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Crise na Chapecó se torna questão política

A batalha política para reerguer e garantir o funcionamento do Frigorífico Chapecó tem data e hora para começar: hoje, na sede do BNDES.

Da Redação 21/02/2003 – A batalha política para reerguer e garantir o funcionamento do Frigorífico Chapecó tem data e hora para começar: hoje, às 14 horas, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro. Um grupo de prefeitos, capitaneado pelo prefeito de Chapecó, Pedro Uczai (PR), e com o apoio de deputados e dirigentes do governo do Estado, se reúne com o diretor do banco, Márcio Henrique da Costa, e diretores da empresa, para discutir questões como injeção de recursos, venda, arrendamento, transformação em cooperativa ou continuidade do modelo atual.

O grupo de prefeitos foi formado ontem, em Chapecó, numa reunião de emergência convocada por Uczai, que também contou com a participação de representantes da empresa, avicultores e suinocultores. Os prefeitos, preocupados com o acúmulo de prejuízos por avicultores e suinocultores, já contam com o apoio do secretário nacional da pesca, ministro José Fritsch, que marcou a reunião com o BNDES, e ainda espera contar com o apoio do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luis Fernando Furlan.

Na reunião em Chapecó, ficou claro que não adianta discutir saídas para o futuro da empresa sem conseguir o capital de giro que sufoca o grupo e provoca a falta de dinheiro para a compra de rações e pagamento dos avicultores e suinocultores.

O gerente de avicultura da empresa, Gilmar Pedotti, presente no encontro, relatou que, da postura do ovo até o abate, congelamento, venda do frango e recepção dos recursos, há um período de espera muito longo. Isso exige da empresa um grande volume de capital de giro, que lhe foi cortado a partir da crise na Argentina, país natal do Grupo Macri. “Somente com milho a Chapecó gasta R$ 1 milhão por dia e só recebe se pagar à vista”, comentou.

O executivo concordou que a posição é insustentável, mas lembrou que a situação atual da companhia é bem melhor que a registrada na crise de 1996, quando o BNDES assumiu pela primeira vez a empresa. As plantas fabris foram remodeladas, aumentaram suas capacidades e o faturamento saltou de modestos R$ 180 milhões ao ano para R$ 700 milhões no ano passado. A empresa estava perto de atingir seu ponto de equilíbrio, quando a crise na Argentina forçou a redução dos investimentos da Macri.

Negociação

Diante da explanação de Pedotti, os prefeitos se manifestaram dispostos a buscar, junto ao BNDES, uma forma de financiamento para o capital de giro necessário para a recomposição dos estoques de rações e dos pagamentos dos agricultores, que estão atrasados há pelo menos 80 dias.

“Vamos apelar ao lado social do BNDES, mostrando a importância dessa empresa para a nossa região. O banco já salvou tantas outras empresas e muitas dessas empresas podem ser chamadas a contribuir, sendo fornecedoras da Chapecó”, comentou o prefeito de Chapecó, que deixou o encontro bastante otimista.