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Comentário Avícola

Quando apaga, quem paga? - por Odacir Klein

Impressionam as notícias informando sobre os prejuízos decorrentes da falta de energia elétrica e consequentemente de luz na cadeia avícola.

Quando apaga, quem paga? - por Odacir Klein

Quem redige um artigo para publicação normalmente não tem ideia de qual o universo de seus leitores.

A impressão é de que, quando se trata de veículo específico e vinculado a um setor, os leitores são de um círculo restrito.

É frequente a repercussão do artigo em outros sites ou mesmo veículos de imprensa tradicionais.

Seguidamente pessoas – inclusive representantes do governo, tanto da administração direta como indireta – se referem aos artigos, quando nos encontram.

Diante disto, escrevo este texto sabendo que não estarei informando nada de novo a quem atua na área da produção de proteínas animais. No entanto, diante da diversidade de leitores, parece-me importante transmitir considerações para esclarecimento de quem – como eu, até que buscasse as informações – não conhece profundamente as consequências dos “apagões” na criação de animais, principalmente aves.

Impressionaram-me as notícias informando sobre os prejuízos decorrentes da falta de energia elétrica e consequentemente de luz, nos setores mencionados.

Para inteirar-me do assunto, contatei com o presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos Mário Lanznaster, que me indicou o engenheiro agrônomo Luis Carlos Farias, coordenador das atividades correspondentes na mencionada central de cooperativas para passar mais informações.

Repasso-as, com enfoque na avicultura. 

  • Ø Quando há falta energia, os comedouros não são ativados, podendo faltar ração nos pratos. 
  • Ø Os ventiladores e nebulizadores, essenciais para manter as aves em zona de conforto térmico, não funcionam, fazendo com que haja mortalidade altíssima e perda de desempenho nos lotes. As máquinas de aquecimento também não funcionam, fazendo com que pintinhos pré-alojados passem frio, mesmo em dias de temperatura elevada. 
  • Ø No inverno, se falta luz, o aquecimento é prejudicado, pois não há iluminação. Também a máquina de aquecimento é movida por um motor elétrico.  
  • Ø No verão, é maior o problema, pois temperaturas elevadas por algumas horas já são suficientes para causar mortalidade acentuada nos lotes de frangos. A base de funcionamento do sistema para redução de temperatura interna dos aviários é elétrico. A falta gera consequências significativas. 
  • Ø Além da falta de energia frequente em algumas regiões, também há problemas de demanda, onde a capacidade instalada é superior à energia que chega aos aviários. Isto provoca problemas no funcionamento dos equipamentos. Em horas de pico, apenas parte pode ser mantida em operação. 
  • Ø Quando os lotes estão com mais de 30 dias, em períodos de temperatura elevada, o prejuízo é expressivo. Muitas vezes o avicultor chega a perder todo o lote em poucas horas, devido ao estresse calórico e as aves que sobrevivem perdem peso e consequentemente o resultado é insatisfatório.

Os “apagões” causam prejuízos não apenas para os avicultores, para a indústria, mas para toda a economia regional, com reflexos na geração de empregos, na receita pública e até no volume de exportações.

Diante disto, às autoridades responsáveis pelo setor incumbe envidar todos os esforços para evitar tais ocorrências. Como, no entanto, elas podem acontecer, é importante desenvolver programas de financiamento a custos baixos e longo prazo para que os próprios criadores dos animais tenham condições de adquirir equipamentos como, por exemplo, pequenos geradores ou outros que possam mitigar os catastróficos reflexos de tais situações.

Minha avó dizia que nos lembramos de rogar aos santos na hora do temporal. Prever é necessário.

O investimento público, resultado de consistente planejamento, é imprescindível. O financiamento às instalações privadas, com custos compatíveis, devem também ser objetivo estratégico.