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Mercado Interno

Em Porto Alegre, preço do frango sobe 16% em 12 meses

Custos de produção elevados e aumento nas exportações ajudam a explicar o movimento, segundo especialistas

Em Porto Alegre, preço do frango sobe 16% em 12 meses

O frango, uma das principais fontes de proteína na mesa dos brasileiros, está mais caro na região metropolitana de Porto Alegre neste ano. No acumulado de 12 meses fechados em maio, o frango em pedaços registrou crescimento de 16,85% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O produto é geralmente uma das primeiras alternativas escolhidas pelos consumidores na tentativa de driblar altas nos preços dos cortes de carne bovina. 

O avanço no preço desse tipo de carne é mais do que o dobro da inflação da Grande Porto Alegre no mesmo período, 8,20%. Na comparação com a costela bovina (32,69%), um dos principais cortes na lista dos consumidores, o salto verificado no frango em pedaços ainda é menor. O movimento registrado na Região Metropolitana acompanha o cenário nacional. O país fechou o período de 12 meses com variação de 14,69% no preço do frango em pedaços. 

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, afirma que o crescimento no preço do frango ocorre na esteira da elevação nos custos de produção. Santin cita aumentos de 100% no preço do milho e de 60% no farelo de soja, dois dos principais componentes da ração das aves, nos últimos 12 meses. 

— É inexorável, inevitável esse reflexo para a prateleira e para a mesa do consumidor. Se o milho sobe 100%, não tem como você aguentar e segurar o preço — explica Santin.

O dirigente também cita outros fatores mais gerais, como o aumento no preço da energia elétrica e das embalagens, que ajudam a explicar o frango mais caro, mas destaca que o preço dos grãos ainda ocupa a maior parcela nessa matemática. 

O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), avalia que, além do preço alto dos insumos de produção, o mercado mais atrativo para exportação também pressiona o preço do frango. Braz afirma que o volume maior de vendas de carne para o Exterior em um cenário de taxa cambial mais favorável acaba desabastecendo o país no âmbito de carne bovina e também das chamadas carnes substitutas. 

— Se, por um lado, isso é bom para a balança comercial, por outro, é um desafio a a mais para inflação, porque desabastece o mercado brasileiro — salienta o economista.

Braz afirma ainda que uma alternativa para os consumidores nesse cenário é comprar um pouco menos de cada produto, substituir as proteínas no cardápio, quando isso for possível, e aproveitar as promoções. O uso mais racional dos produtos também ajuda nesse processo, segundo o especialista:
— Eventualmente usar menos os itens mais caros. Não dá para substituir eternamente a carne, mas dá para substituí-la entre os animais, eventualmente usar um pescado ou ovo.

No acumulado do ano até maio, o frango em pedaços concentra alta de 8,30% na Região Metropolitana. Analisando a variação no preço do frango inteiro, é verificado movimento inverso no acumulado do ano na Grande Porto Alegre, mas parecido no período de 12 meses (veja mais abaixo). O presidente da ABPA afirma que é difícil apontar o que explica o impacto menor nesse tipo de produto neste ano. No entanto, afirma que os custos menores com mão de obra, energia e embalagens em relação ao frango em pedaços podem influenciar nessa diferença.