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Sul

Paraná eleva exportações de ovos em 35%

Apesar da alta, as vendas externas não chegam a 2% do total da produção de<br />ovos no Estado; faturamento chegou a US$ 22,8 mi em 2021

Paraná eleva exportações de ovos em 35%

O Paraná registrou elevação de 35,2% no volume exportado de ovos e derivados em 2021 em comparação ao ano anterior, saltando de 4.732 para 6.328 toneladas. O faturamento, por sua vez, cresceu 42,8% no período – de US$ 15,9 milhões em 2020 para US$ 22,8 mi em 2021. Os dados são do Agrostat Brasil, base de dados online do Ministério da Agricultura.

“O faturamento cresceu mais que o volume exportado em função do aumento nos custos de produção”, analisa Tohoru Furukawa, presidente da Apavi (Associação Paranaense da Avicultura).

Ele cita como exemplo o aumento dos custos do milho, insumo essencial na produção de ovos. “Uma carga de milho de 15 mil kg em 2019 custava R$ 7,5 mil. Em 2021, chegamos a pagar R$ 29 mil, e hoje a mesma carga está em R$ 24 mil. A alta atingiu todos os insumos, como farelo, vitaminas, medicamentos etc.”, lista.

Por outro lado, os preços dos ovos pagos aos produtores não acompanharam os custos.

“Trata-se de um produto perecível e infelizmente não industrializamos, bem como não exportamos o necessário. Com isso, instalou-se a tempestade perfeita no setor, com custos elevados e preços abaixo, com grandes prejuízos, chegando ao fechamento de granjas e redução significativa do plantel”, resume.

Representatividade

Apesar da alta, as exportações de ovos e derivados são muito baixas em relação à produção total. No Paraná, quase a totalidade da produção abastece o mercado interno e as exportações não chegam a 2% do total – em território nacional esse percentual alcança 4%.

“Infelizmente não conseguimos destaque nas exportações de ovos e derivados, mas acredito numa mudança rápida pelas oportunidades que vão surgindo”, projeta o presidente da Apavi.

Roberto de Andrade Silva, veterinário do Deral (Departamento de Economia Rural), explica que os itens que compõem o complexo ovos remetidos à exportação incluem os ovos férteis destinados à incubação, os ovos frescos com casca, ovos cozidos e secos, gemas frescas e cozidas e a ovoalbumina.

“Os itens mais representativos são os ovos férteis destinados à incubação e os ovos frescos com casca”, pontua o técnico do órgão ligado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento.

Interna 

O presidente da Apavi destaca que a demanda interna por ovos hoje no Paraná está aquecida, muito em virtude da alta registrada no preço das outras proteínas animais, como a carne bovina, por exemplo.

“Assim como no Brasil e no mundo, a demanda por ovos no Paraná é crescente, incentivada pelos benefícios que o ovo proporciona e a utilidade em quase tudo, como bolos, bolachas, macarrão, vacinas, doces etc.” Além disso, há tempos foi afastada a propaganda enganosa que o ovo era considerado um vilão à saúde por provocar colesterol, por exemplo. “Hoje o ovo está presente em 95% dos lares brasileiros e seu consumo já está acima de 250 ovos per capita/ano, com
tendência a aumentar por conta da busca crescente por alimentos saudáveis.”

Variedade chama atenção nos mercados

A variedade de ovos chama atenção nos mercados atualmente. O mercado brasileiro dividiu os ovos em quatro tipos: convencional na gaiola, livres de gaiolas, caipiras e orgânicos.

Conhecido como ovo da granja, o ovo convencional é o mais produzido e consumido, de maneira que as galinhas são criadas dentro das gaiolas, nos barracões. As aves criadas fora de gaiolas (ou cage free), por sua vez, têm liberdade para ciscar, andar, empoleirar e bater asas, dentro dos barracões. Dentro dessa categoria estão os ovos caipiras e orgânicos, sendo que os animais não recebem rações que contenham proteínas de origem animal.

No caso de ovos caipiras, as galinhas livres de gaiolas podem ser criadas fora ou de maneira mista em barracão com acesso a áreas externas. Suas rações são preparadas com ingredientes de origem vegetal, mineral e sem hormônios.
Sobre os ovos orgânicos, as galinhas têm acesso ao ar livre e recebem uma alimentação com grãos orgânicos – nada de suplementos químicos ou antibióticos.

Todos os ovos orgânicos vendidos possuem certificações, garantindo que sua produção também considera os aspectos sociais e ambientais. “As diferenças dos ovos praticamente estão na alimentação das galinhas e no modo de produção. O caipira tem mais betacaroteno que os da granja, por exemplo. Os orgânicos em geral não recebem suplementos químicos ou antibióticos, só quando necessários e prescritos. É importante frisar que todo ovo é rico em nutrientes e seu consumo vai fazer bem para a saúde”, explica o presidente da Apavi.

Com relação a esses ovos especiais, Tohoru Furukawa explica que eles têm um custo mais alto de produção que o convencional e, consequentemente, os preços são maiores.

“Quanto maior o consumo, os preços desses ovos especiais tendem a cair. Além disso, novas tecnologias estão sendo empregadas com pesquisas, sendo que a produtividade vai a cada dia melhorando e chegando perto dos patamares dos ovos convencionais, fazendo com que os preços também sejam mais acessíveis. Com o tempo, os preços dos
vários tipos de ovos tendem a se equilibrar e se adequar ao mercado consumidor.”

No Brasil, já existem várias redes de supermercados que não comercializam mais ovos a não ser livres de gaiolas, caipira e orgânicos, bem como redes de fast food e restaurantes que fazem questão de frisar que somente usam ovos de galinhas livres de gaiola.