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Sem antibióticos

A produção de frangos de corte sem a utilização de antibióticos foi tema abordado pela veterinária da Perdigão, no VI Simpósio Goiano de Avicultura.

Redação AI 19/04/2004 – Um dos maiores desafios para veterinários, zootecnistas e, sobretudo, nutricionistas envolvidos na cadeia produtiva avícola é adequar o sistema produtivo à não utilização dos tradicionais antibióticos promotores de crescimento. Desde a segunda metade da década de 90, vários países importadores de carne de frango, principalmente os europeus, vêm aumentado as exigências quanto à utilização desse tipo de substância na avicultura.

A restrição no uso de antibióticos promotores de crescimento na produção de frangos de corte foi o tema abordado pela  veterinária sanitarista da Perdigão Agroindustrial S/A, Patrícia Tironi Rocha, no VI Simpósio Goiano de Avicultura. De acordo com ela, essa restrição foi motivada pela crescente preocupação dos consumidores com relação à segurança alimentar. “Acredita-se que a administração contínua de antimicrobianos aos animais pode induzir o desenvolvimento da resistência bacteriana e esta poderia estar relacionada com a resistência bacteriana a antimicrobianos em humanos”, explicou. Os recentes casos como a ocorrência do mal da “vaca louca” e da contaminação da carne de frango por dioxina na Bélgica em 2000, serviram para agravar essa preocupação.

Banimento europeu

Em reposta a esses problemas, a União Européia baniu, em 1999, o uso de cinco antibióticos promotores de crescimento (avoparcina, bacitracina de zinco, espiramicina, virginiamicina e tilosina). A expectativa atual é de que até janeiro de 2006 seja também proibida a utilização de mais quatro substâncias: monensina, salinomicina, avilamicina e flavofosfolipol.

Segundo Patrícia, os antibióticos são utilizados como promotores de crescimento em frangos há mais de 50 anos, trazendo grandes benefícios para a avicultura. “A utilização dos antibióticos promotores de crescimento garantiu que os resultados de desempenho evoluíssem consideravelmente, possibilitando a redução dos custos de produção e do aumento da eficiência da atividade”.

Embora o medo da resistência bacteriana tenha desencadeado essa desconfiança nos consumidores, Patrícia afirma que vários estudos dão conta de que a utilização de antibióticos promotores de crescimento na alimentação animal não oferece risco à saúde humana. “Até agora o risco de resistência cruzada ainda é um mito”, disse. “Todavia, mesmo não oferecendo risco, as diretrizes e normas estão aí e cabe a nós brasileiros cumprirmos as determinações se quisermos continuar fornecendo carne de frango para o mercado internacional”, completou.

Alternativas

Durante a sua apresentação, Patrícia analisou vários experimentos com substâncias que podem ser usadas como alternativa ao uso de antibióticos promotores de crescimento (prebióticos, probióticos, simbióticos, enzimas acidificantes herbais). No entanto, em todos eles os resultados apresentados foram inferiores quando comparados com o tratamento tradicional (ou seja, com antibióticos promotores de crescimento). “Os produtos alternativos testados em substituição aos antibióticos promotores de crescimento ainda não satisfazem completamente as aspirações das empresas produtoras de frangos de corte”, avaliou. “Os custos de produção ficam muito altos e ainda não há diferenciação em preço para frango produzido sem essas substâncias”.