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Alimentação Animal

Indústria de alimentação animal projeta produzir cerca de 3% mais em 2012

Setor registrou incremento de 5,2% e movimentou R$ 40 bilhões em 2011.

Indústria de alimentação animal projeta produzir cerca de 3% mais em 2012

O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) projeta crescimento de 2,8% em 2012, em comparação ao ano anterior, com produção de 66,2 milhões de toneladas de ração e 2,58 milhões de toneladas de suplementos minerais. Em 2011, o setor cresceu 5,2%, movimentou R$ 40 bilhões em insumos e produziu 64,5 milhões de toneladas de ração e 2,35 milhões de suplementos minerais.

“O modesto aumento previsto para 2012 tem como principal fator a demanda contida da cadeia suinícola e moderada da avicultura industrial, atividades que têm sofrido com o custo elevado dos principais insumos da alimentação animal, baixos preços pagos aos produtores e desaceleração do ritmo exportador”, explica Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindirações.

Apenas no primeiro trimestre de 2012, a produção de rações alcançou 14,9 milhões de toneladas, recuo de 2% quando comparado ao que foi produzido de janeiro a março do ano passado. Os segmentos de avicultura de corte e suinocultura, que representam mais de 70% de toda demanda, recuaram respectivamente 1,1% e 6,1%. As atividades da pecuária de corte e leiteira, por sua vez, apresentaram ligeiro avanço de 1,2% e 1,1%, enquanto a postura de ovos manteve-se praticamente estável (avanço de 0,4%). 

De acordo com o executivo do Sindirações, a cadeia de produção pecuária brasileira tem percorrido sucessivos ciclos de expansão, graças à constante mobilização de tecnologia e motivada “pelo voraz apetite global” por proteína animal. Atualmente representa 6,5% do PIB brasileiro, gera milhares de empregos e é responsável por 18% das exportações do agronegócio nacional. “Desde meados do ano passado, no entanto, alguns setores expuseram-se em demasia e atualmente sofrem mais intensamente os efeitos da reorganização econômica contemporânea, cuja multiplicidade de efeitos vem impactando diversos empreendimentos que podem contagiar e prejudicar toda a cadeia produtiva”, alerta.

Dentre os fatores que influenciaram negativamente estão o enfraquecimento dos embarques observados desde 2010, graças à valorização da moeda brasileira, além dos embargos impostos pelos Estados Unidos, Rússia e África do Sul e da perda do vigor de clientes internacionais importantes. A quantidade de carne bovina exportada recuou 12% em 2011. A carne de frango aumentou apenas 3%, enquanto a exportação de carne suína recuou mais de 5%.  A baixa pressionou os preços pagos aos produtores por conta da maior oferta no mercado doméstico porque todo o excedente não exportado foi direcionado para consumo interno.

Para Zani, todos os setores seguem pressionados pelo preço das commodities ainda relativamente sustentado que retroalimentam os custos de produção. “A redução do preço do milho nesse início de ano acentuada pela produtividade recorde da safrinha corrobora a expectativa de média abaixo da verificada no ano passado, todavia a subida forte nas cotações desde meados de 2010 alcançou 54 pontos percentuais até março de 2012 e continua impactando sobremaneira o custo de produção das atividades pecuárias”, diz. “O farelo de soja, por sua vez, já aumentou quase 40% até abril desse ano por conta da menor liquidez internacional, enquanto o salário mínimo onerou a folha de pagamentos pela amplitude do reajuste e intensidade de mão de obra empregada”, completa.

AVICULTURA DE CORTE

A avicultura de corte representou 50% da demanda de rações em 2011 e deve consumir 33,2 milhões de toneladas em 2012, ou seja, um crescimento de 3,1%. O gráfico abaixo demonstra nos primeiros meses de 2012 a queda acentuada do preço do frango que pode estar atrelada à oferta de carne superior à demanda embalada em 2011 e pelo crescimento de quase 5% no alojamento de pintos de corte que resultara em aproximadamente 13 milhões de toneladas de carne de frango e consumo per capita de 47,4 kg.

AVICULTURA DE POSTURA

A produção de ração para a indústria de postura comercial cresceu 2,6% e alcançou 5,1 milhões de toneladas em 2011, em resposta ao alojamento médio de 79,7 milhões de pintainhas de postura e incremento de mais de 9% no consumo per capita de ovos que alcançou 162,5 por habitante. As exportações de ovos, por sua vez, recuaram 45% em quantidade e 31% em receita. As perspectivas pouco otimistas para o preço do ovo no corrente ano e a tendência de crescimento no alojamento acumulado das pintainhas motivam o setor de alimentação animal a prever evolução de menos de 3% na demanda de rações, algo em torno de 5,1 milhões de toneladas em 2012.

BOVINOCULTURA DE CORTE

O setor de alimentação animal para bovinos de corte produziu 2,7 milhões de toneladas de rações e 2,35 milhões de toneladas de suplementos minerais, incremento de 7,1% e 9,8%, respectivamente em 2011, período que confinou 2,8 milhões de cabeças e foi caracterizado pela modesta oferta de bois compensada pelo abate de mais fêmeas. Apesar dos relativos bons preços pagos ao boi gordo, o desembolso com alimentação representou 35% do custo do confinamento e diminuiu a rentabilidade do produtor.

Em 2012 o setor de alimentação animal espera produzir 2,9 milhões de toneladas de rações e mais 2,6 milhões de toneladas de suplementos minerais, adição de 5,6% e 9,8% respectivamente, por conta do aumento da taxa de confinamento estimada no mínimo em 5%, embora o desempenho seja dependente também do mercado de reposição e venda do boi e bezerro, possível reversão na retenção de fêmeas, oportunidades de exportação da carne bovina, etc.

BOVINOCULTURA DE LEITE

Mesmo impactado pela alta dos insumos que aumentou em 20% o custo de produção, o crescimento de 9,3% que resultou em 5,1 milhões de toneladas de rações para bovinocultura leiteira em 2011 pode ser justificado, em parte, pela limitação na oferta de leite em virtude da baixa qualidade das pastagens e a queda na captação por fatores logísticos que fortaleceram o preço pago ao produtor em boa parte do ano e pressionaram a rentabilidade dos laticínios.

Em 2012, o setor de alimentação animal prevê incremento na ordem de 2,7% e produção de 5,2 milhões de toneladas de ração, diante do estímulo à produção de leite, redução dos preços pagos ao produtor e continuidade na importação de lácteos.

SUINOCULTURA

A quantidade de carne suína exportada em 2011 recuou mais de 4% por conta da valorização do real no primeiro semestre e dos embargos comerciais. O mercado doméstico absorveu 180 mil toneladas a mais, e o consumo per capita superou os 15kg. O aumento no custo de produção determinado pela valorização expressiva dos insumos da alimentação estabeleceu um ritmo acelerado no abate de matrizes e, sobretudo, animais mais leves. Esses fatores pressionaram o preço do suíno vivo pago ao produtor e desestimularam aumento do plantel. Acompanhando a tendência de estabilidade, a indústria de alimentação animal produziu 15,4 milhões de toneladas de ração em 2011 e projeta entregar a mesma quantidade em 2012, embora a intensificação dos embarques para a China e a abertura dos mercados do Japão e Coréia do Sul possa imprimir maior ritmo à produção de carne suína.

CÃES E GATOS

A produção de alimentos para cães e gatos avançou 5% em 2011 e alcançou quase 2,2 milhões de toneladas, enquanto o varejo faturou cerca de R$ 10 bilhões nesse ano em alimentos para cães, gatos, pássaros exóticos e peixes ornamentais. Cerca da metade dos cães e gatos brasileiros são alimentados com produtos industrializados, embora esse segmento já represente 8% do mercado pet global estimado em mais de US$ 80 bilhões. A contínua ascensão das classes sociais com aumento consistente da renda dos brasileiros e a nítida constatação da ampliação do exercício da posse responsável permitem à indústria de alimentação animal projetar produção de 2,3 milhões de toneladas em 2012, ou seja, um aumento de mais de 6%.

PEIXES E CAMARÕES

A demanda da piscicultura em 2011 foi de 500 mil toneladas de rações, representando crescimento de 33%, em resposta à crescente produção continental. O segmento marinho, por sua vez, revelou-se bem menos produtivo por conta da carcinicultura que regrediu às 71 mil toneladas, impactada negativamente pelos desafios sanitários, embargos comerciais, redução global dos preços, burocracia do licenciamento ambiental e a indústria impossibilitada de investir apropriadamente em tecnologia e sistemas de cultivo mais produtivos e sustentáveis. Em resposta, o consumo de rações para camarões recuou quase 17% e encerrou 2011 com apenas 70 mil toneladas. A perspectiva da indústria de alimentação animal para 2012 é produzir 560 mil toneladas de rações para peixes e 75 mil toneladas de rações para camarões.