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Tecnologia

BRF começa a adaptar fábricas à era digital

Dona das marcas Sadia e Perdigão conta com aplicativo para monitorar indicadores nas granjas

BRF começa a adaptar fábricas à era digital

Quando foi contratado pela Perdigão, aos 17 anos, o administrador Antonio Carlos Cesco se ocupava da emissão de notas fiscais em Videira, município catarinense onde surgiu a empresa que daria origem à BRF. Três décadas depois, cabe ao executivo liderar – e acelerar – a transformação da fabricante de alimentos rumo ao mundo digital.

De Curitiba, onde agora está sediado, o diretor global de TI da BRF coordena 45 projetos, que envolvem desde a conexão das fábricas à internet e adaptação dos frigoríficos à indústria 4.0 até o lançamento de aplicativos para monitorar os indicadores das granjas de forma mais ágil, facilitando a tarefa dos milhares de granjeiros que antes precisavam preencher à mão um calhamaço de planilhas.

A equipe de Cesco também ajuda a aprimorar assistentes virtuais como a Flor do RH, que serve aos 80 mil funcionários do grupo, a Eva da TI e a Tina da Força de Vendas. Os diferentes ‘bots’ foram desenvolvidos com Watson, plataforma de inteligência artificial da IBM. “Temos um assistente virtual que tira dúvida do colaborador por WhatsApp, 24 horas por dia e sete dias por semana”, diz Alessandro Bonorino, vice-presidente global de gente, serviços e tecnologia da empresa.

Na estratégia da BRF, os projetos voltados à digitalização de processos nas granjas e sobretudo nas fábricas parecem os de maior potencial para ampliar a produtividade. Bonorino e Cesco evitam detalhar o investimento nas iniciativas, mas garantem que o volume é crescente. “Em 2020, aumentamos o investimento em tecnologia em 30%. Para 2021, vamos investir no mínimo 50% a mais”, diz o vice-presidente.

Para o campo, uma das principais iniciativas na área de tecnologia foi o desenvolvimento do aplicativo de celular para que os granjeiros insiram indicadores como consumo de água, ração e ganho de peso dos frangos e suínos. Lançado no início do ano passado, o aplicativo já foi adotado por cerca de 80% dos mais 9,5 mil produtores integrados da BRF, diz Cesco.

“Antes desse aplicativo, você tinha que ligar para passar as informações ou [esperar] o veterinário pegar. Era um transtorno”, conta Jorge Ebeling, integrado da BRF em Rio Verde (GO) que cria cerca de 185 mil aves em oito galpões. Com o aplicativo, o histórico de produtividade dos lotes de frango pode ser facilmente obtido.

De acordo com o integrado, o aplicativo também dispara alertas para os criadores relatando a programação do envio de ração, facilitando a organização. Os produtores também podem sugerir melhorias, afirma Ebeling, que propôs a inclusão dos resultados do controle sanitário para detectar presença de salmonela no aplicativo da BRF.

Ao poucos, a empresa está ampliado as funcionalidades do aplicativo, como a criação de um módulo voltado aos veterinários que acompanham as granjas. No futuro, a tecnologia permitirá que a BRF possa ter estimativas mais precisas para projetar a produção futura de carnes suína e de frango. As granjas do futuro também contarão com sensores para acompanhar os indicadores em tempo real, e desvios de produtividade serão notados com uma rapidez hoje improvável.

Dentro das fábricas, a BRF também faz testes. Em Lucas do Rio Verde (MT), um dos principais complexos industriais, a área de TI instalou rede de Wifi por toda a unidade. Com isso, diz Cesco, “todos os dados importantes de eficiência e produtividade”, como o rendimento da carcaça do frango, podem ser inseridos pelos gerentes da linha a partir de celulares.

Até o fim de 2021, todas as fábricas da BRF serão dotadas de Wifi nas diferentes etapas da produção. Um outro modelo, mais avançado, é testado pela BRF nas unidades de Marau (RS) e Buriti Alegre (GO). Nesses casos, os indicadores são captados automaticamente por sensores. A previsão de Cesco é que esses testes sejam concluídos até o segundo trimestre de 2021.