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Bacteriófagos: estudo da ação lítica sobre Salmonella Minnesota isoladas de cama de frango

Aditivos alimentares à base de bacteriófagos podem ser potenciais auxiliares no controle de salmonelas paratíficas

Bacteriófagos: estudo da ação lítica sobre Salmonella Minnesota isoladas de cama de frango

Bacteriófagos (fagos) são vírus amplamente distribuídos na natureza e que infectam bactérias. Os fagos que induzem o rompimento da célula bacteriana hospedeira após a infecção e multiplicação intracelular são aqueles que desempenham o ciclo lítico, resultando em efeito bactericida.

O reconhecimento da bactéria-alvo ocorre por meio de receptores específicos, geralmente presentes na superfície da célula bacteriana, a partir dos quais há a adsorção e infecção do alvo enquanto outras bactérias da microbiota permanecem intactas.

Essa alta especificidade dos fagos; a incapacidade de infectar células humanas e animais; e a rápida eliminação do organismo na ausência da bactéria-alvo justificam o interesse de uso como ferramenta de controle biológico de bactérias patogênicas na produção animal.

É o caso da avicultura, onde aditivos alimentares à base de bacteriófagos podem ser potenciais auxiliares no controle de salmonelas paratíficas. A constante pressão de infecção das aves por Salmonella nas granjas exige prevenção contínua, baseada em vigilância, biosseguridade e vacinação; aliada a programas de controle integrado.

Flutuações temporais e regionais na prevalência de sorotipos são detectadas pela monitoria periódica de Salmonella nas granjas avícolas.

Partindo desses dados, o uso de bacteriófagos confere uma vantagem em relação a outras opções de aditivos alimentares já bastante usados no controle de salmoneloses paratíficas na avicultura, explorando a característica de especificidade para direcionar o combate aos sorotipos epidemiologicamente relevantes num dado momento e região.

Ainda que o mecanismo de ação de bacteriófagos seja atualmente melhor compreendido, a seleção de fagos-candidatos ao desenvolvimento de aditivos biológicos para uso animal não é tão simples. Além dos critérios primordiais de segurança, que incluem a natureza estritamente lítica, sem promover integração ao genoma da bactéria hospedeira; e ausência de genes de resistência a antimicrobianos ou que codifiquem fatores relacionados à patogenicidade bacteriana; os fagos usados em aditivos alimentares precisam ter habilidade de sobreviver no veículo de administração e alcançar o sítio de atuação in vivo, a ponto de que a concentração de fagos livres seja suficientemente capaz de induzir a redução da população bacteriana-alvo. Devem ainda ser efetivos sobre a ampla diversidade de cepas de campo da bactéria.

A Embrapa tem atuado no desenvolvimento de um biofármaco à base de bacteriófagos para controle de salmonelas paratíficas avícolas, com foco principal em S. Enteritidis, S. Typhimurium e S. Heidelberg.

Três bacteriófagos nativos (BRM 13312, BRM 13313 e BRM 13314) da coleção de microrganismos da Embrapa Suínos e Aves reúnem as características desejadas para esse produto, com ação lítica já estudada frente a determinados sorotipos de Salmonella (Tabela 01)1. Em se tratando de um produto cuja conformação permite adaptação de acordo com as necessidades de mercado, é possível substituir ou incluir novos fagos visando atender a alternância de sorotipos problemáticos no campo. Salmonella Minnesota tem sido detectada em alta prevalência em cama de frangos no país2, refletindo na contaminação de carcaças ao abate2,3 e também relatada no produto exportado4.

Duas linhagens de S. Minnesota parecem predominar na avicultura brasileira, ambas apresentando genes de resistência a antimicrobianos e de virulência, e com considerável diversidade genômica5.

Para atuar de forma mais assertiva no desenvolvimento do biofármaco com fagos, atendendo às expectativas de uso frente aos sorotipos paratíficos emergentes em frangos de corte, esse artigo relata o estudo da ação lítica dos bacteriófagos pesquisados pela Embrapa sobre cepas de campo de S. Minnesota.

Confira a matéria completo na Edição 1316 da Revista Avicultura Industrial