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Especialistas fazem análise sobre a safra 2001/2002 do milho e da soja

Durante o 8o. Seminário ABMR sobre as perspectivas da safra 2001/2002, especialistas do mercado apontaram as falhas da atual safra de milho brasileira e comentaram o bom momento da soja no mercado nacional.

Da Redação 28/08/2001 16:10 – De acordo com a avaliação de André Pessoa, diretor da Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMR), o governo brasileiro e o setor consumidor do milho falharam na sinalização dos preços para a safra 2001/2002. Principalmente no período de maio a julho de 2001, considerado o período mais crítico das cotações. Pessoa acredita que se os preços da saca de milho fossem praticados a R$ 12,00 no Sul e Sudeste do Brasil e a R$ 11,00 no Centro-Oeste nesse período, essas sinalizações teriam sido substancialmente favoráveis ao mercado interno do grão. Esta safra do milho brasileiro, particularmente, pode ser classificada como atípica. “O Brasil destinou grande parte de sua produção ao mercado externo”, diz o diretor. O motivo do comércio do milho brasileiro para o mercado exterior está nos preços pagos pelos importadores, que são muito mais atraentes do que os R$ 10,00 ou R$11,00, em média, pagos pela saca no mercado interno. Este e outros comentários foram feitos durante o 8o. Seminário ABMR Perspectivas da Safra 2001/2002, direcionado a profissionais do setor e jornalistas, realizado no dia 22 de agosto, em São Paulo.

E, dessa forma, haverá milho para abastecer o mercado interno? Todas as estimativas apontam para uma possível importação de milho ao final da safra 2001/2002. Pessoa descreve os inúmeros motivos que levam o Brasil a pedir socorro para os produtores internacionais:

além da redução de área de plantio (cerca de 15% em todo o território nacional), a safra 2001/2001 apresentou queda no padrão tecnológico que consequentemente acarretou na diminuição da produtividade;
as exportações de milho brasileiro devem continuar;
a safrinha terá sua área ampliada, mas sofrerá concorrência direta com o trigo no Paraná, Sul do Mato Grosso do Sul e Sul de São Paulo;
– a
s indústrias de aves e de suínos não devem reduzir o seu ritmo de crescimento, pois estão aproveitando os problemas sanitários da União Européia (vaca louca e febre aftosa) para introduzir sua produção.

Com tudo isso, a produção de 30 milhões de toneladas de milho desta safra não será suficiente para abastecer a demanda interna. “As prováveis importações de milho em 2002 já sinalizam preços de R$ 17,00 a saca”, adianta.

Soja – O diretor de Marketing da Dow AgroSciences, José Arana, revela que a produção mundial de soja da safra 2001/2002 deverá ser de 185 milhões de toneladas. Só o Brasil colheu 35 milhões de toneladas na safra de verão. A produção brasileira de soja nesta safra está sendo estimada em cerca de 38 milhões de toneladas. A safrinha também não deve fazer feio no País. De acordo com o diretor, a safrinha da soja deste ano apresentará um resultado superior à da última colhida, apesar da redução de área do plantio e de tecnologia sofrida em 2001.

Arana diz também que a taxa de utilização de sementes de soja vem melhorando ano a ano no País. Diferente da situação das sementes de milho, que vêm apresentando oferta maior que a demanda. “Hoje percebemos no Brasil uma demanda maior pela soja, pois seus preços estão favoráveis em todos os sentidos”, diz. A soja tem seu preço regulado pelo mercado internacional, que encontra-se aquecido em função das perdas de produtividade da safra americana e do crescimento de seu consumo. Nesse sentido, alguns analistas do mercado arriscam afirmar que a soja ocupará a área plantada de milho e algodão na próxima safra. A commodity pode ter crescimento no cultivo da ordem de 9%, muito mais que em 2000/01, quando aumentou 1,3%.