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Plano Safra 2021/22

Líder de mercado, Banco do Brasil vai ofertar R$ 135 bi no Plano Safra 2021/22

O montante, recorde, é 31% maior que o do ciclo que chegará ao fim na semana que vem

Líder de mercado, Banco do Brasil vai ofertar R$ 135 bi no Plano Safra 2021/22

O Banco do Brasil vai ofertar R$ 135 bilhões em crédito rural no Plano Safra 2021/22. O montante, recorde, é 31% maior que o do ciclo que chegará ao fim na semana que vem, e segue o ritmo do crescimento do agronegócio e da economia do país projetado pela instituição, a despeito de efeitos – ainda intangíveis – da crise hídrica.

O aumento também é justificado pelo apetite dos produtores. Nesta safra, o desembolso vai chegar a R$ 115 bilhões, o maior da história do banco, que lidera o ramo de crédito rural com fatia de 54%. No ano passado, a projeção do banco era emprestar R$ 103 bilhões, mas os meses de abril, maio e junho surpreenderam, com o melhor desempenho da história do banco. No período, foram emprestados R$ 35 bilhões.

O movimento foi impulsionado pelos resultados da colheita recorde de soja e pela expectativa de aumento de juros em 2021/22. A linha de pré-custeio financiou R$ 12 bilhões, quase o dobro dos R$ 6,5 bilhões de 2020. Os números sustentam o otimismo do presidente do BB, Fausto Ribeiro, que mantém no horizonte a previsão de avanços do PIB brasileiro de 5,8% em 2021 e 2,2% em 2022.

“Nesse cenário de grande demanda por alimentos, o Brasil será o grande celeiro. Independentemente do crescimento pontual da taxa de juros [no Plano Safra], não vai ser empecilho algum para que a gente possa ampliar a oferta de crédito. E também não vai afastar a demanda por parte dos agricultores”, afirmou Ribeiro ao Valor. Os recursos para investimentos devem aumentar 20% na safra que começa em 1º de julho.

Ele lembrou que o agronegócio está capitalizado e que as adversidades climáticas atuais, com um possível agravamento da crise hídrica, não geram “risco substancial para a carteira de crédito” e que qualquer tipo de complicação é “perfeitamente administrável para o governo”.

Mesmo com a concorrência maior, com a entrada da Caixa e mais quatro bancos na operação dos recursos equalizados, o BB quer elevar para 60% o “share” no mercado de crédito rural em 2021/22. A meta, segundo Ribeiro, é ampliar a carteira dos atuais R$ 200 bilhões para R$ 250 bilhões até o fim de 2022.

“A briga vai ser boa. Não sei quem vai perder ‘market share’. Mas a gente vem muito forte para manter, proteger nossa base e até ampliar. O banco já tem um papel consolidado no agronegócio (…) Temos tranquilidade de dizer que não faltará recursos e continuaremos a ser o principal banco da agricultura brasileira”, diz Fausto Ribeiro.

Com a concorrência maior, o BB vai reduzir o spread para garantir competitividade. O banco apresentou duas propostas ao Tesouro, ambas com recuos no Custo Administrativo e Tributário (CAT) das operações de crédito rural, o que deve baratear o empréstimo aos produtores e amenizar o impacto da alta de juros no Plano Safra. “As taxas ainda são consideradas baixas”, ponderou Ribeiro. A carteira de pequenos produtores chegou a R$ 46 bilhões.

Ele garante que o BB está preparado para expandir a presença no agronegócio, segmento responsável por um terço do portfólio geral do banco. A disputa pelos clientes no setor deve se concentrar em “novos entrantes”, aposta o presidente, como os 15% de produtores que ainda não acessam crédito rural, nos cálculos do BB, e nos novos investidores que estão apostando no “boom das commodities”.

O desafio, segundo Ribeiro, é buscar um funding “mais barato” para atender às demais vertentes do segmento. Para isso, a estratégia é atuar em todas as frentes, para ampliar as fontes de recursos, e ainda mais perto do produtor, aproveitando a capilaridade e a expertise no segmento para ampliar a base de clientes.

Parte significativa da composição desse “mix de recursos” continua nos recursos controlados, com ou sem subvenção. Dos R$ 135 bilhões que serão ofertados em 2021/22, 90% têm juros pré-fixados. A fatia dos títulos do agronegócio têm crescido. A emissão de Cédulas de Produto Rural (CPR) e Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) cresceu 15% em 2020/21, para R$ 6,3 bilhões aplicados. O BB também estuda a estruturação do primeiro Fundo de Investimento nas Cadeias Agroindustriais (Fiagro).