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Crédito Rural

"Sei que os produtores talvez tenham ficado decepcionados" com o Plano Safra, diz ministra

Tereza Cristina reconheceu que a expectativa no campo era por maior corte de juros

"Sei que os produtores talvez tenham ficado decepcionados" com o Plano Safra, diz ministra

“Eu sei que os produtores rurais talvez tenham ficado um pouco decepcionados achando que os juros pudessem cair mais”, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, durante transmissão ao vivo nesta tarde, ao comentar as taxas do crédito rural do Plano Safra 2020/21, anunciado a quarta-feira.

O lançamento coincidiu com o novo corte na Selic, q baixa histórica de 2,25% – o que deu combustível para críticas de parte do setor produtivo que terão alíquotas acima, entre 2,75% e 7,5% para custeio e investimento.

“Quando você olha a taxa Selic e olha a taxa de juros praticadas no Plano Safra, algumas pessoas falam que podia ter caído mais. A taxa Selic é de referência do Banco Central e os bancos não aplicam o dinheiro nessa taxa”, destacou. A ministra explicou que a definição dos juros do crédito rural controlado não está ligada unicamente à taxa básica, mas leva em conta outros custos de captação desse dinheiro e os spreads bancários. “O plano ficou razoável dentro desse novo normal”, disse.

A ministra destacou que seguirá em negociação para tentar reduzir os custos dos bancos para operacionalizar o crédito rural, mas expôs uma “decepção” com a falta de interesse de instituições privadas em operar os recursos da subvenção – novidade aprovada na chamada MP do Agro. “Foi uma decepção que bancos privados não entraram na demanda por subvenção. Com isso, o Banco do Brasil fica sozinho com as cooperativas de crédito”, declarou. O Banrisul e o BRDE foram os únicos que sinalizaram interesse.

Tereza Cristina explicou que a crise da covid-19 atrapalhou o planejamento do governo para este ano. “Esperávamos equalizar juros menores, porque os juros de mercado cairiam, mas veio a pandemia e a aversão ao risco ficou maior”, contou. “O mercado fica muito inseguro e se retrai. Ter dinheiro tem, mas não está disponível”.

A ministra acredita que a redução aplicada nas taxas de juros do recurso controlado vai forçar uma acomodação nas alíquotas praticadas de forma livre no mercado. “O recurso oficial para equalizar juros baliza o mercado. Se a pandemia não tivesse chegado, íamos ter taxas menores”.

Ela reforçou que o setor precisa se consolidar como uma opção segura de investimento para atrair novas fontes de recursos com melhores condições. “Precisamos mostrar que o agronegócio pode ser um porto para esses investidores, fundos e várias ferramentas financeiras que tem. Talvez seja a hora do agronegócio mostrar que é um bom negócio investir nele”.

Tereza Cristina também sinalizou que o volume do orçamento do seguro rural vai continuar crescendo e que o governo mostrou “sensibilidade” e “prestígio” ao setor com a alocação de recurso extra de última hora para equalização de juros. “Houve um esforço de caixa do governo muito grande, mesmo com a parte fiscal muito fragilizada. O caixa do governo não era propício para fazer um Plano Safra muito maior do que esse que nós chegamos”.