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Nutrição em climas quentes

As altas temperaturas são um dos maiores responsáveis pelas baixas de desempenho nas criações de frangos durante os meses de verão. Confira o artigo contendo os principais tópicos do tema abordado no Workshop Latino-Americano sobre Nutrição de Aves e Suínos promovido pela Ajinomoto.

Redação AI 06/07/2001 14:55 – Do dia 18 a 20 de Junho, a Ajinomoto Biolatina promoveu o Workshop Latino-Americano sobre Nutrição de Aves e Suínos, no Mabu Thermas e Resort em Foz do Iguaçu no extremo oeste do Paraná. O evento contou com a participação de mais de 100 técnicos representando 52 empresas respondendo por volta de 70% da produção de aves e suínos da América Latina. Durante três dias os participantes estiveram em contato com palestrantes de reconhecido papel na produção animal do Brasil, dos Estados Unidos e Europa, abordando temas de interesse do setor.

Investindo em pesquisas em nutrição protéica, há três décadas, a Ajinomoto, reuniu grandes nomes, como Jean Noblet, que desenvolveu o conceito de Energia Líquida, Horácio Rostagno, responsável pelo desenvolvimento das Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos, Juarez Donzele da Universidade Federal de Viçosa, Jes Callessen nutricionista especialista em suinos na Dinamarca, Colin Fisher do Reino Unido, Michael Kidd da Universidade de Mississipi, James Usry e David Burnham da Ajinomoto Heartland, trazendo os mais recentes avanços técnicos em nutrição energética e protéica, os dois nutrientes mais custosos das formulações, de forma bastante prática e aplicável às condições brasileiras.

Neste artigo está resumido os principais tópicos direcionados aos produtores de aves. Os trabalhos na íntegra, tanto da sessão de suínos quanto de aves, podem ser acessados no endereço eletrônico www.lisina.com.br .

Nutrição em Climas Quentes

Apesar de todos os investimentos em instalações e equipamentos, as altas temperaturas, associadas à umidade no clima em nosso País, são os maiores responsáveis pelas baixas de desempenho nas criações de frangos durante os meses de verão. Em “Nutrição em Ambientes Quentes”, Kidd apresenta vários trabalhos onde a suplementação da ração e da água de bebida com vitaminas hidro (vit C) e lipossolúveis (A, D e E) é eficaz para frangos criados em condições de estresse calórico. Além disto, suplementos como bicarbonato de sódio e cloreto de potássio na água de bebida sob calor alteram positivamente a taxa de crescimento mediada pelo aumento do consumo de água. No entanto, é na nutrição energética e protéica onde podem ser vistos resultados mais palpáveis.

O grande problema associado ao calor é que as aves reduzem o consumo. Desta forma, pode ser vantajoso permitir que as aves consumam nutrientes mais críticos para o crecimento durante períodos de estresse por calor. O aumento do consumo de nutrientes fornece nutrientes extras para a deposição de tecido depois que as exigências para a dissipação do calor são satisfeitas.

Níveis de energia mais altos via aumento da gordura dietética resulta em respostas benéficas. O aumento da gordura dietética melhora o desempenho dos frangos pela redução do calor metabólico e aumento da água metabólica associada com a digestão de gordura. Ainda, em condições de estresse calórico é importante a manutenção do equilíbrio entre aminoácidos, sem excessos. Noblet também relata a relação entre proteína bruta e fibra dietética e incremento calórico. Segundo Kidd, uma abordagem interessante seria a redução protéica com correto ajuste dos aminoácidos nas dietas para frangos em estresse calórico.

Redução Protéica

Outro fator que faz com que os nutricionistas busquem a redução protéica das rações é o custo destas fontes para frangos de corte. A utilização de aminoácidos industriais tem seu papel neste desafio. Relatando achados de pesquisa, Kidd cita Nakajima et al. (1985) que alimentaram frangos de 21-65 dias e obtiveram mesmo resultado zootécnico de frangos alimentados com dieta com 16% PB suplementados com lisina, metionia e treonina, quando comparados à dieta com 19% PB. Entretanto, ainda há uma certa inconsistência nos resultados. O metabolismo intermediário dos aminoácidos é complexo e necessita de mais estudos para viabilizar a redução protéica. Normalmente, em dietas a base de milho-soja, o terceiro aminoácido limitante para frango passa a ser a treonina, sendo que a partir da sua suplementação, a Isoleucina, a Glicina ou a Arginina talvez se tornem o determinante do mínimo de PB na formulação por custo mínimo.

A redução protéica em nutrição de frangos, apesar da redução de custo, gera a preocupação de haver piora do desempenho e efeitos negativos sobre o rendimento de carcaça. Nesta linha Burnham apresenta dados onde foram determinados os efeitos de dietas de baixa proteína bruta com incorporação de L lisina, DL metionina e L treonina. Trabalhando com dietas a base de milho, farelo de soja e farinha de carne, sendo a redução da PB de 22 até 20,5% do 1 aos 18 dias; redução de 21 até 19,6% dos 19 aos 34 dias, e redução de 19,7 até 18,2 % dos 36-48 dias, mantendo os demais nutrientes inalterados, este pesquisador não observou efeito(P>0,1) da redução protéica sobre as variáveis de desempenho ou características de carcaça. Na Tabela 1 é apresentado uma recomendação de níveis de proteína bruta de vários autores que estiveram participando neste workshop, existindo uma certa amplitude de valores nesta recomendação. Na prática, o nutricionista deve levar em conta também a redução do custo da formulação para determinar o nível mais adequado para sua realidade.

Estas abordagens só estão sendo possíveis a partir do conhecimento mais preciso dos ingredientes. O professor Rostagno, com sua experiência didática, apresentou uma excelente revisão das metodologias para determinação da digestibilidade de nutrientes. A partir dos valores de digestibilidade dos aminoácidos dos diferentes ingredientes, é possível a melhoria na eficiência de utilização dos alimentos e aumento na precisão das fórmulas de ração, sem excessos .

Conclusão

Na prática, a recomentação é que o nutricionista que estuda a restrição protéica em frangos de corte deve manter os níveis de lisina e outros aminoácidos em patamares adequados, observando, também, outros nutrientes, como a colina e balanço eletrolítico. Ainda, deve basear-se em achados de pesquisa que utilizam dietas-teste semelhante às suas; tenha sempre atualizados os preços de seus ingredientes; conheça e controle a composição digestível destes ingredientes, e a partir dos objetivos da empresa, determinar os níveis de exigência.

por Marcos Fraiha, Gerente Técnico, Ajinomoto Biolatina.

Os trabalhos na íntegra estão disponíveis nos Anais do Workshop Latino-Americano sobre Nutrição de Aves e Suínos, e pode ser acessado no site www.lisina.com.br.