Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Mercado Interno

Produtores do interior de São Paulo reclamam dos altos custos com a produção de aves

Criadores de aves para corte apontam dificuldades com baixo reajuste da agroindústria

Produtores do interior de São Paulo reclamam dos altos custos com a produção de aves

Apesar da alta demanda interna pela carne de frango e a exportação do produto, que atingiu bons índices no mês passado, avicultores avaliam os altos custos com a produção e a necessidade de remuneração maior paga pela agroindústria. O impacto com o aumento da energia elétrica, que demanda maior gasto para a manutenção dos aviários, além de elevado custo com equipamentos e matéria-prima, não estão fechando a conta, reclamam os avicultores.

“Nosso custo com a produção de aves está muito alto e as indústrias sempre apresentam a mesma tabela de remuneração para o preço da carne de frango. A energia elétrica, 20% mais cara no último mês, e os custos com a manutenção de equipamentos e de matéria-prima usados para o aquecimento das aves têm sido inviável para a avicultura de corte”, disse o produtor rural Antônio César Gorgatto.

Na produção de 150 mil aves e com quatro granjas instaladas em Jaci, César diz que os reajustes praticados – abaixo do esperado – e estão impactando a produção. “Em 2021 aumentou tudo e a nossa entrega de aves para o frigorífico não acompanha essa valorização. Pedimos reajuste de 10%, mas tivemos apenas 4% de reajuste na remuneração”.

Nas tabelas de preços que remuneram o avicultor, César explicou que os preços não acompanham a elevação do custo com a produção. “Se recebemos entre R$ 0,80 e R$ 0,90 por ave, esse preço deveria ser de R$ 1,20 ou R$ 1,30 por ave”, revela. “Infelizmente estamos trabalhando no prejuízo, fechando as contas no vermelho”, acrescentou o produtor.

O avicultor de Rio Preto Murilo Gil afirma que atualmente há um acompanhamento mais de perto entre produtores e frigoríficos, o que possibilita verificar melhor os preços praticados no mercado e o faturamento das agroindústrias. “Hoje os produtores têm bom embasamento para acompanhar as negociações de preços, por isso estão mais atentos aos custos e benefícios para a produção avícola”.

Murilo diz que os custos com energia elétrica, com aumentos entre 20% e 25% estão impactando muito a produção de aves na granja, que exige o funcionamento de energia elétrica 24 horas do dia para o alojamento dos frangos de corte. “O produtor continua ganhando o mesmo valor apesar dos reajustes do preço da carne de frango nos supermercados. Vimos o aumento da commodity, mas não há reajuste para nós que produzimos o frango, e isso já vem há pelo menos seis anos”, destacou Murilo.

Para Murilo, o último reajuste de 4% ainda não foi suficiente para minimizar todos os custos com a produção de frango de corte. “Não que estejamos no pior cenário, mas nosso ganho ainda está muito impactado por estes custos”. Os custos ainda são altos, segundo Murilo, com o aquecimento das aves e com a matéria-prima que dobrou de preços, como a lenha e o pellet utilizados nos fornos.

Exportações têm alta
 
De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações brasileiras de carne de frango (considerando in natura e processados) totalizaram, em julho, 424,4 mil toneladas. O patamar atingido é 16,4% superior ao alcançado no mesmo período de 2020, quando foram exportadas 364,6 mil toneladas da proteína. A ABPA avaliou ainda que este é o melhor resultado mensal de 2021 e o terceiro maior da história do setor produtivo da avicultura de corte.

As vendas de carne de frango, em receita, totalizam em julho US$ 739,2 milhões, resultado 48,4% superior ao alcançado em julho de 2020, com US$ 498,2 milhões. O último registro de receita mensal de exportações do setor acima de US$ 700 milhões foi em julho de 2018. “Com mercados de alto valor agregado ocupando os primeiros postos entre os principais destinos, houve uma forte elevação no resultado final das vendas de julho, com impacto direto no saldo do ano. Neste contexto, houve o natural repasse dos custos de produção, que tem impactado os preços da proteína animal não apenas do Brasil, mas também no mercado internacional”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Santin disse também que diversos polos de produção enfrentam altas históricas nos custos de produção, principalmente pela alta do milho e da soja. “Se por um lado vemos os custos de grãos dobrarem no comparativo anual de diversas praças, por outro verificamos uma alta nos preços dos alimentos, que não conseguem, contudo, acompanhar o aumento dos custos.” (CC)

Frio impõe cuidados
 
As baixas temperaturas de inverno deste ano, atípicas na região de Rio Preto, trouxeram mais preocupações pelo fato de a produtividade das aves diminuir nos dias de frio mais intenso. “Na avicultura, principalmente nas primeiras semanas de vida da ave, as necessidades de aquecimento são um dos maiores cuidados para o bom desempenho”, disse o avicultor Renato Martins.

Os preços com a matéria-prima utilizada no aquecimento das aves tiveram muita elevação em 2021. O preço do pallet custava R$ 590 a tonelada e agora custa R$ 890. A lenha, usada no forno de aquecimento, custava R$ 50 o metro cúbico e agora Renato paga R$ 110.

Manter um bom manejo de inverno, que minimize os custos com a produção é a orientação do especialista em frango de corte e ambiência da Cobb-Vantress na América do Sul, José Luís Januário. “É muito importante estar atento a um aquecimento adequado das matrizes na fase inicial da recria porque seus efeitos estão diretamente relacionados com a uniformidade do lote e, consequentemente, com a produtividade.