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Granjas reduzem plantel de aves por falta de milho

Plantel de postura será reduzido em 20% para evitar o risco de maiores prejuízos.

Redação AI 22/10/2002 – Há 15 dias, as granjas goianas de postura deram início a um processo deliberado de redução do plantel de aves alojadas, com o propósito de remediar a grave crise que enfrentam com a falta de milho no mercado. Segundo o presidente da Bolsa de Ovos de Goiás e Distrito Federal, Amarílio Miguel Teixeira, a meta é estabilizar o número de poedeiras ao redor de 2,5 milhões de aves, contra os atuais 3,2 milhões. Não tem sentido mantermos um plantel dessa dimensão, se daqui a pouco os animais vão começar a morrer de fome, porque não vamos mais ter ração, diz o dirigente da Bolsa de Ovos.

Segundo Amarílio Teixeira, em poucos dias o preço do milho subiu de R$ 13,00 a saca para R$ 21,00 a R$ 22,00, mas sequer existe o produto disponível no mercado. Ele explica que reduzir o plantel é uma saída, não só para diminuir os prejuízos das granjas, mas também para ampliar a duração dos seus estoques. Ele cita o caso da sua própria empresa, a Granja Santo Antonio, cujo estoque de milho era suficiente para manter as atuais 200 mil aves até o próximo dia 15. Vamos reduzir o plantel para 160 mil aves e com isso nosso milho será suficiente para alimentá-las até o dia 10 de dezembro, explica.

Conforme Amarílio Teixeira, desde o início da escalada de preços do milho, os custos de produção de ovos subiram cerca de 80%, aumento que as granjas não conseguem repassar para os seus preços. Segundo ele, a produção de uma caixa de 30 dúzias de ovos custa, em média, de R$ 43,00 a R$ 45,00, mas as granjas só conseguem colocar o produto no mercado a R$ R$ 38,00 ou, no máximo, R$ 40,00. Para termos uma rentabilidade mínima precisaria que a caixa de ovos estivesse cotada pelo menos a R$ 50,00, diz o Amarílio Teixeira.

Ele argumenta que a redução do plantel também é indispensável para que se regule melhor o mercado de ovos, diminuindo a oferta para que os preços ao produtor possam reagir. Com essa redução da oferta, nossa expectativa é de que o preço da caixa de ovos chegue rapidamente a R$ 50,00, até porque, a partir de agora, as fábricas de panetone intensificam sua produção para as festas de fim de ano, aquecendo a demanda pelo produto, diz Amarílio Teixeira.

Produção

O presidente da Bolsa de Ovos admite que não é possível fazer mais nada esse ano, porque simplesmente não existe milho suficiente no País, mas defende uma pressão organizadas das cadeias produtivas para que o governo adote uma política de estabilização para mercado do produto. Ele argumenta que é preciso reverter a tendência de redução ainda maior da área de milho da próxima safra, para que não ocorra uma desorganização total da produção em segmentos como o da avicultura e da suinocultura.

Amarílio Teixeira diz que sua empresa já passou do temor de desabastecimento à ação, arrendando terras para produzir o seu próprio milho. Acho que é o primeiro caso em Goiás, mas optamos por plantar o produto, porque acreditamos que essa crise de abastecimento não se resolverá a curto prazo, diz o presidente da Bolsa de Ovos, argumentando que o produtor não vai deixar de produzir soja para vender a R$ 38,00 ou R$ 40,00 a saca, para produzir milho, mesmo com os preços atuais.