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Retrospectiva

Veja como estava a situação da avicultura brasileira há 30, 20 e 10 anos.

Redação AI (Edição 1107/2002) – Os arquivos da revista Avicultura Industrial, que conta com 94 anos de atuação no mercado, estão abertos para você. Acompanhe esta interessante viagem no tempo e analise o crescimento do setor avícola brasileiro em seus segmentos de corte, postura e exportação.

Anuário Avícola 1973

Esta foi a primeira edição do Anuário inteiramente dedicada à avicultura. Anteriormente, ele abrangia diversos segmentos agrícolas e pecuários, circulando como Anuário Agropecuário e Avícola. A capa representava a direção que a editora estava concretizando para esta publicação: a de trabalhar integralmente com a cadeia produtiva avícola.

Frangos de corte – O ano terminava com a preocupante falta de milho e soja para o mercado avícola. Entidades do setor alertavam ao governo federal a necessidade de adotar medidas urgentes para solucionar a questão. Com o milho nas mãos de poucos, o preço atingia patamares elevados. Em contrapartida, o avicultor não via seu produto acompanhar a ascensão dos preços da matéria-prima. Durante o ano, o frango conseguiu algumas cotações melhores, mas isto foi temporário. Na matéria, a revista destacava negativamente que, apesar de sua industrialização, a avicultura não possuía um planejamento nem a médio ou a longo prazo, atrelando sua produção só às necessidades momentâneas do mercado.

Postura – Foi um ano difícil para o produtor de ovos. Ele também enfrentou problemas com os altos preços do milho e nem a normal queda de produção, observada após o verão, serviu para elevar a cotação de seu produto. Os melhores valores pagos pelo ovo ocorreram em março, quando somou-se menor produção e nova demanda gerada pelo fim das férias, além da festa de Páscoa. Outra alta veio em julho, mas já era tarde demais para diversos produtores, que abandonaram a atividade. A chegada do final de ano ajudou na elevação das cotações do ovo, mas a revista alertava: “Por quanto tempo, não se sabe”.

Anuário Avícola 1983

A capa desta edição prestou uma justa homenagem ao veterinário José Maria Lamas da Silva, que completava 50 anos de vida e 25 de dedicação à avicultura. O professor Lamas foi responsável por inúmeras pesquisas avícolas, conquistando reconhecimento internacional com seu trabalho. Em 1993 todo o setor avícola ficaria de luto com sua morte.

Frangos de corte – A crise que teve início no final de 1980, e perdurou pelo ano seguinte, deu uma trégua em 1982 com a estabilização do setor, que reduziu sua produção. As causas desta crise foram o baixo consumo e a superprodução. O editorial da revista alertava que “é necessário que todos entendam que, quando o mercado respira um pouco aliviado, é sinal de que ele conseguiu uma estabilização que não deve ser prejudicada”. A Apinco destacava a ociosidade da produção de pintos de corte, que chegava próximo dos 25% e previa para 1983 um crescimento de 2,5% a 4% no consumo interno de carne de frango.

Postura – O ano não foi bom para os produtores de ovos. Na tentativa de incentivar o consumo, foram investidos cerca de Cr$ 8 milhões (Cruzeiros) numa campanha publicitária. O dinheiro veio do Fundo da Bolsa de Ovos da Associação Paulista de Avicultura (APA). O diretor superintendente da Avesp, José Marcello Sandoli, declarou na época que “a situação da avicultura em São Paulo está desarticulada, há falta de entendimentos entre os seus vários segmentos”. No primeiro semestre de 1982, o Brasil exportou 221 mil caixas de ovos, número inferior ao ano anterior. O então presidente da APA, Roberto Sato, afirmou que uma das alternativas para o setor seria a exportação de ovos líquidos.

Exportação – O Brasil exportou de janeiro a outubro de 1982 cerca de 249 mil toneladas de carne de frango congelada, um aumento de 6,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar do aumento da exportação, a receita caiu 16,9%. Entre os motivos estavam as altas taxas de juros do mercado internacional e a desvalorização das moedas européias frente ao dólar. Claúdio Martins, da Abef, indicava que a exportação não poderia ser encarada como a única solução para o mercado de frangos no Brasil. Ele já pregava um melhor planejamento para o crescimento da produção interna e campanhas para aumentar o consumo, uma forma de a  avicultura se livrar das constantes crises.

Anuário da Avicultura e Suinocultura Industrial 1993

As edições de Avicultura Industrial e Suinocultura Industrial voltaram a ser uma única revista em abril de 1989. Desta nova fase, esta era a quarta edição do Anuário tratando das duas atividades. Elas voltariam a se separar novamente, em publicações distintas, em maio de 1995. A capa apresenta o crescimento da produção brasileira de frangos, ovos e suínos, em ilustração de Mario Hisao.

Frangos de Corte – O consumo per capita de carne de frango chegava a 17,5 kg e a produção batia um novo recorde, atingindo a casa dos 2,8 milhões de toneladas. Mas o ano não deixou saudades para o segmento. O então superintendente da Associação Nacional dos Abatedouros Avícolas (Anab), Marcello Sandoli, afirmava que rentabilidade foi prejudicada, com abatedouros fechando alguns meses no vermelho e o lucro, quando houve, foi muito apertado. Seguia o fortalecimento da indústria em oferecer diversificações de seu produto como nuggets, empanados e cortes que atendiam melhor ao gosto do consumidor brasileiro.

Postura – O setor de ovos conseguiu aumentar em 4% sua produção em relação a 1991, chegando a 39,4 milhões de caixas de 30 dúzias. Durante o ano, houve uma queda no plantel de poedeiras. No início de 1992 eram 60 milhões de aves, no final do ano este número caiu para uma média de 58,3 milhões. O setor começava a respirar mais aliviado após a crise que começou em 1987, quando na euforia do Plano Cruzado houve um aumento desenfreado da produção, levando à quebra de vários produtores. Dados da UBA apontavam um consumo de 90 ovos/hab/ano. Para ampliar o consumo, a Promovos iniciava uma campanha publicitária de US$ 1 milhão, com duração prevista para 14 meses, visando atingir um consumo de 120 ovos/hab/ano.

Exportação – O Brasil registrava um crescimento das vendas e receitas obtidas com o comércio internacional. Foram embarcadas cerca de 360 mil toneladas, o que gerou aproximadamente US$ 420 milhões ao País. A Abef acreditava que o desempenho poderia ter sido ainda melhor caso não tivesse que enfrentar preços menores do produto francês e americano, obtidos com o auxílio de programas de incentivos à exportação. As empresas brasileiras também tiveram que enfrentar uma sobretaxa imposta pela Comunidade Econômica Européia (CEE), taxando em mais de US$ 400 a tonelada do frango brasileiro. O Brasil se preparava para formular queixa junto ao Acordo Geral de Comércio e Tarifas (Gatt).