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Pandemia

Brasil poderá suprir a demanda global de alimentos diante da crise

Em muitos países, a oferta e a produção de alimentos têm sofrido limitações e interrupções devido à crise do Coronavírus, que também afeta setores como o de transporte e indústria.

Brasil poderá suprir a demanda global de alimentos diante da crise

Diante da crescente preocupação, no mundo, com a capacidade de suprimento das cadeias produtivas do agro, em virtude da pandemia do novo Coronavírus, o Brasil poderá ter uma grande oportunidade para atender a essa demanda global de abastecimento. A afirmação é do diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e professor da USP/Ribeirão Preto, Marcos Fava Neves.

“O Brasil tem agora a chance de estabelecer, a toque de caixa, convênios com países importadores que ofereceram sempre muitas dificuldades para se abrir às exportações brasileiras, impondo todo o tipo de barreiras. Chegou a hora de criar esses protocolos, habilitar plantas frigoríficas brasileiras de todas as carnes e estarmos aptos a vender para esses países”, ressaltou o especialista.

Segundo ele, em muitas regiões do mundo, como nos Estados Unidos, por exemplo, surge a necessidade de interrupção das cadeias do agro, por conta de contaminação com o Coronavírus em atividades de transporte e em procedimentos industriais.

Carnes

“Recentemente, ouvimos notícias de fechamento de plantas de frigoríficos de carne bovina nos Estados Unidos, devido à contaminação, em alto grau, de seus funcionários, que talvez não tenham adotado as medidas necessárias de proteção. Além disso, fomos informados sobre o fechamento da maior processadora americana de suínos”, observou Neves.

“O agro dos EUA é o maior do mundo, mas com esses problemas eles terão de importar, e provavelmente vão desabastecer os mercados para os quais eles vendem. Isso pode representar uma boa oportunidade para o Brasil”, destacou o diretor da SNA.

“Poderemos aumentar nossa exportação de carnes, para compensar um pouco a queda que tivemos no mercado interno em virtude da crise instalada”.

Apesar do problema do Coronavírus, as perspectivas para o agro brasileiro esse ano, segundo Neves, é de crescimento, tanto em relação ao PIB quanto à renda agrícola, que para ele deverá passar dos R$ 700 bilhões.

Mais afetados

obre os segmentos do agro mais atingidos pela crise, o diretor da SNA comentou que, no caso do setor de flores, é importante, nesse momento, ampliar os sistemas online e de varejo. “Chegou a hora de o varejo expandir o segmento de flores, estimulando os consumidores a comprar”.

No caso do setor leiteiro, Neves comentou que, pelo fato de ser uma cadeia extremamente perecível, “também é preciso trabalhar os canais de distribuição”.

Quanto ao setor sucroenergético, o professor da USP afirmou que, enquanto “o açúcar está com um preço razoável no mercado interno, com as usinas fixando valores bons para exportação”, o etanol enfrenta problemas em um cenário de baixos preços internacionais do petróleo.

Nesse sentido, Neves lembrou que o governo brasileiro deverá anunciar medidas importantes como o pagamento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, a desoneração do etanol e a liberação de recursos para enfrentar a baixa de consumo, “num momento em que usinas têm custos altos e precisam estocar etanol, sem contar com fluxo de receita”.

Para o diretor da SNA,  “o Brasil terá ainda dois ou três meses de dificuldades, mas depois, sob uma ótica otimista, as coisas voltarão ao seu curso normal”.

Safrinha de milho

Com relação a safra brasileira 2019/20, Neves considerou positiva a estimativa de abril divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que registrou 251.8 milhões de toneladas de grãos (100 mil de toneladas a menos que a projeção do mês anterior), e também se mostrou otimista com o desempenho da safrinha de milho.

“Ouvi muitas reclamações sobre o clima (falta de chuvas) incidindo sobre essa segunda safra, mas as perspectivas são boas, até porque já está chovendo nas regiões produtoras e deve continuar a chover nos próximos dias”, informou o especialista, acrescentando que essa condição é bastante oportuna “neste momento em que o Brasil pode ter essa chance de abastecer com alimentos o mercado mundial”.