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Comentário avícola

O inverno e o estresse térmico, uma combinação perigosa!

Por Eva Hunka – Médica Veterinária, MSc em Medicina Veterinária Preventiva<br /><br /> 

Estamos em pleno inverno, e o frio pode parecer o grande vilão do momento, mas, com tanta tecnologia, isso não deveria ser mais um problema, concordam?

No inverno, os países tropicais como o Brasil, enfrentam um grande desafio, e errou quem pensou que este desafio é o frio. Nesta época do ano, nós temos um grande desvio de temperatura, as diferenças entre a temperatura máxima e mínima podem variar mais de 10ºC em um mesmo dia, o que exige um manejo adequado do aquecimento e resfriamento do galpão. Muitas vezes a falha de manejo promove o superaquecimento das aves e podemos ter estresse calórico em pleno inverno.

Este estresse acontece com maior intensidade nas criações de poedeiras comerciais, que, via de regra, são alojadas em galpões menos tecnificados que os frangos de corte. A temperatura corporal de uma poedeira é cerca de 40ºC e uma temperatura ambiente ideal para estas aves seria em torno de 18 a 25ºC, quando a temperatura se eleva, ou mesmo baixa substancialmente, temos consequências deste estresse térmico.

Estudos mostram uma redução maior que 30% na conversão alimentar e produção de ovos em aves submetidas a estresse térmico, além de uma redução maior que 3% no peso do ovo. Concomitante às perdas zootécnicas, este fator pode provocar queda na imunidade das aves, favorecendo o aparecimento de sinais clínicos, principalmente respiratórios, além de uma alteração na interação patógeno-hospedeiro, onde, muitas vezes, patógenos que não causariam dano as aves passam a se tornar patogênicos. Podemos citar as salmonelas e a E. coli, ou até mesmo a tão pouco comentada Campylobacter, como bons exemplos.

Aves ofegantes tendem a produzir ovos de casca fina pois isso promove um desequilíbrio ácido-base metabólico e se a respiração não for eficaz, a temperatura da ave aumenta, o que pode levar o animal a óbito por estresse calórico.

Todos os cuidados de manejo para evitar estes desvios de temperatura e consequente estresse térmico, como controle de ventilação, umidade, densidade, etc devem ser tomados, porém a redução na carga de patógenos dentro da granja colabora para evitar o aparecimento de doenças intercorrentes e também de agentes oportunistas.

Um estudo realizado no México, demonstrou que, poedeiras vacinadas com vacina viva contra E. coli, tiveram uma mortalidade significativamente menor que as não vacinadas submetidas às mesmas condições de estresse térmico. Provavelmente pelo fato da E. coli ser um patógeno oportunista e estar frequentemente envolvido em casos de infecção secundária, principalmente nos casos de doença respiratória.

Nesta época de inverno, não podemos baixar a guarda! Precisamos manter os cuidados com o manejo, biossegurança e sanidade da granja, ficar de olho nos resultados e sempre buscar ajuda de profissionais especializados para obter as soluções mais efetivas.