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Ilustre desconhecida

Aprovada em janeiro pela Anvisa, a irradiação de alimentos é desconhecida para os avicultores.

Método utilizado em vários países para garantir a qualidade e segurança dos alimentos, o processo de irradiação já pode se tornar um poderoso aliado das agroindústrias brasileiras. Com o objetivo de aperfeiçoar as ações de controle sanitário na área de alimentos e visando a proteção à saúde da população, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o Regulamento Técnico para Irradiação de Alimentos, de acordo com resolução publicada em 26 de janeiro de 2001.

Embora o processo de irradiação tenha se mostrado nos países que já o utilizam um método seguro e eficaz para a indústria de alimentos, além de uma importante ferramenta no combate ao desperdício, pesquisa feita pelo site da revista Avicultura Industrial mostra que a utilização da tecnologia ainda é desconhecida entre a maioria dos avicultores. De acordo com a enquete, apenas 30% é a favor da nova tecnologia. Do restante, 8% se dizem contrários a sua implantação, e 62% desconhecem totalmente a tecnologia.

Para destacar aspectos importantes do processo de irradiação de alimentos, sanar algumas dúvidas e mostrar que o processo não causa malefícios à saúde, Avicultura Industrial faz um resumo de como a tecnologia funciona.

Como funciona – A irradiação de alimentos é um processo físico de tratamento que consiste em submeter o alimento, já embalado ou a granel, a doses controladas de radiação ionizante, com finalidades sanitária, fitossanitária e ou tecnológica. O processo consiste no tratamento dos alimentos por meio de um tipo de energia denominada eletromagnética. Seu principal objetivo é conservar os alimentos e reduzir, ou eliminar, a sua carga microbiana. O método reduz a presença de micotoxinas presentes nos produtos agrícolas passíveis de estocagem, como o cacau, manga, alho, entre outros. Permite também uma melhor conservação de carnes (bovinas, suínas e de aves), frutas e vegetais, além de eliminar os microrganismos prejudiciais à saúde.

O processo de irradiação envolve a exposição dos alimentos a um dos três tipos de energia ionizante: raios gama, raio X ou feixe de elétrons. A irradiação se dá em uma câmara especial de processamento por um tempo pré-determinado, sendo a fonte mais comum de raios gama, para processamento de alimentos, o radiosótopo Cobalto 60, de onde se originam os raios. É importante destacar que a dose de energia nuclear que o alimento recebe não fica armazenada nele, apenas o atravessa. A sua quantidade é controlada por meio da intensidade da radiação e pelo tempo de exposição do produto.

Mudança de quadro – A partir da exposição dos alimentos à irradiação são interrompidos os processos orgânicos que provocam o seu apodrecimento. A irradiaçào pode impedir a divisão de células vivas, tais como bactérias e células de organismos superiores, ao alterar suas estruturas moleculares. Desta forma, células microbianas, como bactérias, leveduras e fungos são rompidas. Parasitas, insetos e seus ovos e larvas são mortos ou se tornam estéreis.
A tecnologia também inibe a maturação de algumas frutas e legumes quando produzem reações bioquímicas nos processos fisiológicos dos tecidos vegetais. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a irradiação de alimentos é um método de tratamento seguro, desde que observados os critérios de limitação de dosagem recomendados.

Nos Estados Unidos (EUA), as agroindústrias podem irradiar a carne vermelha desde fevereiro de 2000. Lá, a carne de frango já vem sendo irradiada desde 1993. A de suíno recebe o tratamento há mais tempo: desde 1985. Embora a técnica seja utilizada já há algum tempo no setor, a oferta de carne irradiada está ao alcance apenas de mercados limitados. No Brasil, com a recente medida adota pela Anvisa, este quadro começa a mudar.