Em dia de ajustes técnicos, grãos recuam em Chicago
Milho, soja e trigo encerraram o pregão em queda
O dia foi de quedas generalizadas dos preços dos grãos negociados na bolsa de Chicago. Nesta segunda-feira, os operadores deixaram em segundo plano os fundamentos de oferta e demanda para fazerem trocas de posições e ajustes técnicos. O declínio mais acentuado foi o do milho: o contrato para dezembro, o mais líquido, que havia subido 3% na sexta-feira, hoje recuou 1,99% (11 centavos de dólar), a US$ 5,4275 o bushel.
João Pedro Lopes, analista da StoneX, afirma que as baixas no pregão ocorreram em função de uma troca de posições, uma vez que o contrato que atualmente ocupa a primeira posição de entrega, para setembro, está para vencer - e, nesse momento, muitos investidores especulativos costumam se desfazer do ativo para não efetuar a transação física do produto. Com esse movimento, esses investidores também viram espaço para uma realização de lucros no contrato mais negociado.
“Além disso, a semana começou com a perspectiva de boas chuvas nos EUA. Apesar de [a chuva] estar atrasada, ela traz um pouco de alívio para a situação das lavouras”, disse ele.
No Brasil, o milho de verão foi semeado em 5,3% da área estimada para a safra 2021/22 até o último dia 26, segundo levantamento da consultoria AgRural. Os trabalhos estão atrasados em relação ao ano passado, quando 8% da área estava semeada.
Já a colheita da safrinha de milho 2021 chegou na quinta-feira a 89% da área cultivada no Centro-Sul do Brasil, de acordo com a AgRural. O número representa avanço de 10 pontos percentuais em uma semana e está à frente, pela primeira vez nesta temporada, do percentual colhido no mesmo período do ano passado, que era de 87%.
A soja recuou pelo terceiro pregão seguido em Chicago. Os lotes para novembro, os mais negociados, cederam 1,51% (20 centavos de dólar), para US$ 13,0325 o bushel.
Além do movimento técnico de troca de posições, também a apreensão com os danos que o furacão Ida poderá causar às lavouras dos EUA e ao escoamento de grãos no país dominou os negócios. "O medo de que a infraestrutura de carregamento [de Nova Orleans] seja danificada pelos ventos fortes do Ida gerou vendas de milho e soja”,disse a AgResource à Dow Jones Newswires.
As principais empresas de grãos e fertilizantes da América do Norte paralisaram suas operações em Nova Orleans com a chegada do furacão Ida à Louisiana, deixando muitos sem energia. As tradings de grãos ADM e Bunge e a fornecedora de fertilizantes Nutrien fecharam as operações no fim de semana em fábricas na região, e o porto de Nova Orleans suspendeu algumas operações hoje. Nem mesmo a notícia de que exportadores americanos reportaram ao Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) a negociação de 256 mil toneladas de soja com a China foi suficiente para limitar as perdas na sessão.
Os preços do trigo acompanharam os de milho e soja na sessão. O vencimento do cereal para dezembro, o de maior negociação, caiu 1,23% (9 centavos de dólar), a US$ 7,2350 o bushel.
O cereal perdeu força no pregão após o USDA reportar um índice baixo de embarques na última semana. Segundo o USDA, os embarques somaram 316,8 mil toneladas na semana até o dia 26 de agosto. Nos sete dias anteriores, o volume embarcado foi de 729,3 mil toneladas, o que representou uma baixa de 56,5%. No ano-safra, foram entregues 6 milhões de toneladas, 10,6% menos do que em igual período da temporada anterior (6,8 milhões de toneladas).
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