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Cenário econômico

Sindirações reúne lideranças do setor de alimentação animal

Evento contou com a presença de empresários do segmento para discutir o cenário econômico e político do País, além dos desafios estratégicos para o setor.

Sindirações reúne lideranças do setor de alimentação animal

O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação (Sindirações) realizou o “Encontro de Lideranças: Riscos e Perspectivas no Brasil”, na segunda-feira (31/08), no Royal Palm Plaza Resort, em Campinas, interior paulista.  O evento contou com a presença de empresários do segmento para discutir o cenário econômico e político do País, além dos desafios estratégicos para o setor.

Na abertura do evento, Roberto Ignácio Betancourt, destacou a relevância do agronegócio no panorama econômico brasileiro. “A agropecuária é cada vez mais importante para o Brasil, e a exportação de carnes tem crescido e deve crescer ainda mais. É o crescimento do mercado de proteína animal que agrega valor à cadeia de milho e soja”, destaca. Apesar dos números positivos do setor, Betancourt alerta para os desafios futuros. “O mundo precisa da agropecuária brasileira, nossa possibilidade é brilhante e a FAO nos coloca isso, o potencial de consumo de proteína no mundo enorme. Temos de nos antecipar e romper com a rigidez do Mercosul para avançarmos nos acordos comerciais bilaterais”. O presidente reforçou que o primeiro passo neste sentido será dado com a reunião agendada entre Sindirações e a Federação da Indústria de Alimentação Animal da União Europeia.

Em sua palestra “Um roteiro estratégico para o agronegócio brasileiro”, o diretor da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, analisou o cenário macroeconômico internacional e o ambiente doméstico, destacando a conjuntura negativa, especialmente no curto prazo. “Temos crise da China com impacto nos emergentes, crise política do País, fragilidade do governo, crise macroeconômica clássica com desemprego, inflação, déficit, e crise microeconômica no caso Petrobras com impacto em toda cadeia, além dos setores energético, construção civil, automotivo e bens de capital”, alerta.

Para o economista, o empresariado deve se atentar e estar preparado para lidar com este cenário tirando proveito, na medida do possível. “Por conta do câmbio deve se reforçar linhas de exportação, investir na internacionalização e aproveitar a dificuldade de importação com eventuais oportunidades de nacionalização de produtos e componentes”, diz. “Há de se esforçar na direção da implantação das melhores práticas, redução de custos e inovação com foco em elevação da produtividade e aproveitar a força do balanço para a consolidação e aquisição de bons ativos a bons preços”, completa.

Ainda de acordo com Mendonça de Barros, o desafio do setor passa por investimentos em agricultura de precisão em busca de expressivos ganhos de produtividade, contínua integração dos sistemas produtivos (mais safras por área), evolução da rastreabilidade e adoção crescente de instrumentos de gestão e exportar produtos tecnicamente mais avançados. “É preciso alterar a pauta de exportação, sair da commodity pura para produtos mais industrializados”, comenta.

O vice-presidente executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani, abordou as perspectivas para o setor em 2015 em “Incertezas e Cautelas”. Em sua análise, baseada nos dados e informações fornecidas pelos associados, a estimativa é de crescimento em torno de 3%.  Ele ressaltou que os desequilíbrios resultantes da onda de expansão dos gastos públicos continuam retroalimentando a espiral inflacionária e minando cada vez mais a confiança dos brasileiros, desde os consumidores que gastam menos, até os empresários que cortam investimentos. O retardo na recondução da política econômica provocou estragos de grande monta e culminou na temida recessão técnica (retrocesso de 0,7% no primeiro trimestre seguido de mais outro de 1,9% no segundo trimestre), sendo que o PIB acumulado de janeiro a junho já retrocedeu 2,1% frente ao mesmo semestre do ano passado, conforme IBGE.

“Felizmente, em sentido contrário, a atividade pecuária (carnes, ovos e leite) continua resistindo à crise, uma vez que até maio já expandiu 0,41%, apesar do retrocesso de 0,48% da agricultura, conforme relatório PIB-Agro Brasil, elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/CEPEA/ESALQ/USP, com o apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil/CNA”, finalizou.

O evento ainda contou com a participação do colunista do jornal O Globo e da rádio CBN, Merval Pereira, com a palestra “Política brasileira na corda bamba”.