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Regiões Brasileiras (parte 2)

Esta reportagem pretende apresentar a participação de cada Estado brasileiro no montante da produção avícola nacional. E mais, mostrar o que cada região tem de melhor para alavancar a atividade e as suas particularidades.

Ceará

Com sua base produtiva estruturada no sistema
independente, a produção avícola cearense está atual-mente voltada para o abastecimento do próprio Estado.

O Estado do Ceará possui hoje uma avicultura pouco tecnificada, com produtores que trabalham no sistema independente, voltados totalmente ao abastecimento do mercado local. Durante o ano passado, o Estado produziu 140 mil toneladas de carne de frango e 75 milhões de dúzias de ovos comerciais. Embora pequena e pouco desenvolvida, a atividade avícola é bastante significativa para o Ceará. Responsável pela geração de cinco mil empregos diretos e cerca de 20 mil indiretos, a avicultura cearense também ocupa o primeiro lugar no ranking de produção de alimentos do Estado. “A avicultura é uma atividade extremamente expressiva no Ceará. Atualmente ela representa 30% do PIB agropecuário estadual”, afirma José Alberto Costa Bessa Júnior, presidente da Associação Cearense de Avicultura (Aceav). Para Bessa, questões como o clima favorável, a capacidade instalada de seu parque avícola e os índices zootécnicos dos plantéis são algumas das vantagens que o Estado oferece à produção avícola.

Com cerca de 24 produtores de frangos de corte e aproximadamente 16 produtores de ovos comerciais, o Ceará conta com um plantel estimado em 7,2 milhões de aves de corte e 2,9 milhões de poedeiras comerciais. Uma particularidade dos produtores cearenses é que uma parte deles se dedica tanto à avicultura de corte quanto à de postura.

Porém, o nível de desenvolvimento da avicultura cearense ainda é muito pequeno e em certos aspectos até precário. Para se ter uma idéia, o Estado ainda não conta com programas ou mecanismos efetivos de controle sanitário que garantam a segurança aos plantéis. “Não há ainda uma política definida no Estado no que se refere à questão sanitária”, revela o presidente da Aceav.

Operam atualmente na região três frigoríficos industriais de pequeno porte, predominando a comercialização do frango abatido durante a venda. “Cerca de 90% da produção avícola local se destina a micro abatedouros de bairro, o chamado frango abatido na hora”, explica.

Uma das maiores dificuldades da avicultura local é o fato de o Estado não produzir o milho e a soja necessários para atender a demanda de seus plantéis. Distante dos centros produtores de grãos, o alto custo dos fretes é outro entrave para o desenvolvimento da avicultura cearense. “Necessitamos resolver urgentemente nossa deficiência no abastecimento de grãos”, comenta Bessa. “Neste caso, o sorgo tem se apresentado com uma grande alternativa e a Aceav tem desenvolvido um projeto pioneiro de parceria com produtores locais no plantio de sorgo granífero”, completa. Por outro lado, o Ceará é o Estado que conta com mão-de-obra e terras mais baratas para a pecuária, em comparação às outras regiões do País. Entretanto, segundo o presidente da entidade, o Estado não recebe nenhum tipo de incentivo do governo para a instalação de novas empresas avícolas. “As ações do atual governo estadual privilegiam a política industrial”, diz Bessa.

Bahia

A avicultura baiana vem obtendo avanços significativos desde 1997, com o início da instalação dos primeiros frigoríficos industriais no Estado.

A avicultura baiana produziu no ano passado 120 mil toneladas de carne de frango e 1.250.250 caixas (de 30 dúzias) de ovos. A atividade avícola vem obtendo avanços significativos no Estado desde 1997, com o início da implantação dos primeiros matadouros e frigoríficos industriais, principalmente na micro região de Feira de Santana, como fez a Avipal. A empresa está ampliando a capacidade de abate de frangos de 60 mil para 120 mil aves por dia. A previsão é para daqui dois anos abater 250 mil aves por dia.

A Bahia possui hoje cerca de 380 granjas dedicadas à avicultura de corte e 10 granjas de postura. “Entre as atividades agropecuárias do Estado a avicultura ocupa a segunda posição”, comenta Otávio Oliveira de Carvalho, presidente da Associação Baiana de Avicultura (ABA). Para ele, as condições climáticas favoráveis, a abundância dos recursos naturais como grande quantidade de água e extensão de terras, a existência de meios de transporte terrestre e fluvial e infra-estrutura portuária, além da crescente evolução da produção de grãos na região oeste do Estado, são algumas das vantagens competitivas que a Bahia oferece à produção avícola.

Com sua base produtiva estruturada no sistema de integração a avicultura baiana conta hoje com a atuação de grandes agroindústrias, entre elas Avipal, Avigro, Gujão e Capebi. Segundo dados da ABA, existem hoje cerca de 350 granjas integradas que são responsáveis por 80% do total de carne de frango produzido na Bahia. O modelo do sistema de integração utilizado no Estado funciona dentro dos padrões nacionais, ou seja, a agroindústria fornece aos seus integrados as aves, assistência técnica, produtos veterinários, insumos, premix, e recebe as aves terminadas. Já o integrado entra com as instalações, mão-de-obra, além de arcar com os custos de água e energia elétrica. Para Carvalho, questões como assistência técnica e principalmente a garantia na comercialização das aves faz do sistema de integração a melhor alternativa para o pequeno e médio produtor avícola baiano. De acordo com ABA, a avicultura do Estado está inserida no Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), o que lhe confere um status sanitário satisfatório. “A situação sanitária avícola do Estado é muito boa”, afirma Carvalho.

Pernambuco

Pequena, mas em pleno desenvolvimento, a avicultura pernambucana tem sua base produtiva estruturada no sistema de integração.

A avicultura é uma atividade significativa e em pleno desenvolvimento em Pernambuco. O Estado conta hoje com 1339 produtores dedicados à avicultura de corte e 31 à avicultura de postura. Em 2001, o setor abateu 41,7 milhões de aves. Nos últimos anos, a atividade avícola vem registrando um bom índice de crescimento. “A avicultura é bastante importante para o Pernambuco. Trata-se de uma atividade que vem crescendo e se desenvolvendo ao longo dos últimos anos”, afirma Nilo César Dias Santiago, secretário executivo da Associação Avícola de Pernambuco (Avipe). Segundo dados da entidade, o Estado conta hoje com granjas distribuídas em praticamente todos os seus municípios.

O segmento avícola também desempenha um importante papel na geração de emprego e renda no Estado. Segundo estimativas da Avipe, o setor é responsável por 126 mil postos de trabalho diretos e indiretos. A avicultura representa 26% do PIB agropecuário estadual e 1,89% do PIB geral pernambucano.

A base produtiva da avicultura de corte pernambucana está estruturada quase que em sua totalidade no sistema de integração. Aproximadamente 90% da produção de carne de frango do Estado é efetuada pelo do sistema. Dos 1339 produtores dedicados à avicultura de corte, 1292 trabalham no sistema de integração e apenas 47 são independentes. Para Santiago, o sistema de integração é a melhor alternativa para o produtor pernambucano. “O avicultor independente não consegue competir com os custos das integradoras e tem muitas dificuldades na comercialização”, avalia. “O modelo de integração funciona muito bem aqui no Estado. É uma operação onde todos ganham”, completa. Segundo ele, a rentabilidade obtida pelo integrado é satisfatória. “O integrado recebe cerca de R$ 0,20 por ave e tem uma despesa na ordem de R$ 0,10 por cada uma”, revela.

Pernambuco possui cinco abatedouros industriais com inspeção federal e um com inspeção estadual, todos capacitados ao abate de aves. O Estado conta ainda com a atuação de pequenas, médias e grandes indústrias avícolas. Pavene Agroindustrial, Mauricéa Alimentos do Nordeste, Notaro Alimentos, Seletto Alimentos do Nordeste, Novos Alimentos, Agropecuária Serrote Redondo e Avicil Avícola estão entre as principais empresas avícolas.

Exportação e status sanitário –  De acordo com a Avipe, a principal desvantagem da avicultura pernambucana é a sua total dependência da região Centro Oeste para o abastecimento de milho e soja. “Estamos iniciando um projeto para o plantio do sorgo granífero e do girassol de Pernambuco, pois esta será uma das alternativas num futuro próximo para o nosso Estado e para toda a região nodestina”, diz Santiago.

No que se refere ao aspecto sanitário, o secretário acredita que o Estado possua uma boa condição sanitária, dentro dos padrões exigidos e sem o registro de nenhuma ocorrência que possa ser considerada grave. “Temos aqui uma baixa concentração de aves por região e não enfrentamos desafios de ordem sanitária”, afirma o secretário da Avipe. Uma amostra do bom status sanitário de Pernambuco foram as 300 toneladas de carne de frango exportadas durante o ano passado pela empresa Notaro Alimentos para países do Oriente Médio.

A avicultura pernambucana também recebe o suporte das principais empresas da cadeia avícola em todos os seus segmentos. “Em 2001, Pernambuco foi o 5 maior produtor brasileiro de ovos e o 7 na produção de carne de frango, portanto é um mercado potencial para qualquer empresa fornecedora”, acredita Santiago.

Pará

O Estado pede mais incentivos, principalmente para a produção e armazenamento de grãos, para manter a avicultura como a segunda maior atividade agropecuária.

A avicultura ocupa posição de destaque no cenário produtivo no Estado do Pará. Embora não acompanhe o índice de crescimento de outras regiões do Brasil, a avicultura paraense está em incremento crescente. “Aqui, grande parte da produção de frangos de corte é realizada no sistema de integração, que vem crescendo a cada ano”, diz Mário Lucena, zootecnista e proprietário da empresa Slave Representações. Segundo ele, a avicultura é a segunda maior atividade do setor agropecuário do Pará.

O segmento de avicultura de corte paraense tem hoje capacidade de alojamento mensal de 3,8 milhões de aves, em aproximadamente 300 granjas. Já  o segmento de postura comercial abriga um plantel em torno de 600 mil aves, distribuídas em aproximadamente 30 granjas.

De acordo com Lucena, a marca regional de maior destaque é a Frango Americano, produzida pelo Grupo Y. Watanabe, em moderno parque industrial localizado em Santa Izabel do Pará. Outras marcas produzidas no Estado são a Frango Selleto, de Santarém; a Frango Modelo, de Altamira; e a Frango Sólon, de Benevides.

Ainda de acordo com o zootecnista, o Estado não abriga nenhuma empresa de genética ou produtora de equipamentos, nutrição e medicamentos para aves. “As empresas de equipamentos que atuam de forma efetiva no Estado estão aqui por meio de representantes e distribuidores”, explica Lucena. “O mesmo acontece com os laboratórios e as empresas de nutrição animal. Certamente que o empresário que desejar se instalar no Estado do Pará receberá todo o apoio necessário, quer seja dos municípios ou dos órgãos estaduais”.

A conjuntura econômica dos últimos dois meses teve reflexo direto no abastecimento dos insumos para a avicultura local, mais significativamente nos preços do milho e da soja. De acordo com Lucena, o preço do quilo do frango vivo hoje no Pará é de aproximadamente R$ 1,54 (granja) e a caixa de ovos brancos é comercializada a R$ 31,00 (caixa com 360 ovos).

Atrativos – O Estado do Pará oferece como oportunidade para o empresário avícola a facilidade na obtenção de excelentes áreas agrícolas ou rurais em diferentes pólos ou micro-regiões, sem problemas com obtenção e captação de água potável e com clima favorável à exploração da atividade. A disponibilidade de grãos (milho e soja) está sendo vista com muito otimismo no cenário produtivo local, em função do aumento de áreas de plantio e dos níveis de produtividade obtidos.

O único entrave para a atividade agrícola e agropecuária no Pará é o das vias de acesso (estradas vicinais) que, em função das fortes chuvas no período de janeiro a junho, ficam praticamente intransitáveis. “Porém, a malha viária do Estado vem passando por uma completa reformulação, com a construção de novas estradas, tanto no âmbito municipal como estadual”, explica o zootecnista. “No âmbito federal, acreditamos que o asfaltamento da rodovia Santarém/Cuiabá e da rodovia Transamazônica, mudarão definitivamente o mapa do cenário de produção agropecuária do Pará”.

Segundo ele, a questão ambiental ainda não é problema para a avicultura paraense, por não haver grande densidade de produção em nenhuma área ou município. “De qualquer forma, sabemos que as empresas integradoras estão atentas para o cumprimento das principais normas de controle”. Lucena ainda aponta o que poderia ser feito para melhorar a atividade no Estado:

1- Um incremento na produção de grãos com a criação de uma estrutura de armazenamento;

2- A desburocratização do credito agrícola, com linhas específicas para financiar a compra de grãos e para modernizar a atual estrutura de produção existente, tendo a maioria das granjas paraenses mais de 10 anos de operação.