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Crise na Chapecó

A empresa não está entregando ração aos seus integrados, que já começam a acumular prejuízos.

Redação AI 08/11/2002 – Os avicultores e suinocultores integrados da Chapecó Alimentos estão enfrentando uma crise similar à ocorrida no final da década de 90, quando a empresa acabou falindo e foi vendida para o grupo argentino Macri. Milhares de aves estão morrendo e suínos chegam a praticar atos de canibalismo por falta de ração.

O avicultor Nivaldo Bianchi recolheu 370 frangos que morreram na quarta-feira e ontem registrou a morte de um número ainda maior. Ele acredita que vai perder a metade dos 24 mil frangos se não receber ração até amanhã. Ele tinha solicitado entrega para quarta-feira da semana passada, mas até o início da tarde de ontem (7) não tinha sido atendido.

A última vez que seus frangos comeram ração foi no sábado, quando conseguiu 1,5 mil quilos emprestado. Mas o volume era suficiente apenas para um dia. Seus frangos estão com 23 dias e neste período recebeu apenas duas entregas de ração. Os frangos, esfomeados, tentam bicar os pés de quem se aproxima e praticam atos de canibalismo.

Ontem, Bianchi soltou os animais no pátio para que busquem comida. Ele afirmou que liga todo os dias para a empresa, mas a informação que recebe é que não há ração suficiente. Ele acredita que a crise foi ocasionada pelo preço alto do milho e a falta de capital de giro da Chapecó Alimentos. Bianchi investiu R$ 2 mil em bandejas novas e outros equipamentos e parte da dívida está para pagar. Como a renda do aviário está comprometida, Bianchi começou a trabalhar quebrando pedra para sustentar a família.

Outro avicultor de Chapecó, Nelson Putlitz, disse que seus frangos estão há cinco dias sem comer. Ele já perdeu 1,6 mil frangos, sendo 1224 em apenas um dia. Além disso, centenas estão machucados pois começaram a se bicar um ao outro. Putlitz lamentou a situação, lembrando que esperava tirar entre R$ 2,5 a R$ 3 mil com o lote de 16 mil frangos, que iriam para exportação.

Com isso ele poderia pagar parte dos R$ 5 mil de dívidas que contraiu para melhorar a estrutura do aviário. Sem este rendimento, o avicultor não sabe o que fazer. Nem entregando o que sobrar do lote não sabe quanto e quando poderá receber.

O presidente do Sindicato dos Criadores de Aves de Santa Catarina (Sincravesc), Valdemar Kovaleski, disse que cerca de mil avicultores da região que são integrados da Chapecó Alimentos estão enfrentando a falta de ração. Kovaleski contou que além dos prejuízos os criadores não têm onde colocar tantas aves mortas, o que pode gerar até um problema sanitário.

Empresa vai normalizar as entregas

A direção da Chapecó Alimentos informou que a situação da falta de ração é circunstancial e que já está sendo solucionada. Ontem (7), foi retomada a produção na fábrica de rações de Chapecó, e hoje, segundo a empresa, a distribuição começa a ser normalizada.

O problema foi causado por falta de recursos e não recebimento de valores das exportações, que demoram para ser compensados. O diretor financeiro da Chapecó, Celso Schmitz, disse que estão sendo acordadas novas linhas de financiamento que devem normalizar a situação e equilibrar financeiramente a empresa.