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Saúde animal

Saiba tudo sobre a pulorose; doença pode trazer grandes prejuízos aos avicultores

Mapa estabelece abate de núcleos de planteis reprodutores portadores da bactéria, como medida para evitar sua disseminação

Saiba tudo sobre a pulorose; doença pode trazer grandes prejuízos aos avicultores

Apesar de a Salmonella Pullorum (SP), causadora da pulorose, já ter sido observada em diversas partes do território nacional, quer seja em aves comerciais ou em aves livres, são poucos os casos notificados em granjas avícolas comerciais. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio do Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), estabelece o abate de núcleos de planteis reprodutores portadores da bactéria, como medida para evitar sua disseminação. Nesse sentido, é importante conhecer as características das aves afetadas pela bactéria. O tema é um dos mais pesquisados pelos leitores da Avicultura Industrial e a redação procurou o médico veterinário Angelo Berchieri Junior, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), para entender quais são as principais características dessa doença.

Angelo Berchieri Junior, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), fala sobre as principais características da pulorose

A pulorose pode acometer aves de qualquer idade, mas a doença clínica é comum em aves nas primeiras semanas de vida e deve-se à infecção precoce, ainda no ovo, no início da vida no nascedouro. Aquelas infectadas após alguns dias de vida, geralmente, não desenvolvem a doença clínica. A doença é grave. A mortalidade na progênie é grave, dependendo do status de portador do plantel reprodutor, afirma o pesquisador da Unesp. Segundo ele, a doença também recebeu outros nomes, como septicemia fatal dos pintinhos e diarreia branca. “Tais denominações refletiam o quadro apresentado pela enfermidade”, explica Berchieri.

Na primeira década do século passado, o setor avícola constatou a importância da transmissão vertical do agente e, logo depois, de sua persistência em aves sobreviventes. “O desenvolvimento do teste de aglutinação em tubos (Jones, 1913) para detectar portadores deu início ao sucesso na prevenção da pulorose”, conta o pesquisador. Segundo ele, após adaptações o teste de pulorose é realizado até hoje “com bastante sucesso, em granjas de aves reprodutoras”. Quando realizado em 100% do plantel, no início da vida reprodutiva, atinge grandes margens de sucesso na prevenção da disseminação da doença. Os hospedeiros naturais para S. Pullorum são as galinhas, comenta Berchieri.

O incubatório tem importante participação na disseminação da bactéria, quando ovos contaminados são incubados. Em criatórios de aves ornamentais, onde podem ser incubados ovos de várias espécies, há risco de transmissão cruzada. No passado, perus foram infectados devido a incubação conjunta com ovos de galinhas.

 

RECONHECENDO OS SINAIS CLÍNICOS DA AVE AFETADA

A pulorose é considerada uma doença de animais jovens, acometendo as aves principalmente nos primeiros dias de vida, resultante de transmissão transovariana. Aves mortas ou moribundas podem ser observadas no incubatório ou logo após a eclosão. Entre os sintomas das aves infectadas, descreve o pesquisador da Unesp, estão sonolência, fraqueza, perda de apetite, retardo no crescimento, amontoamento, material branco ao redor da cloaca, consequência de diarreia branca a branco-amarelada e a morte viria a seguir. Esses sinais, no início da vida, são passiveis de confusão com outras enfermidades.

O pico de mortalidade acontece durante a 2ª e 3ª semana de vida. Nestas circunstâncias, as aves mostram cansaço, amontoam-se ao redor da fonte de aquecimento, ficam com as penas arrepiadas e asas caídas. O acometimento dos pulmões torna difícil a respiração. As aves sobreviventes podem apresentar empenamento ruim e retardo de crescimento. Cegueira, claudicação, devido a inflamação das articulações tíbio-társica e húmero-radial, e sinovites são sintomas menos frequentes que já foram observados. Os animais que passaram pela enfermidade podem apresentar desenvolvimento abaixo dos padrões considerados normais”, diz o professor da Unesp.

No entanto, o pesquisador ressalta que muitas das aves de vida longa sobreviventes conseguem recuperar o desenvolvimento esperado para os padrões da linhagem. Algumas aves que se recuperam serão portadoras assintomáticas e eliminarão a bactéria em seus ovos durante o período de postura.

 

OS SINTOMAS EM AVES ADULTAS

“Em aves adultas surtos podem provocar queda no consumo de ração, penas arrepiadas, crista pálida e retraída. A infecção por S. Pullorum provoca queda de postura, diminuição na fertilidade e na eclodibilidade. No entanto, a percepção destes sinais estará na dependência da quantidade de aves afetadas, podendo passar despercebidos. Os animais poderão apresentar diarreia branco-amarelada a amarelo-esverdeada, depressão e desidratação”, conta Berchieri.

 

NÃO HÁ TRATAMENTO E DESCARTE PRECISA SER EFICIENTE

De acordo com Angelo Berchieri Júnior, não se deve tratar lotes afetados pela pulorose, conforme o Plano Nacional de Sanidade Aviária (PNSA). Ou seja, os planteis de aves reprodutoras portadoras de Salmonella Pullorum, com manifestação clínica ou não, devem ser eliminados.

“Por se tratar de uma bactéria Gram-negativa, há alguns antimicrobianos que possuem algum efeito sobre Salmonella. Contudo, nenhum tratamento antimicrobiano tem ação satisfatória, de modo que a recomendação é seguir as normas do PNSA e caprichar no manejo sanitário das propriedades avícolas”, destaca o pesquisador.