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Praticamente repetindo os resultados do ano passado, a indústria de produtos veterinários deve fechar o ano com um faturamento estimado em US$ 640 milhões.

Redação AI (Edição 1107/2003) – A indústria brasileira de produtos veterinários deverá apresentar resultados similares aos verificados em 2001. A acentuada variação cambial

Faturamento
ANO    US$ MILHÕES
1997  856,8
1998  861,7
1999  674,3
2000  771,5
2001  636,6
2002  640,0*
Fonte: Sindan. *Estimativa.

verificada ao longo do ano e a conseqüente desvalorização do real mais uma vez foi o principal fator a comprometer o desenvolvimento do setor em 2002. Trabalhando quase que em sua totalidade com insumos importados, a escalada da moeda americana trouxe severos reflexos para o setor que, com o aumento dos preços de seus produtos, viu o mercado se retrair. “A disparada do dólar foi terrível para o setor, que importa parcela importante de matérias-primas e até produtos acabados. Sem dizer que num ano difícil para nossos clientes, os produtores rurais, não foi possível repassar os aumentos de custos para os preços, com reflexos na rentabilidade”, afirma Emílio Carlos Salani, presidente do Conselho de Administração do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan). Somente no período de janeiro a outubro a desvalorização do real foi de 62%. Segundo Salani, nesse cenário as empresas do setor precisaram ser “mais agressivas comercialmente” para vender mais em reais. “Mas mesmo assim o resultado em dólar ficou prejudicado”, diz.

Principais classes de produtos
Parasitários – 42%
Biológicos – 26%
Antimicrobianos – 14%
Farmacêuticos – 7%
Outros – 11%
Fonte: Sindan.

A forte crise pela qual atravessam setores importantes da pecuária nacional, como a avicultura e a suinocultura, também acabaram prejudicando o desempenho da indústria brasileira de produtos veterinários. “O segmento de produtos veterinários é considerado insumo. Isso significa que os avicultores, suinocultores e pecuaristas investem mais e melhor em saúde animal na medida em que a remuneração pelo frango, ovos, carne suína e carne bovina seja atrativa”, explica Salani. “Infelizmente, a avicultura e a suinocultura terminarão o ano de 2002 em uma situação não muito favorável. Essa realidade faz com que os produtores invistam o essencial na prevenção de enfermidades e adiem os investimentos que podem ser postergados. Trata-se de uma decisão econômica, até de sobrevivência mesmo”, completa. O Sindan estima uma retração de 10% das vendas nos segmentos, em virtude da redução dos gastos com medicamentos preventivos. Juntos, os segmentos avícola e suinícola respondem por cerca de 25% do faturamento total do setor.

Faturamento – Quinto maior mercado do mundo, a indústria veterinária brasileira tem seu faturamento estimado para este ano em cerca de US$ 640 milhões. Praticamente o mesmo registrado no ano anterior que foi de US$ 636,6 milhões. Portanto, longe de repetir o desempenho de anos anteriores quando o setor ultrapassou a marca dos US$ 850 milhões em faturamento. “Com esse resultado, o Brasil permanece entre os cinco maiores mercados de produtos para saúde animal no mundo, embora a expectativa deveria ser outra, já que o País detém o maior rebanho bovino do planeta, é o segundo maior produtor de frango e importante produtor de carne suína e de leite”, avalia.

Participação por atividade
Bovinos – 56%
Avicultura – 15%
Suinocultura – 9%
Pequenos Animais – 13%
Eqüinos – 4%
Outros Animais – 3%
Fonte: Sindan.

Assim como nos anos anteriores, a avicultura continua sendo o segundo maior cliente da indústria da saúde animal no Brasil. Embora conserve sua posição, o segmento avícola diminuiu sua participação nas vendas passando dos 19% registrados em 2001 para 15% este ano. O segmento de maior participação ainda é o da bovinocultura (corte e leite) com 56%. Mantendo os índices de crescimento de anos anteriores o segmento de pequenos animais (pet) assinalou este ano uma participação de 13%, ultrapassando a suinocultura, que em 2002 registrou queda em sua participação passando dos 10% verificados no ano passado para 9% neste ano. Os outros segmentos juntos somam os 7% restantes da comercialização das linhas de produtos veterinários no País.

No que se refere à classe de produtos, os antiparasitários, com uma participação de 42%, continuam a encabeçar a lista de produtos mais comercializados no mercado brasileiro. No segundo lugar do ranking estão os produtos biológicos (vacinas) que em 2002 registraram uma participação de 26%. Os antimicrobianos ocupam a terceira colocação, assinalando uma participação de 14%. A quarta posição é ocupada pelo produtos farmacêuticos com uma participação de 7%.

Emílio Salani: “Alta do dólar e o fraco desempenho de alguns setores da pecuária nacional prejudicaram os resultados do setor”

Uma das principais dificuldades enfrentada pelo setor nos últimos anos, a lentidão no processo de registro e licenciamento de novos produtos junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), parece estar pelo menos parcialmente solucionada. Segundo o presidente do Sindan, a média mensal de liberação de produtos melhorou bastante durante o ano de 2002. Salani destaca a parceria entre a entidade e o Mapa no esforço de acelerar o processo de liberação dos novos medicamentos. “A equipe do Ministério responsável pela análise dos processos tem se empenhado muito para agilizar os registros”, afirma. “De nossa parte, estamos assessorando nossos associados, especialmente as pequenas e médias empresas, a elaborar da melhor maneira possível os processos. Com isso, os registros estão mais ágeis”, pondera. Embora ainda não tenha dados suficientes para precisar o números de processos de registros enviados ao Ministério este ano, Salani destaca que há atualmente registrado no Mapa mais de seis mil produtos para saúde animal, sendo que perto de quatro mil já são comercializados.

Projeções para 2003 – O Sindan aposta num cenário melhor para a indústria veterinária brasileira no próximo ano. De acordo com Salani, o discurso do novo governo remete a uma melhor distribuição de renda, fato que, em sua opinião, significa melhores condições de compra para a população brasileira, principalmente de alimentos. “No início do Plano Real, a comercialização de produtos de origem animal, o frango especialmente, aumentou  e com isso toda a cadeia da produção foi beneficiada. Nosso setor é parte da cadeia produtiva de alimentos e, portanto, seria beneficiado pelo aumento do consumo e, consequentemente da produção. Esperamos sinceramente que o governo Luis Inácio Lula da Silva caminhe nesse rumo”, comenta. A expectativa do setor, segundo Salani, é de que o novo governo faça as reformas necessárias e suficientes para ativar a economia gerando empregos e consequentemente alavancando o consumo de proteína animal. “Acreditamos que o novo presidente e seu governo criem condições de distribuição de renda para as pessoas poderem se alimentar melhor e o consumo de proteínas animais aumentar”, afirma.  “É o que esperamos. Com isso, o segmento de produtos para saúde animal deve ser beneficiado. Também contamos que o dólar permaneça estável para não exigir   mais arrocho das empresas que importam matérias-primas”.

A nova cara do Sindan

O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) passou por significativas mudanças em 2002. A entidade optou por uma nova estrutura, a partir da adoção de um Conselho Administrativo, que passou a comandar a instituição em  junho deste ano. A nova forma de gestão do Sindan significa uma mudança radical na maneira de gerenciar a entidade. Desde sua fundação em 1966, a entidade patronal contava com uma diretoria executiva, com um conselho fiscal e um conselho consultivo, que funcionava como órgão orientador da política da entidade e também no aconselhamento das linhas gerais de comportamento ético no mercado veterinário brasileiro. A posse do novo Conselho de Administração, composto por 21 membros, marca também a saída do médico veterinário Nelson Antunes, que durante 24  anos esteve à frente do sindicato. Para Emilio Carlos Salani, presidente do Conselho de Administração do Sindan, ao adotar a gestão colegiada o sindicato assinala o fim de um ciclo de realizações e um novo ponto de partida. “Estamos completando seis meses à frente do Sindan. Realmente, muito já foi feito, a começar pela maior integração da entidade à cadeia da produção animal”, afirma. “O Sindan está muito mais atuante junto às autoridades e sentando-se à mesa com associações de classe para discutir e defender interesses comuns”. Segundo ele, a mudança na estrutura administrativa da entidade democratizou a tomada de decisões. “O Sindan está participando ativamente de eventos, marcando presença, assumindo responsabilidades. É muito cedo ainda para fazer um balanço, mas estamos mais ativos e participativos, sem dúvida. E isso é positivo para a indústria”, diz.