonellas e, consequentemente, apresentamos, atualmente, baixo risco de intoxicação alimentar pelo consumo de aves e seus derivados no País”, finaliza Elizabeth. 

Fonte:
*Santin, Elizabeth. GalliPro C adicionado na ração para controle de Salmonella minnesota em frangos de corte. Universidade Federal do Paraná – Laboratório de Microbiologia e Ornitopatologia, Departamento de Medicina Veterinária. Março, 2011. Paraná, SP, Brasil.