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Comentário

Como ser assertivo nos projetos - por Geraldo Passarelli

Todos projetos precisam ser tecnicamente corretos e economicamente viáveis.

Como ser assertivo nos projetos - por Geraldo Passarelli

Os projetos de refrigeração, por exemplo, sempre terão como objetivo a implantação de barreira adicional para aumento da segurança do produto.

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Entretanto, para o dimensionamento do custo de oportunidades e estudo da viabilidade técnica e econômica, é necessário definir a classificação dos projetos, tanto para melhorias das instalações em plantas existentes como para as novas plantas.

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Para as plantas existentes a classificação pode ser:

a-      Compulsório,

b-      Aumento do volume de produção,

c-      Melhoria da margem líquida,

A classificação de projeto compulsório das plantas existentes, é utilizada para adequações nas instalações quando existe o risco de parada da produção por não conformidade, podendo ser:

a-      Atendimento da segurança do produto,

b-      Atendimento do conforto e segurança dos colaboradores,

c-      Atendimento da segurança das edificações e instalações,

d-      Atendimento da segurança do meio ambiente e da comunidade do entorno

Os projetos compulsórios em plantas existentes, normalmente são viabilizados considerando a perda no faturamento devido o tempo de parada da produção. Em casos extremos, quando a imagem da empresa é prejudicada, a marca também pode ser desvalorizada.

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Os projetos para aumento do volume de produção em plantas existentes, normalmente são viabilizados considerando o desvio no atendimento do volume orçado x realizado, observado no Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE).

Os projetos para melhoria da margem líquida em plantas existentes, normalmente são viabilizados considerando:

a-      O desvio no indicador (praticado x desejado) do custo de produção,

b-      O desvio no indicador (praticado x desejado) do valor do preço de venda,

c-      O desvio no indicador (praticado x desejado) do valor das deduções.

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Para aumentar a assertividade dos projetos das plantas existentes, é necessário pesquisar as melhores práticas, avaliando as diferenças entre os indicadores praticados x desejados x teóricos por tipo de produto.

Como exemplificado em publicações anteriores, dependendo do produto e do processo, a prática de redução no consumo de energia, por exemplo, pode aumentar o custo de produção e ainda prejudicar o preço e o volume de venda.

Através dos fornecedores de equipamentos, materiais de aplicação e serviços, é possível obter informações de práticas adotadas pelas grandes empresas, mas, para utilizar soluções idênticas é importante checar a viabilidade e consultar se existe proteção do direito de propriedade intelectual.

Abaixo os endereços das principais bases de patentes:

BASE DO ESCRITÓRIO AMERICANO DE MARCAS E PATENTES.

Endereço:(http://www.uspto.gov/patft/index.html)

BASE DO ESCRITÓRIO EUROPEU DE PATENTES

Endereço: (http://ep.espacenet.com/)

BASE DE DADOS DA AMÉRICA LATINA,

Endereço: (http://lp.espacenet.com/)

BASE DE PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

Endereço: (http://www.inpi.gov.br/)

 

Plantas novas.

Os projetos de refrigeração para as plantas novas, normalmente são viabilizados considerando o retorno do capital, aplicado para aumento na capacidade de produção sem comprometimento do fluxo de caixa.

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Para aumentar a assertividade dos projetos de refrigeração das novas plantas é importante estudar (em conjunto com as diversas áreas da empresa) as melhores opções para o processo, dimensionando a capacidade e quantidade das linhas de produção, assim como, as edificações e instalações que garantam:

a-      Atendimento a legislação vigente, política e valores da empresa,

b-      O ponto de equilíbrio financeiro desejado (Break Even Point),

c-      O cronograma físico e financeiro que atenda a rampa da projeção de venda, definindo a curva do desembolso x o fluxo de caixa,

d-      O Valor Agregado, EVA (Economic Value Added)

e-      Etc.

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Para definir a região e localizar o empreendimento é imprescindível pesquisar:

a-      Os incentivos fiscais,

b-      A matriz energética,

c-      Os recursos para comunicação e transferência de dados,

d-      Os recursos humanos,

e-      Os recursos hídricos,

f-       Os recursos logísticos,

g-      Etc.

A necessidade de linha para transmissão de energia elétrica ou aluguel de satélite, por exemplo, pode inviabilizar o empreendimento.

É importante facilitar o relacionamento funcional (civil, elétrica, refrigeração, etc.) assim como, o relacionamento multidisciplinar (Marketing, Garantia da Qualidade, Financeiro, Pesquisa e Desenvolvimento, etc.).

As mais simples decisões, quando equivocadas, podem prejudicar o resultado esperado.

Normalmente o arquiteto procura localizar as edificações no terreno paralelamente às ruas de acesso, assim como, o engenheiro civil, através do levantamento planialtimétrico do terreno, procura definir o nível de referência para o menor movimento da terraplanagem, mas, é importante também considerar os ventos predominantes.

Um bom projeto de climatização, por exemplo, procura investir no controle do fluxo do ar para reduzir as possibilidades de contaminação cruzada.

Não é razoável desprezar este esforço localizando:

a-      Uma fábrica de ração com os ventos predominantes soprando na direção do recebimento de grãos para a expedição da fábrica de ração,

b-      Um incubatório com os ventos predominantes soprando na direção da expedição de pintainhos para o recebimento de ovos,

c-      Um abatedouro com os ventos predominantes soprando na direção do recebimento de animais para a expedição de produto acabado,

d-      Etc.

Erros básicos podem comprometer o empreendimento:

a-      Congelamento do solo pode levantar o piso das câmaras de estocagem de congelados, assim como, o piso dos túneis de congelamento. Normalmente para corrigir o problema é necessário retirar o piso levantado e escavar aproximadamente 2,00 metros (em profundidade) de solo congelado,

b-      O gelo ancorado entre os blocos das estacas e a viga baldrame pode provocar rompimento e separação do pilar de concreto em duas partes, colocando em risco a estabilidade do edifício,

c-      Superfície da esteira auxiliar entre o forno e o freezer ao entrar em contato com o produto a (80)ºC, poderá manter a temperatura de partes da esteira entre (10 a 60)ºC. Esta faixa de temperatura mais a presença de resíduos pode favorecer a multiplicação de bactérias. Um risco no aço inox pode abrigar colônias de bactérias, que, estando em local de difícil acesso para higienização podem contribuir para a formação de biofilmes. Quando os biofilmes se soltam podem contaminar outros equipamentos e salas de processamento colocando em risco o funcionamento da fábrica.

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d-      Condensação no piso técnico (entre o forro e o telhado) pode oxidar a estrutura metálica de cobertura. Para corrigir o problema poderá ser necessário a troca da estrutura de cobertura,

e-       O desbalanceamento da pressão em plantas frigoríficas pode provocar condensação generalizada nas superfícies dos equipamentos e salas de processamento, inclusive na superfície do produto exposto, podendo provocar a parada da planta por não conformidade

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f-      As divisórias mais utilizadas em plantas frigoríficas são painéis de Poliestireno (EPS), Poliuretano (PUR) ou Poliisocianurato (PIR). Para paredes corta fogo, os materiais mais utilizados são densos, higroscópios, fibrosos ou porosos, características estas incompatíveis com a indústria alimentícia, exigindo cuidados na aplicação,

g-      Etc.

São muitas as possibilidades de erros que podem comprometer o resultado esperado do projeto, podendo até inviabilizar o empreendimento.

Existem no mercado diversas ferramentas para gerenciamento do projeto, mas, não é uma tarefa simples atender aos interesses dos acionistas, consumidores, gestores e colaboradores sem prejudicar o meio ambiente.

A baixa frequência dos projetos e a alta rotatividade na equipe técnica, prejudica a formação de talentos, assim como, o histórico das melhores práticas, aumentando a probabilidade de erros, inclusive repetição daqueles já praticados.

Para evitar erros, reduzir as subjetividades e facilitar o relacionamento das equipes multifuncionais e multidisciplinares, é necessário um manual de instruções com didática que simplifique os processos, e facilite para que todos os envolvidos no projeto tenham uma visão sistêmica do empreendimento.

Sem o manual de instruções não existe dúvidas, porém, com a apresentação das instruções pode ser despertado diversos questionamentos, exigindo maiores esclarecimentos, relatos de lições aprendidas, atualização de conceitos e necessidade do consenso, o que é muito bom para a empresa e todos os envolvidos no projeto.

Para despertar questionamentos que agreguem valor, o manual de instruções deve fornecer:

a-      Exemplos das melhores práticas, por tipo de produto, explicitando o que não deve ser feito,

b-      Exemplos de indicadores técnicos e financeiros, por tipo de produto, (teóricos, praticados e desejados),

c-      Especificação dos produtos (as entregas) para cada processo,

d-      Um fluxo que organize as informações, explicitando as responsabilidades. Alguns processos podem até serem compartilhados, mas, tem que ter um único responsável para fazer acontecer.

e-      Etc.

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No fluxo ilustrado acima, a posição da seta indica o responsável pelo processo.

O processo X é compartilhado entre (Mkt, P & D, Engenharia e Planejamento), mas, é de responsabilidade da Engenharia.

O processo Z é compartilhado entre (Mkt, Planejamento e Produção), mas, é de responsabilidade do Planejamento.

O fluxo de informações deve contemplar a pesquisa de mercado, desenvolvimento do protótipo do produto, registro do produto, produção em escala industrial e distribuição. Caso o produto seja existente, é baipassado o desenvolvimento do protótipo e registro do produto.