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FHC visita Agrishow

FHC é homenageado no Agrishow. Durante o evento o presidente e o ministro da Agricultura lançaram campanha contra queimadas(Foto: Victor Soares).

Presidente Fernando Henrique Cardoso é homenageado em Ribeirão Preto/SP (Foto Victor Soares)

Da redação/Ribeirão Preto (SP) 05/05/01 11:45 – A criação do Moderfrota programa de financiamento do governo federal, dirigido à modernização da frota de máquinas e equipamentos agrícolas e a aplicação de juros fixos aos empréstimos são duas das razões da homenagem prestada ontem (sexta-feira 04.05.01) ao presidente Fernando Henrique Cardoso, em Ribeirão Preto, São Paulo, durante visita à 8a Feira Internacional de Tecnologia em Ação Agrishow, que se encerra hoje.

O presidente recebeu o Prêmio Agrishow 2001, em sua quarta edição, que foi anunciado durante discurso do empresário Sérgio Magalhães, presidente da feira, organizada pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Um medalhão, com o símbolo da Agrishow em bronze, foi entregue a Fernando Henrique pelo presidente da Abimaq, Luiz Carlos Delben Leite, e pelo presidente da Associação Brasileira de Agribusiness, Roberto Rodrigues.

Sérgio Magalhães fez um histórico da feira, que recebeu até quinta-feira, 3, cerca de 75 mil visitantes. Ela foi criada, segundo ele, para difundir tecnologia prática, aplicável, considerando-se a necessidade de melhorar a produtividade da agricultura brasileira. “Não é uma feira com pipoca, roda-gigante, mas é uma exposição dirigida ao aprendizado dos agricultores, que aqui comparecem, sem festa, nem cerveja e pagando ingresso, pois sabem que precisam de tecnologia e de produtividade, senão ficam pelo caminho”, disse.

O presidente da Agrishow lembrou que, há dez anos, o Brasil produzia cerca de 60 milhões de toneladas de grãos, quantidade que saltou, no ano passado, para 94 milhões de toneladas, sem aumento da área de plantio, o que significa uma melhora de produtividade na faixa de 60%. “É preciso dizer que neste período o preço caiu 50%. Então, quem não correu atrás de produtividade, ficou fora do mercado”, comentou.

A Agrishow, segundo Sérgio Magalhães, não é uma feira de elite e recebe, também, o pequeno produtor. “Temos inclusive um programa com outras entidades, como o Sebrae, para transportá-los até aqui. Esta presença motiva a significativa quantidade de máquinas de pequeno porte e de alta tecnologia, para pequenas propriedades”.

Ao justificar o prêmio Agrishow para o presidente Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Magalhães referiu-se também ao Pronaf que, na sua opinião, oferece um “financiamento especular para o melhoramento tecnológico e a compra de máquinas”, além de linha de empréstimo com juro fixo na faixa de 8,75% a 10,25% ao ano. “O resultado dessas ações foi a supersafra de 94 milhões de grãos no ano passado. O Moderfrota, por exemplo, de abril a dezembro de 2000 financiou mais que os anos de 98 e 99. Neste ano, até abril, foram financiados cerca de R$ 400 milhões. É mais um programa seu que deu certo, Presidente”, disse.

Mesmo assim, o presidente da Agrishow, atribuindo-se um hábito, fez quatro reivindicações: que o governo não deixa faltar recursos para o Moderfrota; que crie as mesmas condições para os equipamentos de irrigação e armazenagem; que mantenha como interlocutor da Agrishow o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes “que, apesar de ser economista, mais parece um agricultor e pecuarista”; e que faça outra visita à Agrishow, com mais tempo, em outra edição, para acompanhar o crescimento tecnológico do setor agrícola. “Eu gostaria de mostrar, então, uma máquina tupiniquim para a colheita de feijão”.

Queimadas – O presidente da República Fernando Henrique Cardoso, anunciou durante sua participação na feira a nova campanha de Alternativas para a Prática das Queimadas. Neste ano o programa vai atingir nove Estados brasileiros (Mato Grosso, Pará, Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Goiás e Rondônia), cinco a mais que no ano passado.

“A meta é ampliar o alcance do programa para os municípios responsáveis por 85% das queimadas do país”, anunciou o ministro da Agricultura e do Abastecimento, Marcus Vinicius Pratini de Moraes.

O número de queimadas no Brasil diminuiu 18,6% no ano passado, caindo de 116.445 (em 1999) para 99.768 (em 2000). “É evidente que a redução desses números não pode ser creditada somente à campanha”, explicou Alberto Duque Portugal, diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), órgão responsável pela coordenação do programa. Ele lembrou que 2000 foi um ano com condições climáticas atípicas, com muita chuva no início e no fim do período tradicional de estiagem em grande parte dos Cerrados, fazendo com que muitos produtores não precisassem queimar pastagens ou lavouras.

“Mas as queimadas diminuíram muito mais nos quatro Estados participantes da campanha do que em outras regiões. Em Mato Grosso, Maranhão, Pará e Tocantins a redução chegou a 24,5%, enquanto que no restante do país a diminuição foi de 8,6%”, revelou Portugal.

As metas previstas para a campanha deste ano são bem mais ousadas. O número de municípios atingidos aumentou de 150 para 295, com o treinamento de 750 multiplicadores (338 a mais que em 2000), que ficarão responsáveis por repassar as tecnologias de substituição das queimadas para 200 mil produtores. A estratégia adotada pela Embrapa prevê a realização de 25 cursos para os multiplicadores nos nove Estados, distribuição de material para o público-alvo do programa (produtores rurais e estudantes), envolvimento das prefeituras dos municípios selecionados e de entidades ambientais (como o Ibama, ONGs diversas etc), além da campanha publicitária, com boletins de alerta em emissoras de rádio e de TV dos nove Estados.

Pratini de Moraes anunciou que o primeiro curso de formação de multiplicadores do programa acontecerá no dia 15 de maio, em Tocantins. Participarão do curso técnicos, líderes rurais, agentes da extensão rural, professores da rede pública de ensino, representantes de cooperativas, de associações, de sindicatos e de ONGs. Os demais cursos serão realizados até o final do mês de julho.

A campanha é coordenada pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, com suporte técnico da Embrapa e participação dos Ministérios do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Agrário, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), das Secretarias de Agricultura e do Meio Ambiente dos Governos Estaduais, das prefeituras municipais, ONGs, universidades, escolas agrotécnicas, cooperativas, associações de produtores, sindicatos, instituições de crédito agrícola, dentre outras entidades.

Financiamento – Os financiamentos de máquinas e equipamentos na Agrishow terão um saldo positivo neste ano. Somente dois bancos já receberam propostas que somam R$ 120 milhões.

O Banco do Brasil (BB) acolheu cerca de R$ 70 milhões em propostas de financiamentos nos quatro primeiros dias da Agrishow (30/04 à 03/05). De acordo com Paulo César Simplício da Silva, superintendente estadual do BB, esse valor supera as expectativas. A meta é atingir mais de R$ 100 milhões em propostas até o final da feira. No ano passado, o BB realizou operações no valor de R$ 50 milhões e a expectativa para este ano é de R$ 60 milhões em aprovações, mas se for necessário haverá adicionais.

O gerente de revisão de repasse do Banespa, Domingos Guariglia, acredita que este ano os números sejam próximos ao do ano passado, entre R$ 75 e R$ 80 milhões de aprovações até o último dia. Guariglia diz que cerca de 60% dos negócios ocorrem nos três últimos dias. “Quem apareceu para visitar a feira, veio no início. Quem chega no fim, é para fazer negócios”, afirma Guariglia, que está participando pela terceira vez da Agrishow.

O Bradesco está fechando com cerca de R$ 50 milhões em propostas até o quarto dia da feira e é esperado que 70% sejam aprovados. A expectativa é que este ano os financiamentos aumentem em até 20%.

Entre as modalidades de financiamentos, a mais atrativa é a do Finame Moderfrota, porque as taxas são menores, entre 8,75% até 10,75% ao ano, e os pagamentos são semestrais ou anuais. A modalidade menos procurada é o leasing, com pagamentos mensais e taxas altas. No ano passado ocorreram cerca de dois financiamentos pelo leasing.