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"Temos condições de fazer a Rodada Doha andar", diz Azevêdo

Novo diretor-geral da OMC acredita ser possível retomar as negociações sobre o comércio internacional, que seguem sem conclusão desde 2001.

"Temos condições de fazer a Rodada Doha andar", diz Azevêdo

Desde quando foi eleito o novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), em maio, o embaixador Roberto Azevêdo tem se dedicado a participar de reuniões, debates e muitos encontros, para falar sobre as missões que terá pela frente ao assumir o seu posto, em 1º de setembro.

Para ele, um dos principais desafios que o aguardam será o de recuperar a credibilidade da organização internacional. “Gostaria que as negociações voltassem a acelerar, que a OMC recuperasse a sua capacidade de negociar, a sua relevância”, disse ele durante evento com empresários e jornalistas em São Paulo na quinta-feira, 20.

Nesse quesito, um dos principais entraves está em restabelecer negociações para solucionar questões como barreiras tarifárias e sanitárias por parte de muitos países, algo que se intensificou a partir da crise econômica de 2008. “Não há porque imaginar que uma negociação hoje é impossível quando ela era possível em 2008. Pouca coisa mudou de lá pra cá”, avalia.

Quando o assunto é barreira, o agronegócio brasileiro tem larga vivência na questão. Isso porque no passado tanto a carne bovina quanto a carne de frango sofreram embargos e mais recentemente alguns mercados se fecharem para os suínos e o suco de laranja. “O Brasil sempre foi objeto de protecionismo agrícola; isso só mudou um pouco quando as coisas por aqui desaceleraram”, avalia Azevêdo.

Um artigo escrito pelo professor Marcos Fava Neves, professor da Universidade de S. Paulo (USP), em Ribeirão Preto, aponta que o Brasil é o maior produtor de suco de laranja congelado concentrado do mundo, responsável por mais de 80% das exportações mundiais. “Esta participação só não é maior devido às proteções tarifárias impostas pelos países compradores”, revela. Em alguns países o suco de laranja brasileiro chega a ser sobretaxado em 50%, diz o texto.

A carne suína brasileira também enfrenta barreiras à exportação para alguns países como Coreia do Sul, Índia e África do Sul. Em maio deste ano, em artigo publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Pedro de Camargo Neto, então presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), afirmava que a inserção competitiva do Brasil no mercado internacional exigirá intensas negociações. “A prioridade à Rodada Doha no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) era a correta. Acordos multilaterais atendem melhor às necessidades de uma economia diversificada e complexa como a do Brasil”, escreveu ele.

E é justamente na Rodada Doha que está o foco de Azevêdo. Para o embaixador, o avanço das negociações em dezembro, quando acontecerá a nova reunião da Câmara Ministerial da rodada, em Bali, na Indonésia, é algo bastante difícil, mas não impossível. “Em Bali teremos a chance de dar o primeiro passo, acho que temos condições de obter avanços, embora o clima em Genebra seja de pessimismo”, explica.

Para ele, a reunião no final do ano será para transformar o pessimismo em otimismo, a fim de destravar as negociações que estavam previstas para acabar em 2005 e restabelecer o desenvolvimento do sistema multilateral de comércio.