Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Pneumonia Asiática (Exclusivo)

Pesquisadores acreditam que o vírus mutante da gripe (influenza) originou-se da coabitação do homem com aves e suínos, criando perfeitas condições para a mutação viral.

Da Redação 28/04/2003 – O Dr. Carlo Urbani, cientista da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi o primeiro a alertar sobre a existência da Pneumonia Asiática em Hanoi, Vietnã. Acabou sendo vitimado pela doença em 29 de março de 2003, por meio do contágio direto em atendimento a paciente infectado. Pneumonia Asiática tem sido o nome usado para os quadros da Síndrome Respiratória Aguda Grave (do inglês: Severe Acute Respiratory Syndrome SARS) que vem preocupando as autoridades de saúde de todo o mundo, explica o veterinário e professor da Unicamp, Edir Nepomuceno. Somente nos meses de março e abril de 2003, casos suspeitos da doença já foram notificados pela OMS em 25 países. Até 23 de abril, foram notificados 4.631 casos com 251 mortes; com índice de mortalidade de 5,5%. Desses, 87,8% ocorreram na Ásia (China e Hong Kong), seguidos por Cingapura (4,4%) e Canadá (3,3%), incluindo dois casos suspeitos no Brasil.

Nepomuceno revelou aos sites Avicultura Industrial e Suinocultura Industrial, que outro efeito econômico imediato da doença está sendo sobre o turismo. Departamentos de Saúde de todo o mundo advertem para que a pessoas evitem, neste momento, viajar a Hong Kong, Guangdong, Pequim, Província Shanxi (na China) e Toronto, no Canadá.

Rastreabilidade da epidemia Segundo o veterinário, há indicações de que a doença tenha se originado na província de Guangdong, no sul da China, em novembro de 2002. De lá, um professor de medicina infectado trouxe o vírus para Hong Kong, hospedando-se no Hotel Metrópole, onde vários outros hóspedes acabaram contaminando-se e contraindo a doença. Nestas regiões da China, a gripe (influenza) é epidêmica todo o ano, em função da densidade populacional, clima e hábitos de vida. Em outros países, as gripes comuns ocorrem entre julho e agosto no Hemisfério Sul e, imediatamente antes do Natal, nos países do Hemisfério Norte, diz.

Nepomuceno ainda explica que nas gripes chinesas, há quem prove que o vírus da influenza faz mutações em animais – particularmente em aves -, rompendo a barreira das espécies. Por conta da gravidade do problema da SARS, a OMS coordenou um trabalho de 13 laboratórios de 10 países, identificando, em tempo recorde, o agente como sendo um vírus da Família Coronaviridae uma forma mutante do Coronavírus responsável pelo resfriado humano comum -, denominando-o de vírus SARS.

Nestes casos, também, pesquisadores acreditam que este mutante originou-se da coabitação do homem com aves e suínos, criando perfeitas condições para a mutação viral. Há testes em andamento para ver a susceptibilidade de aves e suínos ao vírus. Pesquisadores da Universidade de Hong Kong disseram que a presença de uma nova seqüência genética do genoma viral (que é única) prova que o vírus veio de animais, informa.

Coronavírus – O nome Coronavírus foi dado em função da presença de projeções do envelope que dão um aspecto de coroa solar à partícula viral, visto à microscopia eletrônica. Os Coronavirus podem ser encontrados infectando várias espécies de aves: galinhas, perus, avestruzes; sendo espécie-específica, ou seja, cada espécie de aves tem seu vírus próprio. A doença é mais estudada e conhecida em galinhas, tendo sido diagnosticada pela primeira vez em 1930, nos Estados Unidos. Nas galinhas, a doença é conhecida como Bronquite Infecciosa (BIG), embora, além dos sinais respiratórios, o vírus multiplica-se e provoca lesões, também, no trato digestivo, rins e oviduto. A BIG tem alta transmissibilidade aérea e, hoje, é de ocorrência mundial. Devido à sua importância na produtividade das aves, vacinas têm sido empregadas na sua prevenção desde 1940. Desde o princípio dos estudos da doença, notou-se a grande habilidade de mutação do vírus, com o aparecimento de novos sorotipos que interferem com os programas de vacinação.

Porém, ressalta Edir Nepomuceno, as atuais condições de exploração avícola, particularidades climáticas e hábitos alimentares, colocam o Brasil bem distante da possibilidade de as aves serem reserva de multiplicação e mutação desses vírus para o homem.