O setor produtivo de proteína animal terá ainda um ano de muitos desafios em 2022, enfrentando a volatilidade de mercados e preços característicos dos últimos tempos, mas com oportunidades potenciais, que podem se abrir principalmente no cenário internacional.
Os grãos arrefeceram um pouco os seus preços – e boa expectativa em torno da safrinha de milho – abre um horizonte de melhora nos custos no segundo semestre. No entanto, não são apenas os custos que estão elevados, na ponta oposta o produtor vê o preço pago na entrega dos animais bem deprimido. Um resultado, em partes, o excedente de oferta de carne no mercado interno frente à perspectiva existente de expansão das vendas internacionais.
Com um ciclo mais curto de produção, a avicultura tem maior flexibilidade para se ajustar ao mercado, seja em momentos de crescimento ou redução. No entanto, o ano começou bem para as exportações avícolas. O primeiro bimestre registrou crescimento em volume de 13% em relação a igual período do ano passado. A receita cambial apresentou avanço de 33,9% em igual comparação. No entanto, a desvalorização do Real frente ao Dólar pode impactar na competitividade do produto brasileiro, assim como na rentabilidade das indústrias exportadoras.
O mercado global também pode proporcionar novas janelas de oportunidades ao Brasil. A Guerra na Ucrânia trará impactos para os custos de produção, principalmente no mercado de grãos e fertilizantes. Por outro lado, a avicultura ucraniana responde por algo em torno de 10% das exportações avícolas mundiais. Envolvida no conflito com a Rússia, sem poder atender a sua fatia de mercado, o Brasil pode vir a ocupar esse espaço, ainda que parcialmente.
Os casos de Influenza Aviária também podem indiretamente possibilitar novos avanços nas exportações. Ocorrências nos Estados Unidos – importante player avícola – e na Europa podem levar o avicultura do país a não só ampliar embarques de carnes, mas também de material genético, o que já vem ocorrendo, já que o país não tem registro dessa enfermidade.
No cenário doméstico, a inflação e desemprego tem pressionado o consumo. Mas, sendo o frango a proteína mais barata, ficando atrás apenas do ovo, ela pode se beneficiar, avançando ainda mais sua liderança em consumo per capita. Por outro lado, este é um ano eleitoral, com um pleito que deve gerar uma série de instabilidades, o que pode se refletir negativamente na economia.
Para a avicultura será realmente um ano de oportunidades e desafios, mas sem clareza sobre o qual terá tido vantagem quando 2022 terminar. Esperamos que as oportunidades se mostrem mais efetivas.
Uma boa leitura!
Humberto Luis Marques
Editor Avicultura Industrial