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3% de crescimento

<p>Produção recorde e preço farão PIB do agronegócio crescer 3% este ano.</p>

Redação (06/06/07) – Alimentado por preços internacionais sustentados e uma safra recorde, o PIB do agronegócio deve crescer 3% este ano. A variação da renda das atividades ligadas à agropecuária "dentro da porteira" chegará a 6%, indicam estimativas divulgadas pela Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea). O cenário favorável projetado pela pesquisa CNA-Cepea está assentado nos resultados do primeiro trimestre do ano. O estudo mostrou uma elevação de 0,74% no PIB do agronegócio e de 1,49% na renda da agropecuária. Em 2006, o agronegócio cresceu apenas 0,45%, somando R$ 540,06 bilhões, e a agropecuária recuou 2,12%, para R$ 149,8 bilhões. 

Na mesma linha de otimismo, o Valor Bruto da Produção (VBP), índice que mede a receita dos 25 principais produtos do setor, cresceu 14,6% até março deste ano. 

Os dados divulgados ontem pela CNA mostram uma projeção de recuperação de R$ 17,7 bilhões no faturamento das lavouras neste ano – ou 16,8% acima do registrado em 2006 -, para R$ 121,1 bilhões. A pecuária deve crescer 11,3% e agregar R$ 7,8 bilhões ao setor, atingindo R$ 76,6 bilhões no ano. Numa análise ainda mais detalhada, é possível ver uma recomposição de 20,6% nas lavouras de grãos, especialmente na soja (21%), cana-de-açúcar (30%) e laranja (35%). No total, a agropecuária deve elevar em R$ 25,2 bilhões (14,6%) seu faturamento bruto, que passaria de R$ 172,56 bilhões para R$ 197,73 bilhões em 2007. 

As boas perspectivas esperadas pela CNA esbarram, entretanto, na redução das margens de rentabilidade derivada da valorização cambial, o aumento dos custos de produção, o endividamento do setor e as deficiências crônicas de infra-estrutura e logística do país. "Infelizmente, mais renda não significará mais dinheiro no bolso do produtor neste ano", resumiu o superintendente-técnico da CNA, Ricardo Cotta. 

Ao governo, o setor tem apresentado dados para evidenciar a situação. Levantamento coordenado pela CNA indica que a relação de troca para a próxima safra, que começa em julho, registrou uma sensível piora na comparação com a safra atual. Um exemplo: uma tonelada de fertilizante, que significou custo de 26,3 sacas de soja ao produtor de Mato Grosso nesta safra, teve seu preço elevado a 31,3 sacas neste ano. Em outro caso, o custo de um litro do herbicida glifosato subiu de 0,36 para 0,48 sacas no Rio Grande do Sul. No Paraná, um litro de fungicida passou de 2,7 para 3,11 sacas de soja. "Houve uma recuperação das margens pelas indústrias de insumos, com uma oligopolização que aumentam os custos e reduzem os lucros do produtor", diz Ricardo Cotta. 

Amparados por números como esses, entidades e lideranças ruralistas começaram uma intensa campanha de bastidores no para convencer o governo a aceitar novas prorrogações de dívidas antigas e débitos com vencimento previsto para 2007. Estima-se um total de R$ 14,4 bilhões neste ano. A bancada ruralista reuniu-se ontem à noite com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tratar do assunto. 

Os parlamentares insistem em uma moratória de 180 dias para dívidas de programas de investimentos e a suspensão das execuções judiciais pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) em operações transferidas para a União.